Intensamente quebrados

Capítulo cinco - Mudanças

    O ser humano está em constante evolução. Aprende coisas novas, desenvolve e muda sua forma de pensar. Para mim, mudar é apenas fisicamente porque a minha vida é a mesma desde que Vladimir começou a tomar conta de mim.

   Agora estou decidida a mudar porque Grant tem razão. Não posso me manter fechada. Eu tenho que viver. A minha vida não é de Vladimir. É minha! E eu decido o que fazer com ela.

   Olho para o monstro do outro lado da mesa de jantar olhando para mim. Ele sempre me olha com um brilho nos olhos. Mas ele não está apaixonado. Ele é só um doente.

   — Alguma coisa que quer dizer para mim? — Ele pergunta.

    — Não. — Olho para o meu prato.

   — Eu tenho. Jacob vai viajar. — Olho para ele novamente. — E quando Jacob viaja, eu vou junto. E infelizmente, você terá que ficar aqui sozinha. — Ele diz.

   Não poderia ter recebido uma notícia melhor. Terei algum descanso. Não terei que ver seu rosto nem ouvir a sua voz.

    — Eu não quero ficar sozinha. — Digo. Estou apenas dizendo isso para que não perceba que estou feliz. — Não posso ir com você?

   Ele parece admirado e sorri. — Eu adoraria levar você, meu amor, mas é perigoso. Você sabe que eu não posso perder você. Você precisa ficar aqui. Eu vou ficar longe por dois dias.

   — Está bem.

   Ele passa a mão no meu rosto. — Fico feliz por saber que quer ir comigo. Vai sentir a minha falta?

    — Claro. — Nunca!

    Ele sorri. — Eu sabia que cedo ou tarde você ia começar a me amar também.

    Não digo nada. Não posso mentir que gosto dele. Jamais sentiria alguma coisa por esse nojento pedófilo. Esse doente louco. Espero que não volte!

    — Faça uma boa viagem!

    — Eu vou voltar para você. — Ele levanta e pega nos nossos pratos para lavar. Ele não gosta que eu faça trabalhos domésticos quando estou com ele. Ele tem atitudes estranhas quando se trata de mim.

   Levanto da mesa. — Eu acho que já vou dormir.

   Ele olha para mim. — Não vai me dar um beijo de boa noite?

   Caminho lentamente até ele. Ele põe a mão na minha cintura e me puxa para beijar a minha boca. Pelo menos, não é um beijo que envolve língua e saliva, senão eu ia vomitar.

   — Boa noite, meu amor! — Ele sorri.

   Vou para o meu quarto, fecho a porta e corro até ao banheiro para lavar a minha boca e os meus dentes. Preciso fazer alguma coisa para que esse inferno termine.

   Sei que Vladimir vai ligar para mim na hora do costume e também à noite para se certificar de que eu estou em casa. Por isso, vou para casa atendo e depois levo o telefone comigo para outro lugar.

   Sento no meu lugar e aceno para Quentin, que fica surpreendido. Eu não estava brincando quando disse que ia mudar. Estou mudando e meu tutor não precisa saber.

    Chloe também está surpresa, ela inclusive vem sentar ao meu lado. Quentin também. Eu não me importo de ser amiga dele, só de Chloe Rogers.

    — Você está bem disposta hoje. — Quentin diz.

    — Será que é porque ontem você saiu com o Grant? — Chloe pergunta.

    — Não tem nada a ver com o Grant. Eu não quero falar sobre isso. — Olho para baixo. Ainda preciso de tempo para poder me abrir com as pessoas.