Cap. 56

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Hauana

"Hauana, notícia fresquinha e das melhores, o Tony.." antes que ele termine de falar eu pego o celular e ponho no ouvido rapidamente, não quero que a Kia escute essa notícia.

"Sofreu um acidente de carro, se ferrou inteiro, mas o desgraçado não morreu você acredita? Falando nisso aonde você está.." merda, jogo o celular na parede com todo o ódio que me abraça, e agora?

"Diz Hauana!" a Kia pede e eu ignoro. "Se você não disser eu mesma ligo pro Apolo." ela insiste.

"Ele tá vivo porra! Não era isso que queria Kiara? Agora pode ir lá cuidar dos ferimentos dele, inferno eu não estou nem acreditando nisso." bagunço meu cabelo inteiro e vou até meu celular, termino de pisar ele e lanço pela janela da Kiara.

"Hauana, para, por favor, você sabe o peso que isso me tirou? Que devia ter tirado de você?" ela insinua.

"Tirar o peso de mim? Você só pode estar ficando maluca garota! Como é que eu vou respirar sabendo que esse idiota pode fazer algo contigo? Você acha o que? Que ele vai te ver e te abraçar? Kiara, pessoas ruins morrem ruins e não merecem segunda chance!" aumento o tom, eu vou ficar maluca, é a segurança da Kiara que está em jogo.

"Você é uma pessoa ruim?" ela me pergunta com um olhar triste. Não me olha assim maldição.

"Responde por mim." peço.

"Não é, e merece chances, todos merecem." ela diz e assisto a forma como seus lábios me torturam. Não. Eu ainda estou fervendo. Não me movo, continuo encarando seu rosto inocente.

Kiara

Ela me encara friamente, o fato dela não ter matado ele deixa ela fora do controle, como alguém pode se sentir assim em relação a um homicídio? Essa ideia faz meu estômago rolar.

A Hauana puxa um cigarro e um isqueiro, pondo entre os dentes e acendendo.

"Não dirija uma palavra se quer a mim Kiara." ela diz fechando os olhos e puxando a fumaça.

"Sabe que não gosto de cigarros e a fumaça me faz mal."

"Eu também faço mal e você me quer, me inala o tempo inteiro." ela diz soltando a fumaça para o lado e em seguida me olhando friamente de novo.

"Não te quero quando faz o mal, se ainda não percebeu." digo e ela arqueia as sobrancelhas.

"Eu preciso sair de perto." ela diz e vai pro banheiro se trancando lá.

Caminho até ao banheiro e tento abrir, ela realmente trancou, o que ela não lembrou é que o quarto é meu e eu tenho a chave. Abro a gaveta e pego a chave e destranco o banheiro, empurro a porta e me deparo com uma cena um pouco incomum, meu coração gela, eu já vi ferimentos nela inúmeras vezes, mas agora a cena me parece um pouco mais forte. A Hauana debaixo do chuveiro, sem os curativos, e o sangue escorrendo junto com a água, ela não removeu a calça, e ela está de pé, imóvel, seu corte no pescoço me deixa mais agoniada ainda.

"Feliz agora?" ela provoca e sinto sua voz mais rouca.

"Vai continuar defendendo seus erros?" pergunto.

"Você é sem noção demais garota, quer dizer que foi um erro tentar vingar um cara que quase nos matou? Não sabe o quanto eu quero descarregar..." ela não termina a fala, apenas abaixa a cabeça deixando a água escorrer pela nuca.

"Um erro e dos grandes tentar tirar a vida de alguém, não vem com esse discurso Hauana."

"Analisa as circunstancias garota, tenta olhar a porra do meu lado, era nossas vidas que estavam em jogo, ou melhor, está, eu me culpo a cada segundo por ceder às provocações do Franklin e deixar você vulnerável pra aquele idiota, eu sou vingativa, sou fria quando preciso e acho que você já percebeu, mas acima de tudo eu sou justa." ela diz ainda de cabeça baixa.

Quando mundos colidem |ACASOS|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora