Cap. 74

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Hauana

"Luma, essa garota carrega algum tipo de diabo no corpo!" o cara grita do telefone. Se não fossem gêmeos eu saberia em quem descontar cada coisa. Como são, eu vou descontar tudo nos dois. E depois na Luma.

"Me solta aí grandão, tou com sede porra." peço pro outro cara que tá me segurando e ele me ignora.

"Não! Você pediu uma ajudinha caso ela tentasse te bater, estamos num posto de gasolina à 8 quilômetros da cidade, OITO!" seu tom sai cada vez mais alto, que agonia esse cara fazendo círculos.

"Caralho que sede, porra me dá um copo de gasolina então." estou num patamar de puro desprezo, com o celular em minhas mãos eu não preciso de mais nada.

"Não Luma, não somos inúteis, olha eu deixei bem claro que não mexia com espíritos e você me arranja uma dessas!" tou caindo de rir.

"Manda beijinho pra Luma, fala que eu guardei o presentinho dela pra dar depois, certo fofo?"

"Cala boca garota." o que está me segurando pede.

"Luma você está ferrada.." ele diz.

Está muito ferrada, eu não quero nem imaginar o que posso fazer depois daqui.

"Não tem último pedido, não era pra tomar essa dimensão e eu não quero saber se estava ou não nos seus planos. Somos do bem Luma, você sabe."

"Vocês ainda podem sair vivos mocinhos." debocho.

"Pegar o celular que está com ela?" ouço o cara falar. Fodeu.

"Depois disso eu não quero saber dessa garota mais nunca." ele bate o telefone.

"A Luma pediu pra quebrar o celular que está com ela, em mil pedaços." o rapaz vem em minha direção.

Sinto a mão do cara revistar meus bolsos e começo a me rebater.

"Ou ou ou!" grito e levanto o calcanhar com força, acertando o meio das pernas do otario que está me segurando, consigo me soltar e saio correndo. Porra eu não posso perder isso de jeito nenhum.

"Dessa vez eu te bato garota!" ouço um deles gritarem e tento superar suas passadas, que são cada vez mais rápidas, meu coração acelera de vez, tenho que aguentar essa.

"Acha que vai pegar essa porra assim de mão beijada filho da puta?" provoco com o pouco de ar que me resta, nunca me arrependi tanto de fumar como agora.

"Entrega o celular e você sai inteira!" um deles ameaça.

Prefiro não falar, já estou em desvantagem.

Kia, não sabe o quanto eu quero queimar você e a Luma na mesma fogueira por conta disso.

Minha visão começa a embaçar, meu pulmão dói, minha barriga nem se fala, corri muito hoje, sei que eles também, mas eu fumo, fumo pra porra, azar desgraçado.

Tudo começa a ficar deserto e escuro como antes, se eu não conhecesse essa estrada eu estaria na merda, sei que falta muito pra chegar na cidade, e não quero pensar na parte que eu vou infartar daqui há uns trinta segundos.

Quando mundos colidem |ACASOS|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora