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A sala de jantar está em silêncio, Thomas se esconde detrás das madeixas escuras e Henry brinca com Nick em seu colo. Estou com o cotovelo apoiado na mesa e com o queixo apoiado em minha mão, enquanto remexo a comida.

O silêncio é interrompido por um bip, Thomas confere o celular e se levanta.

- Preciso ir - diz passando a mão nos cabelos - Valeu Nich, até mais Henry - ele acena para Nick e anda depressa, mal posso responder.

Agora nossas respirações junto aos resmungos de Nick, competem com o silêncio e o barulho do relógio. Henry se levanta e percebo que seu filho está quase dormindo.

Vou para meu quarto, organizo as coisas e tento organizar meus pensamentos, esse silêncio está se tornando torturante. Vou até minha cômoda e encaro o projeto de carta, uma das únicas coisas que escrevi desde que tive meu trabalho arruinado.

Ouço passos e me viro, você me encara, com seus cabelos dourados emoldurando seu rosto, deve ter tomado banho, pois mudou de roupa. Por que tão belo Henry?

- Henry eu... - não termino de formular minha frase.

Sinto seus dedos em minha nuca, me puxando para perto e seus lábios contra os meus bloqueando qualquer besteira que eles poderiam pronunciar. Sua outra mão aperta minha cintura, acabo segurando em seu braço sem nem perceber.

Sua pele macia e quente, em contraste com meus dedos gelados. Henry caminha, me empurrando até a cômoda, onde me encosta.

O beijo não é interrompido. O que isso significa? Me diga!

Ele finalmente deixa meus lábios e desliza os seus pelo meu pescoço, só posso suspirar quando sua mão deixa minha nuca e vai junto a outra para sob minha camiseta.

- Henry... - digo em meio a mais um suspiro, não posso me mexer.

- Hum... - ele pronuncia, sua voz abafada pelo contato de sua boca com minha pele.

- O que... está fazendo? - digo quase sem ar.

Suas mãos deslizam até meu quadril, me colocando sobre a cômoda com um impulso. Seus olhos finalmente encontram os meus, enquanto ele me encara confuso aparentemente sem saber oque dizer.

- Seria loucura se dissesse que não faço idéia? - nego com a cabeça e ele volta a colar nossos lábios.

Mas somos interrompidos, quando o telefone toca na sala.

- Precisa ir ver - sussurro.

- Não saia daqui - ele me dá um selinho antes de andar depressa até a porta.

Nem se quisesse conseguiria...

Ele volta, seus lábios inchados e bochechas vermelhas. Me dá um beijo rápido.

- É urgente, preciso ir - ele segura meu rosto entre os dedos - Pode ficar de olhos no Nick? - ele sussurra.

- Ah, claro - forço um sorriso, que beira o decepcionado - Vai lá!

- Prometo que terminamos isto depois - diz em meu ouvido, me causando um arrepio - Eu volto logo! - e me beija de novo, antes de sumir outra vez e posso ouvir a porta da frente ser aberta e fechada.

Recupero o ar e caminho até o quarto dele, vejo livros perto da cabeceira, não posso ver muito pois está escuro. Pego um exemplar gasto de O morro dos ventos uivantes e me sento para ler.

Acabo não vendo Henry chegar...

"Querido Henry,
Eu realmente não sei oque pensar depois disto, mas posso dizer que foi bom...
Não deveria...
Por que eu acho que vou me arrepender depois?
Acho que estou me apaixonando mais..."

Querido Henry - Concluído Where stories live. Discover now