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Como disse anteriormente, nunca sabemos oque o Sr. Destino nos reserva. Por isso não esperava, querido Henry, quando cheguei na cafeteira você estava lá.

Meu coração parou por um instante, assim como o tempo também pareceu parar. Eu não conseguia controlar minha respiração, eu estava correndo e você piorou tudo.

Você está de costas, mas sei que é você, eu vejo a tatuagem em seu pescoço. Na verdade, nem preciso dela para saber disso.

- Garoto, até que em fim! - Frank me faz acordar, seu grito chama sua atenção, que se vira para olhar para trás.

Sinto minhas bochechas queimarem, não consigo lhe encarar. Ando depressa até Frank que segura meu avental, Henry continua me olhando.

- Em que posso ajudar? - merda, encaro sua camiseta, o mesmo adesivo que me fez saber seu nome continua no mesmo lugar.

Não, não é a mesma camisa. Percebo que é a identificação do hospital, oque terá acontecido? Será alguém que está lá o motivo de suas lágrimas.

- Um café extra forte por favor - Não consigo, sou obrigado a lhe olhar.

Olheiras profundas emolduram seus olhos, são verdes quase negros, mas perto posso ver que são verdes. Seu rosto está pálido, seus lábios rosados estam machucados.

- Deseja algo para comer? - limpo a garganta, minha voz quase não sai.

- Não, obrigado - ele sorri, seu cabelo loiro está desarrumado, sinto vontade de afastar a mecha que caiu sobre seu rosto com os dedos, mas apenas me viro para servir seu café.

Eu estou tremendo, nem mesmo percebi quando comecei a tremer. Tento não derramar o café quente em mim, há duas moças rindo ao fundo, são as duas aqui além de nós dois.

- Aqui está - coloco a xícara de porcelana a sua frente.

- Obrigado - coloco açúcar e adoçante sobre o balcão.

Uma das moças faz um sinal me chamando, respiro fundo agradecendo por isso. Vou rápido até lá, tentando não tropeçar nos próprios pés.

- A conta por favor - a ruiva sorri para mim, aceno afirmando e vou até o balcão checar a conta.

Elas saem logo depois de pagar, guardo o dinheiro no caixa.

- Eu me lembro de você- ouço sua voz, meu coração quase para novamente.

- De mim? - deixo oque estou fazendo para lhe encarar.

- Sim, te vi a umas duas semanas - ele diz bebericando o café - talvez eu tenha me confundido - ele desvia o olhar.

- Também me lembro de você - Claro que me lembro, estive lhe escrevendo nas últimas duas semanas.

- Parece que não me enganei - ele sorri, posso ver seus dentes, tão brancos - é seu primeiro dia aqui? - diz fazendo referência ao local.

- Sim, como sabe? - aí, como você pode ser tão lindo.

- Estive vindo aqui, todos os dias desde que me mudei e é a primeira vez que eu te vejo - dá de ombros.

- Ah, sim- ele se levanta.

- Sou Henry, qual seu nome?- ele se debruça.

- Nicholas - perto demais, perto demais.

- Belo nome - ele sorri, meu Deus, poderia por favor não sorrir? Prefiro terminar o dia vivo - Aqui está - ele coloca uma nota sobre o balcão - fique com o troco - se encaminha a porta.

- Obrigado, volte sempre - sorrio.

- Até amanhã Nich - diz saindo, ouço o sino tilintar.

Meu coração está calmo, ele virá amanhã, mal posso esperar. Pego um dos guardanapos.

" Querido Henry,
Queria poder ter lhe dito sobre as cartas, sobre você ser meu protagonista perfeito, mas nem mesmo pude falar direito.
Quem sabe um dia me conte os motivos de estar chorando aquele dia, você se lembrou de mim!
Espero lhe ver amanhã..."

Coloco o papel no bolso, preciso voltar ao trabalho, alguém acaba de entrar...

Querido Henry - Concluído Where stories live. Discover now