CAP 12 - Maerick

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Richard pegou uma garrafa de refrigerante que estava vazia em cima da mesa e sentou no meio da sala chamando o restante para se juntarem a ele.

- Esses jogos sempre causam discórdia - Zabdiel disse se sentando no chão a contra gosto - Por que temos que jogar?
- Para de ser estraga prazeres, Zabdi! - Erick chamou a atenção do amigo - O que de ruim poderia acontecer em um jogo inocente como esse?
- Eu começo! - Marina girou a garrafa. Caiu no próprio Erick. - A pessoa que eu mais gosto nessa rodinha inteira! - A garota recebeu uma vaia de todos ali presentes - Calma, gente, não é bem assim... Deixa eu pensar! Verdade ou desafio?
- Desafio! - Erick respondeu prontamente.
- Ok, meu bem, te desafio a postar no seu instagram a última foto no seu rolo de câmera, e não, você não pode ver qual é.

Por sorte a última foto no celular de Erick era de Joel fazendo uma careta dentro do uber na vinda deles para a casa de Marina. Depois de algumas rodadas que renderam vídeos épicos como Zabdiel e Richard tentando fazer quadradinho, Chris bebendo cinco doses de vodkas seguidas, Marina tendo que passar trote no seu vizinho e Elle tendo que dar dez cambalhotas seguidas - e quase vomitando - a parte séria chegou.

- Verdade ou desafio, Zabdi? - Chris perguntou ao amigo torcendo para que ele escolhesse novamente desafio.
- Verdade, cansei de ser ridicularizado na internet por vocês.
- Você é muito estraga prazer mesmo, mas tudo bem, eu tenho uma pergunta boa para você. Qual foi a coisa mais surpreendente que aconteceu com você aqui no Brasil?
- Ah, essa é fácil! - Zabdiel sorriu vitorioso - A gente sempre teve um carinho enorme com nossas fãs, vocês sabem...
- Zabdiel, para, fica quietinho! - Elle tentou interromper o garoto enquanto olhava para as amigas, que também expressavam muita preocupação em seu olhar.
- Espera, deixa eu continuar. - Zabdiel insistiu teimoso - E quando eu conheci vocês percebi que nossas fãs podem ser nossas reais amigas, a quem conseguimos nos abrir e contar sobre nossos segredos.

Seria um resposta linda e emocionante se não fosse trágica. Erick passou de sorridente a confuso, olhando Marina o tempo todo. Elle estava brava e irritada por Zabdiel ter contado isso na frente de todos mesmo sem querer e sua cabeça tinha começado a girar por conta da bebida que ela tinha tomado. Richard e Christopher apenas se entreolharam sabendo que uma ou duas discussões viriam por aí.

- Eu acho que nós precisamos conversar... - foi tudo o que Marina conseguiu dizer.

***

A cena era a seguinte: Erick estava em pé, ao lado da porta fechada do quarto de Marina enquanto ela havia se sentado na cama, procurando talvez um buraco em que pudesse se esconder e voltar quando tudo tivesse acabado, o que não foi possível. Marina teve que enfrentar as consequências da sua omissão.

- Você pode se sentar? - Foi a primeira frase da garota em alguns minutos calada e isso era o máximo que ela conseguiria – Digo... para nós conversamos.
- Prefiro ficar em pé. - Erick respondeu tão seco quanto o deserto do Saara.
- Não faz assim, Erick, por favor – Marina suplicou – Eu não te contei porque...
- Porque você não me contou não me interessa agora, Marina! - Se antes a garota tinha o achado seco, dessa vez foi cem por cento pior – Eu fiquei no seu quarto por horas e você não me contou que já me conhecia! Você percebe o quão errado isso é? E o quão estranho isso parece ser? Como se fosse só tivesse falado comigo e demonstrado interesse porque sabe que eu faço parte de uma banda. É sobre isso que eu falo quando me acham chato por não me envolver com fãs.
- Epa, pode ir parando com essa ideia errada aí - Marina levantou da sua cama e foi em direção ao cubano – Eu entendo você estar bravo comigo por não ter te contado que já te conhecia, mas agora dizer que você tem arrependimento? Da gente?
- Não coloque palavras na minha boca, não foi isso que eu disse. - Erick tentou contornar a situação – Se você tivesse dito que já me conhecia, que sabia quem eu era, eu não iria me importar. Eu gostei de você pelo jeito que você me tratou, pelas nossas conversas, pelas coisas que temos em comum, pela sua personalidade e você me conhecendo ou não, não mudaria isso. - O garoto estalava seus dedos da mão freneticamente mostrando o seu nervosismo, e talvez decepção – Bom, agora eu já não tenho mais tanta certeza disso.
- Eu não te disse porque sabia que você não me trataria da mesma maneira! - Marina despejou as palavras que estavam querendo sair há muito tempo de sua boca – Droga, Erick! Você iria me ver como uma fã, como uma pessoa que você não pode ter um relacionamento! Vocês têm ideias muito erradas sobre nós, sabia?! Não é porque acompanhamos seu trabalho que nós somos doidas e escandalosas, ou perseguidoras! - Uma lágrima insistia em escorrer mas Marina foi mais rápida e a enxugou – Não é possível que você vai esquecer de todas essas coisas que você acabou de me dizer por uma simples... - Marina tentava encontrar a palavra ideal mas antes mesmo de conseguir pensar, Erick a interrompeu.
- Mentira – O cubano completou a frase da garota – Por uma simples mentira. E se você me conhece tão bem sabe que eu odeio que mintam para mim.

Após Erick sair do quarto e bater à porta com tanta força que a garota pensou que ele a tivesse quebrado, Marina se viu perdida em seu quarto e teve a impressão de que ele estivesse a engolindo, sentiu seu coração esmagado e quebrado, nunca imaginaria que era Erick quem provocaria essa reação nela. A garota não conseguia suportar o fato de que o conto de fadas que ela estava vivendo tinha acabado.

Good EnoughWhere stories live. Discover now