CAP 10 - Desastre

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{Sábado, 9pm}

- Onde eu encontro alguma bebida? - Christopher perguntou fazendo com que todos rissem - O que foi? Eu posso querer uma água, um refrigerante...
- Quem não te conhece que te compre, né Chris? - Richard respondeu bagunçando o cabelo do amigo pois sabia que isso o deixava muito irritado.
- Ok, ok... - Marina disse um pouquinho mais alto que seu tom de voz normal para ter a atenção de todo mundo - um breve tour pela casa com as áreas autorizadas e as não autorizadas.

Marina conduziu os cinco meninos pela sua casa porque Elle e Thalia já sabiam o que a amiga iria dizer. A única área totalmente proibida era o quarto dos seus pais.

- Aqui é o meu quarto. - disse Marina com a porta fechada - Se forem entrar que seja para conversarem, não quero nenhuma sem vergonhice aqui.
- Tá ouvindo, Christopher? - Zabdiel brincou com o amigo.
- Acho que na verdade quem vai usar esse quarto vai ser um de vocês - disse, apontando para o próprio Zabdiel e para Erick.
- Ih gente, que papo é esse? Não sei de nada disso não. - Elle completou na maior naturalidade do mundo, o que fez todos dessem risada, inclusive a própria garota.

Caminharam poucos metros e voltaram para a sala, onde as meninas tinham arrumado uma mesa repleta de comes e bebes. Mais comes que bebes, o que estava causando um leve desespero em Marina.
- Agora vamos para a parte boa da noite? - Joel chamou a atenção de todos já que ele raramente bebia - Alguém mais vai querer vodka?
- Eu! - Elle ergueu seu copo apontando para Joel - Pode encher. Hoje é dia de festejar.
- Vai com calma, Elle... - Zab parecia preocupado com a garota beber tanto assim mas sabia que não tinha muito a se fazer.
- Ei, me deixa beber... Parece a Thalia me controlando. - Resmungou Elle.
- Pode beber todas as garrafas se você quiser, desde que não vomite pelos cantos da casa... - Thalia retrucou logo em seguida para a amiga.
- Mais alguém? - Joel retornou a falar - Ninguém? - A cara de surpresa de todos fizeram o mexicano dar risada e voltar a colocar a tampa na garrafa com líquido transparente logo depois de ter enchido novamente o seu copo. Ele queria desesperadamente apagar o rosto de Thalia de sua mente e sabia que se alguma coisa poderia ajudar, seria a bebida.

Depois de Marina ter conseguido achar a playlist que ela tanto queria (ela havia obviamente apagado as músicas dos meninos que estavam inclusas), a festa realmente começou a acontecer. Todos estavam se divertindo muito, rindo e dançando também.
Thalia estava sentada no chão da sala bebendo refrigerante e Christopher estava em sua frente bebendo um líquido azul que fez a ruiva lembrar do dia em que conheceu Joel, o equatoriano ao percebeu o desânimo estampado no rosto de Thalia, fazia cosquinhas na garota a fim de arrancar um ou dois sorrisos dela, enquanto Elle conversava sobre os assuntos mais aleatórios e, uma vez ou outra, brigava com Zabdiel por ele estar controlando o quanto de álcool ela estava tomando. O que o porto riquenho ainda não tinha entendido era o motivo da garota estar bebendo tanto. Enquanto isso, Richard e Marina tentavam ensinar alguma dança para Erick.

Entre uma música e outra, Thalia sentiu falta de uma presença, de um olhar que por mais que ele tentasse disfarçar sempre estava vidrado nela, era como uma sombra, ela não entendia mas simplesmente aceitava porque não sabia lidar com a situação. Não ainda. Joel tampouco entendia porque seu olhar sempre procurava os cabelos ruivos da garota e por mais que ele tentasse ocupar sua mente com algum assunto aleatório, era as lembradas do sábado à noite que inundavam seus pensamentos. Eles estavam ligados via pensamento e coração, só não sabiam ainda.

- Alguém viu o Joel? - Talvez essa tenha sido a primeira frase em algumas horas que Thalia disse.
- Eu vi ele indo para a sacada, amiga - Elle respondeu a amiga e fez um gesto para ela ir atrás dele, o que imediatamente foi negado por Thalia, arrancando um suspiro profundo de Elle.

- Eu... vou ao banheiro. Já volto. - Thalia sussurrou no ouvido de suas duas amigas - Por que vocês não jogam verdade ou desafio? - sugeriu quando já estava deixando o cômodo.

***

A garota com seus cabelos longos e ruivos fez um coque a fim de acabar com seu calor. Isso ou seu nervosismo, ela ainda não havia entendido a sensação que Joel trazia a ela.
Encontrou o mexicano sentado no chão da pequena sacada da casa cantarolando alguma música ainda desconhecida para a garota, a bandana preta jogada poucos metros antes deixava os cachos do garoto a mostra, o celular do mesmo estava ao seu lado junto com um copo de vodka. "Ah, vodka.", Thalia pensou. Tudo o que ela não queria agora era lidar com um Joel bebado, talvez por medo do que o rapaz poderia dizer a ela já que a bebida te dá coragem para dizer aquilo que você sempre teve vontade mas nunca conseguiu. O seu medo era ouvir coisas ruins demais para serem esquecidas depois.

Thalia se abaixou para pegar a bandana abandonada no chão e tentou fazer o mínimo de barulho possível mas seu celular, que estava em seu bolso, acabou caindo no chão fazendo a garota ter a atenção de Joel.
- Não sabia que você estava aí - foi a resposta que a garota recebeu acompanhado de outro gole de vodka. E outro. Até que ele acabasse com o líquido transparente dentro do copo.
- Cheguei agora... - Thalia tentou mentir - Estava procurando o banheiro.
- Você disse que não mentiria mais para mim, lembra? - o rapaz disse em tom irônico, fazendo Thalia se estremecer por entender exatamente ao que ele estava se referindo - Ou você não se lembra disso também?
- Você precisa parar com isso, Joel. - Thalia tentou ser firme, o que não conseguiu por muito tempo. Os olhos do mexicano encontraram os dela.
- Parar com o que, exatamente? - o tom irônico tinha voltado - Você precisa ser mais direta que isso, baby - Thalia ainda não conhecia esse lado do garoto e não estava gostando nenhum pouco.
- Com tudo! - seu tom de voz tinha levantado um pouco e a garota se arrependeu do que tinha dito segundos depois.

Joel, ainda cambaleando por conta de todo álcool ingerido, se levantou rapidamente do chão da sacada aonde estava sentado, pegou seu copo vazio e começou a andar em direção a garota. O que ele não se deu conta é que estava indo pelo lado contrário do que havia entrado e a porta com um vidro fino ainda estava fechada. Thalia percebeu isso e tentou avisa-lo:
- A porta, Joel! - Era tarde demais. A porta de vidro se transformou em mil pedacinhos espalhadas pelo chão. O barulho tinha sido alto mas fora abafado pela música com o volume ainda maior vindo da sala.
O primeiro pensamento da garota foi em Joel, olhou para o chão e viu o garoto encostado em uma das paredes. Com um ato instantâneo e sem pensar, Thalia correu até ele e se ajoelhou de frente a Joel para ver se ele estava machucado. Alguns cortes no braço e outros arranhões no rosto era tudo que tinha acontecido com ele.
- Ei... - Joel disse cuidadoso, como se quem precisasse de cuidados fosse ela - os cacos de vidro podem te machucar.
- Quem está machucado aqui é você, seu doido! - Thalia tentava manter a calma mas sabia que a culpa para que ele bebesse tanto era ela - Você sempre frisa o fato de que você não bebe porque não sabe beber! O que deu em você hoje?
- O que me deu na cabeça desde que cheguei aqui: você. - Joel completou.

Good EnoughWhere stories live. Discover now