3

411 63 15
                                    


"Tudo bem ficar aqui, mas terá que arcar com suas despesas sozinho Nicholas"

Foi oque ele disse pela manhã, ele não me chama de Nicholas, ou não chamava. Ele não me disse bom dia, nem sorriu para a foto da mamãe ao sair.

Eu preciso de um emprego, mas nunca trabalhei.

Meus sonhos se foram, junto com as teclas do computador estilhaçado e com os pedaços de papel que se espalharam com a brisa da janela aberta.

Lágrimas se formam em meus olhos, eu quero sumir...

Me levanto e vou ao banheiro tomar um banho, preciso estar acordado se quiser arranjar um emprego. Talvez Frank, o amigo de vovô ajude, o que ele diria se ainda estivesse aqui?
[...]
Visto minha melhor camisa, arrumo meu cabelo ondulado com gel, passo meu perfume. Espero que tudo dê certo.

O caminho não é tão longo, logo vejo a cafeteira, o sino toca quando abro a porta.

- Oh Nicholas quanto tempo - ele tem semblante simpático, apesar de lembrar um açougueiro bem mais do que um padeiro.

- Olá - sorrio.

- Tudo bem? Parece abatido? - ele se vira, arrumando pães na vitrine.

- Estou bem - digo rápido.

- Ah que devo a honra de sua visita?- se encosta no balcão, me encarando.

Há algumas pessoas, não muitas, não há nenhuma nos encarando.

- Será que o Sr. não precisaria de um ajudante? - pergunto esperançoso.

- Estão com problemas financeiros? - soa preocupado.

Depois que minha mãe morreu, tudo que nos sobrou foram saudade e dívidas.  Mas meu pai conseguiu se livrar de pelo menos um dos problemas.

- Na verdade eu estou - digo sem jeito.

- O que houve? - ele me analisa.

- Por favor, eu não quero falar sobre isso, só preciso do emprego - tento não soar desesperado ou grosso.

- Tudo bem então, começa amanhã, assim que sair da aula - ele dá de ombros.

- Muito obrigado, eu prometo não me atrasar - sorrio.

Me despeço e saio rápido, caminho até a praça. Ainda espero te encontrar aqui novamente, só que dessa vez, sem lágrimas nos olhos...

"Querido Henry,
Apesar do meu amor por clichês e ser um devorador de romances, eu nunca acreditei em amor a primeira vista.
Oque senti por você não foi amor a primeira vista, eu precisava de um protagonista perfeito.
Mas as coisas que quero saber sobre você vão além das que sou capaz de criar. Não consigo imaginar sua voz, preciso ouví-la, não posso imaginar sua pele, preciso sentí - la, não posso imaginar seu amor, preciso tê - lo.
Oque senti não foi amor a primeira vista, eu desejei tão desesperadamente te conhecer que quis conhecer também a sensação de te amar..."

Querido Henry - Concluído Where stories live. Discover now