19

220 35 16
                                    

Duas semanas...

Duas semanas de luto...

Ok, não é necessariamente luto, talvez essa seja só uma desculpa para justificar o fato de eu estar tão deprimido. Talvez, seja só uma desculpa para justificar minhas olheiras e solitárias crises de choro matinais.

Acabei voltando a trabalhar no café, foi só um jeito de me afastar de casa, agora que voltei para lá. Morar sozinho nunca foi tão estranho, mas nunca imaginei que estar sem meu pai me faria tão bem, por mais sórdido que isso possa soar.

Acontece que...

Realmente não me importo...

-  Bem vindo... - digo entediado quando ouço o tilintar do sino da porta.

- Olá Nich - ergo os olhos ao som da voz familiar, seus olhos claros se encontram com os meus e não consigo não sorrir.

- Henry - me ajeito.

Meu olhar para por um instante no pequeno ser em seu colo, há poucos fios de cabelo no topo de sua cabeça e ele respira calmamente junto ao peito do pai.

- Senti sua falta... - ele deita a cabeça para o lado, seus fios loiros caem sobre a bochecha corada.

Querido Henry, eu não deveria lhe amar tanto assim, talvez eu nem lhe ame tanto assim, mas você tinha que escrever o maldito bilhete!

- Eu também... - talvez minha voz tenha saído embargada, mas desta vez meu quase choro é de puro alívio e felicidade.

- Oi tio Nich! - faz uma voz divertida, uma cópia bem imperfeita de algo infantil, enquanto agita uma das mãos do filho no ar e o faz sorrir com isso.

- Olá Ryan - sim, finalmente arranjaram um nome para o bebê.

Nick foi apenas uma homenagem provisória, mesmo que se tornou confuso agora o chamar de outra coisa, kkkkk.

- Eu vim te convidar pra jantar - suas bochechas parecem mais coradas, não por agitação ou por causa do sol, vergonha talvez?

- Jantar? - repito a última palavra surpreso.

- Sim, minha mãe está na cidade e estava com saudade - ele morde o lábio, parece constrangido - Eu só sinto sua falta - ele volta a sorrir.

- Eu adoraria jantar com você - retribuo o sorriso.

- Ok, as oito na minha casa - ele quase salta, aumentando o tom de voz.

- Está bem - a porta se abre - Preciso voltar ao trabalho - levanto o bloco de notas, indo a caminho da mesa ocupada por duas pessoas.

- Ei Nich! - ele me chama quando passo ao seu lado, mas sem tempo para responder ele apenas segura meu queixo e me dá um selinho.

Sinto meu rosto esquentar, ele ri e simplismente vai embora!

Vou depressa até as clientes e anoto seus pedidos, enquanto a textura de seus lábios permanece como uma memória concreta sobre os meus.

"Querido Henry,
Eu sempre achei que havia nascido não para viver um romance, mas sim para escrever um. Mas com você ao meu lado, talvez eu não precise escrevê - lo sozinho...
Eu amo você, te amo como se fosse a única pessoa na Terra e, quando estamos juntos, é exatamente isso que parece..."



Querido Henry - Concluído Where stories live. Discover now