Capítulo dezenove - Porquê tem que ser assim?

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   Assim que Scott abre a porta e arregala os olhos ao me ver, eu caio no chão sem forças. Tive que correr até à estrada para pegar um táxi. Foi uma grande distância. Além disso não estou acostumada com exercícios físicos.
   Scott me ajuda a levantar e chama Chloe. — CHLO! BABE, VEM AQUI!
   Ele me carrega no braços e me leva no sofá. Não tinha mais onde ir. E sinto que posso confiar na Chloe. Eu sei que ela vai me ajudar. Pensei em ir no apartamento do Grant, mas tive medo que ele estivesse com a Freya.
   Chloe vem correndo vestindo apenas uma camiseta grande e olha para mim apavorada. Eu começo a chorar em seguida. Eu já não me lembro de como consegui me livrar do Vladimir, só me lembro de ver o corpo dele caído no chão. Foi tudo tão rápido!
   — Calma! — Chloe senta ao meu lado e me abraça. — Respira fundo, Mia. — Faço o que ela diz. — Me conta tudo o que aconteceu.
   — Eu... — Não consigo parar de chorar.
   — Meu Deus! Ela está tremendo. Traz água para ela, Scott! — Chloe olha para ele.
  Scott vai correndo para a cozinha. Limpo as lágrimas e fecho os olhos para me recuperar daquele pesadelo. Tenho medo que ele venha atrás de mim, mas tenho a certeza que é impossível ele saber que estou aqui.
   — Calma, Mia!
   Scott regressa com um copo de água e me entrega. Bebo tudo e abraço Chloe, ainda sentindo as lágrimas queimarem o meu rosto. Não sei se estou com medo, aliviada ou feliz por ter me livrado do Vladimir.
   — O que aconteceu? Porquê você está assim? — Chloe pergunta.
   Olho para Scott. Não quero que ele oiça porque vai contar para o seu amigo. E se Grant souber, não sei o que vai acontecer. Quero que Chloe perceba que não quero ele aqui.
   — O que foi? — Chloe olha para mim e depois para Scott. Ela entende rápido as coisas. — Scott, acho que você devia ir para o quarto, por favor!
   — Claro! — Ele entra num corredor, que deve dar aos quartos.
   — Foi ele. — Sussurro. — Ele quis me obrigar. — Choro mais.
   — Ele quem, Mia?
   — O meu tutor. Ele queria que eu transasse com ele. Eu tentei fugir.
   — O quê? Mia, ele maltrata você? — Seus olhos parecem que vão sair do seu rosto.
   Faço que sim com a cabeça. — Ele estava preparando tudo. Quando eu vi a garrafa de champanhe, eu achei estranho. Não pensei que ele queria comemorar depois de... — Suspiro. — Depois ele ligou a música e me segurou nos seus braços, me perguntando se queria dançar.
   Conto tudo o que aconteceu essa noite, tudo o que Vladimir fez comigo durante esses anos e também conto sobre ele ser empregado de Jacob Evanovisk, o que faz dele um ser muito perigoso. Chloe ouve tudo atentamente, como uma verdadeira amiga faria. Espero não estar cometendo um erro ao confiar nela.
   — E como você foi parar sob a tutela dele?
   — Eu não sei. Eu não tinha ninguém e Vladimir era um amigo muito próximo do meu pai. Ele era considerado como família. Eu estava sozinha. Nem tios, por incrível que pareça, meus pais não tinham irmãos, meus avôs morreram todos, Vladimir era a melhorar "opção". — Limpo as lágrimas. — E ele queria muito cuidar de mim. Ficou feliz quando soube que não tinha ninguém para me proteger dele. O tribunal deu a minha tutela para ele, porque ele pediu.
   — Que história louca! Eu... — Ele suspira. — Você me deixou sem palavras.
   — Por favor, me ajude a me esconder. — Seguro a sua mão. — E não conte para o Scott, por favor! Não conte para ninguém!
   — Claro que sim. E acho que devia entregar ele na polícia. Ele é muito perigoso, Mia. E você já é maior de idade, não precisava de um tutor.
   — Eu sei, mas ele me alimentava e me fazia chantagem. Não queria que ninguém se machucasse por minha causa. É por isso que eu me afasto de todo mundo.
   — Agora as coisas fazem sentido. — Ela limpa as minhas lágrimas. — Não vai acontecer nada com você. Vamos resolver isso, está bem? Você não está sozinha.
  Dou um sorriso triste para ela. — Nunca pensei que você fosse tão boa assim.
   — Nem eu, minha querida. Nem eu.
   — Obrigada!
   — Não precisa agradecer! E por favor, não me agradeça sempre que cruzar comigo. — Ela levanta. — Vamos tomar um banho e dar roupas novas para você.
   — Obrig...
   — O que foi que eu disse? — Ela sorri.
   — Desculpa.
   — SCOTT BRAYSON! — Ela grita.
   Scott aparece na sala em passos rápidos e olha para Chloe. — Meu anjo?
   — Se prepare para dormir no sofá. E amanhã desocupe o quarto que você guarda as suas tralhas. — Ela beija o queixo dele e depois segura a minha mão. — Vamos, Mia. — Me leva para o quarto.
   — Chloe! — Scott grita, mas ela ignora.

Intensamente quebradosWhere stories live. Discover now