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Me remexo, não me lembro em que momento  cheguei ao meu quarto. Abro os olhos, espera, este não é meu quarto!

Encaro os desenhos na parede, o berço vazio e a escrivaninha lotada de papéis.

- Gosta do que vê? - me viro e lá está ele, com seus cabelos presos a um coque, com o cotovelo no travesseiro e seu queixo apoiado na mão.

- São bonitos - digo rouco - Onde está Nick? - olho para o lado.

- Na sala, temos visita - ele se senta - vim lhe acordar mas você devia se ver dormindo, não consegui fazer nada a não ser olhar - ele se aproxima, me puxando para si.

- Estou com bafo - desvio o olhar, enquanto ele segura meu pescoço com uma das mãos.

- Estar com bafo não te deixa menos bonito - ele me dá um selinho, enquanto eu sinto minhas bochechas e várias outras partes do corpo esquentarem.

- É sério Henry... - quase não consigo falar, ainda estou meio dormindo.

- Ok, desculpa - ele beija meu pescoço e se afasta - vou lá avisar a visita que você já vai - ele desliza pelo colchão, saindo da cama, depois do quarto sem antes me negar um sorriso.

Alguém pode me explicar o que está acontecendo?

Saio do quarto e tomo um banho rápido, coloco uma roupa qualquer e penteio o cabelo com os dedos. Receio ao sair do quarto, pois não faço idéia de quem seria a pessoa na sala.

Caminho devagar até lá, arrastando os pés pelo carpete marrom. Ouço uma voz...

Eu conheço essa voz...

Seus olhos escuros me fitam quando coloco os pés no cômodo, que parece ter diminuído com sua presença. Nick está sereno em seu colo, ele o entrega a Henry que aparenta apreensão.

- Oi filho - ele diz baixo demais, como se pudesse ferir sua garganta proferir tais palavras - Não diga nada se não quiser, só me  ouça - ele se levanta, vindo em minha direção.

Dou dois passos para trás, me esquivando do seu toque, já que o último não foi dos melhores.

- Filho, eu vim te levar pra casa, eu sinto muito pelo que fiz - sua voz é suave, como era quando mamãe era viva - a casa está tão vazia e eu já nem consigo mais beber, você é tudo que eu tenho - a essa altura já estava chorando, apesar de tudo é meu pai.

Dessa vez não me esquivo quando ele se aproxima, mesmo que não retribua seu abraço deixo que ele me envolva e me aperte contra seu peito. Sinto suas lágrimas molhando - me os ombros.

- Eu entendo que não queira ir, mas eu só quero que saiba que eu te amo filho - ele funga, me apertando mais, como se temesse que eu me afastasse o suficiente para ver seu rosto molhado - Não importa quem você ama, eu amo você independente de tudo isso -

A sala é tomada por soluços, sinto toda a dor que meu pai escondeu por anos molhando minha camiseta. Eu não respondo, apenas deixo que ele sinta...

- Eu preciso de um tempo... - digo o abraçando de volta.

"Querido Henry,
fazia um bom tempo que não me sentia tão leve, fico feliz que tenha se entendido com meu pai...
me deixe ficar mais um pouco, ainda está tudo uma bagunça..."

Querido Henry - Concluído Where stories live. Discover now