Capítulo vinte e três - Vou cuidar de você

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                 Presente

    Meu coração bate forte e minhas pernas ficam presas ao chão quando vejo aquele par de olhos âmbar na minha frente. Quase desmaio de tanto alívio. Não acredito que ele está aqui!
   Eu finalmente me recomponho e pulo nos seus braços, chorando. Ele passa a mão nas minhas costas e no meu cabelo lentamente, tentando me confortar.
   — Está tudo bem, Borboleta! Porquê você está assim? — Ele olha para mim e coloca as mãos no meu rosto.
   — V-Você... tinha desaparecido. P-Procuramos você em... em todos os lugares... — Não consigo parar de chorar.
   — Eu estou bem. E porquê você está aqui? Para onde estava indo?
   — Eu pensei que... — Limpo as lágrimas. — Pensei que Vladimir estava com você.
   Ele franze a testa. — Você ia se entregar?
   — Eu queria ajudar você, mas ainda bem que você aqui. — Volto a abraçar ele.
   — Desculpa ter deixado você preocupada. Vamos! — Ele me leva para o seu carro vermelho.
   — Aonde a gente vai?
   — Para o meu apartamento. — Ele abre a porta para mim. — Vamos!
   Eu entro no carro e aperto o cinto de segurança. Grant também entra e liga os motores. Ele endireita o boné e depois olha para mim com um sorriso no rosto. Adoro as suas covinhas.
   — Fico feliz por saber que estava preocupada comigo.
   — Nunca mais faça uma coisa dessas, por favor!
   — Não posso prometer. — Ele segue pela estrada.
   Limpo as lágrimas e fecho os olhos para me recuperar de todo aquele desespero que eu senti. Eu devia bater nele por ter sumido sem dar notícias, mas não. Nesse momento, eu só quero abraçá-lo com muita força.

   Grant me deixa entrar primeiro e fecha a porta. Depois ele segura a minha mão e me leva para o seu quarto sem dizer nada. Eu só quero abraçá-lo e esquecer das últimas horas.
   Olho para o quarto gigante dele. Tem uma cama King size, uma estante de jogos, carros de coleção, troféus, uma TV, sofá e uma porta que deve ser do Closet.
   Grant fecha a porta e me abraça. — Eu sei que a gente precisa conversar.
   — Sim, a gente precisa.
   — Não se preocupe. A gente vai conversar, mas antes eu tenho uma coisa para você.
   Ele me leva até à porta e abre para que eu possa entrar. Eu sabia que era o seu Closet. É muito grande e ainda por cima tem muita roupa. Inclusive roupas de mulher. Várias calças jeans, blusas, vestidos, ténis, sandálias, até roupa interior.
   Olho para ele. — Você comprou isso para mim?
   — Sim. Mia, desculpa tudo que eu fiz você passar. Eu errei com você, mas não quero errar nunca mais. Eu terminei tudo com a Freya. Quero começar algo com você, mas eu estou falando muito sério, Borboleta. Quero que venha morar comigo.
   — Morar com você?
   — Podemos dormir em quartos separados, se você quiser. Eu quero cuidar de você. E estando perto de você é mais fácil. — Ele se aproxima de mim.
   — Onde você esteve durante essas horas? — Mudo de assunto.
   — Eu foi buscar o seu diário. Precisava de um tempo para ler e digerir tudo. — Ele toca o meu rosto. — Depois fui atrás do Vladimir.
   — O quê?
   — Não se preocupe. Eu não falei com ele. Eu quis me vingar dele, mas não consegui. Fui embora. Aquele não era o jeito certo. Amanhã a gente vai na delegacia fazer uma denúncia contra ele.
   — Eu não sei. — Digo.
   — Eu vou proteger você, Borboleta. Ele não vai fazer nada. Não vou deixar.
   — E se ele machucar você? — Abraço ele.
   — Não posso deixar ele livre. Ele precisa ser detido. Se você não fizer nada, ele não vai desistir. E aí é que será um perigo.
   — Está bem. Eu vou denunciar o Vladimir. — Digo. — Grant?
   — O que foi?
   — Eu estou com fome.
   — Vem comigo. — Ele me leva para fora do Closet e vejo o meu diário por cima da mesa de cabeceira.
   — Você leu tudo? — Paro os meus passos.
   — Sim. Pensei que era isso que você...
   — Agora você entende?
   — Agora eu entendo! — Ele beija a minha testa. — Vamos comer.
   Ele me leva para a sua cozinha americana gigante. Sento na ilha da cozinha no banco alto e fico observando ele aquecer a comida no microondas. Em seguida, pega dois copos, tira o suco da geladeira e serve.
    — Você devia avisar os seus pais e os seus amigos. Eles estão preocupados.
   — Já estava esquecendo. Eles vão me matar. Vou só buscar o meu celular na sala. Não demoro. — Ele beija a minha bochecha e sai da cozinha.
   Fico completamente corada e ainda bem que ele não vê. Tive saudades de ter ele assim, me tratando bem, sem estar indeciso.
   O microondas apita e eu levanto para tirar a comida de lá. Não como desde manhã, estou morrendo de fome.
   Sento e começo a devorar a quiche de legumes e frango. Sou capaz de comer tudo sozinha, está uma delícia. Tenho a certeza que não foi Grant que cozinhou.
   Grant regressa e senta na minha frente para comer também. Ele olha para mim e parece triste. Muito triste.
   — O que foi? — Pergunto com a boca cheia.
   — Nada. Ainda estou tentando me recuperar de tudo que eu li no seu diário. Ele deixava você passar fome para castigar...
   — Já passou. Vamos esquecer. — Sorrio para ele. — Foi você que fez? — Aponto para a quiche com o garfo.
    — Quem me dera! — Ele sorri. — A empregada dos meus pais cozinha sempre para mim. Ela também limpa o apartamento. Como você acha que fica tudo limpo?
   — Eu sabia que tinha alguém fazendo essas coisas. Você é preguiçoso! — Como mais um pouco.
   — Um pouco. — Ele ri.
   — Mandei uma mensagem para aqueles idiotas. Espero que não me matem.
   — Lamento dizer, mas acho que eles vão. — Rio.
   Ele bebe o suco e olha para mim com a expressão séria. — Mia, você ainda não me deu uma resposta.
   — Sobre o quê? — Pergunto. Eu sei do que se trata.
   — Morar comigo.
   — Eu não sei.
   — Tudo bem. Não vou pressionar você. Mas passa essa noite aqui, por favor!
   — Está bem.
   Ele sorri. — Obrigado.

Intensamente quebradosOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz