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As velas compunham o mais belo dos cenários, o cheiro da comida fresca perfumava o ambiente e compunha a paz da noite. A paz que a tempos fui incapaz de sentir...

Comemos em silêncio, sua mão sobre a minha e nossos olhares em colisão, uma discreta declaração. Como se quisesse ler meus pensamentos, me analisa de tantas formas, como se pudesse me enxergar a alma.

Então limpa a garganta, larga o garfo e minha mão, arrumando a gola da camisa com total nervosismo. Sorri de canto, sem desencontrar nossos olhos.

- Nich... - suspira.

- O que foi? - ansiedade já me agita.

- Bom, eu não sei como começar mas tenho algo a dizer - solta um riso nervoso - Quando te vi aquele dia, no pior dia de minha vida até hoje, disse a mim mesmo que nunca mais o veria de novo. Mas acontece que eu lhe vi, atrás daquele balcão, servindo meu café extra forte - talvez eu esteja só um pouco emocionado. - Eu nunca acreditei em destino, mas naquele momento eu quis acreditar. Eu quis acreditar pois os seus olhos eram os mais lindos que já vi, sua boca tinha o desenho mais perfeito que já vi, sua aura continha mistérios que não conseguia aceitar que alguém desvendasse além de mim."

Você ri novamente...

"Eu passei quase toda uma vida tentando me afirmar para mim mesmo, para pessoas que nunca se importaram comigo de verdade, nisso acabei fazendo uma besteira. Não me arrependo de Ryan, mas não era a hora, ela ter morrido só prova isso",ele funga.

"Talvez eu tenha me precipitado ao ter lhe convidado para morar comigo, mas disso também não me arrependo. Você é a pessoa mais incrível que já conheci, me fez aceitar a mim mesmo e fez com que eu me permitisse sentir de verdade ao menos uma vez.

Longe de todo esse fingimento e longe do eu que eu acreditei que fosse, eu só queria te ter ao meu lado...

Por isso, eu gostaria de saber...

Você aceitar ser o amor da minha vida?"

Sim, estou chorando e...

- Sim! Eu aceito ser o amor da sua vida! - passo as mangas do moletom em meus olhos, tentando conter o único choro de que jamais irei me arrepender.

Ele passa os braços ao meu redor, enquanto seus lábios encontram os meus primeiramente de modo calmo. Eu sinto o gosto do tempero e do vinho, também da necessidade e da paixão, só posso lhe beijar na mesma intensidade enquanto sinto a brisa da noite ir de encontro a minha pele.

Sinto seu calor, enquanto nossos corpos quentes e suados, se amam desajeitada e apaixonadamente em seu sofá de couro falso. Quando caio exausto sobre seu peito, só posso ouvir a voz que dizia a mim mesmo "agora está tudo bem".

- Ei Nich! - ele sussurra, acariciando meu rosto enquanto lhe abraço.

- Sim? - já estou prestes a dormir.

- Eu amo você - sinto seus lábios em minha testa, por um momento, quase acredito ser um sonho mas esse sentimento é tão concreto...

Quase palpável...

- Eu também amo você - então me permito descansar, finalmente depois de tempos, finalmente posso descansar...

"Querido Henry,
não tenho nada a dizer...
Não existe isso de pra sempre, mas faremos do presente o nosso...
Seremos ao menos felizes, não pra sempre, mas enquanto durar♡"

Querido Henry - Concluído Kde žijí příběhy. Začni objevovat