Capítulo doze - Meus outros problemas

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   Tudo que eu mais queria era não ter que voltar para esse lugar. Para algumas pessoas, casa significa conforto, laser, felicidade, mas para mim é um pesadelo.
  E para piorar o pesadelo, Grant não sai da minha cabeça. Não vou mentir para mim mesma, eu sei o que eu sinto pelo Grant. Sei que ele é o garoto que eu quero, mas também é o meu amor platônico. Vladimir ia matar a gente.
   Faço um rabo de cavalo no meu cabelo e imagino o que Grant deve estar fazendo nesse momento. Talvez esteja com os seus pais tocando piano. Está bem, vou fingir que é isso para conseguir dormir essa noite!
   Saio do quarto para jantar. Felizmente, Vladimir ainda não chegou, por isso tenho que aproveitar a paz e a liberdade. Olhar para a cara dele me faz sempre ficar enjoada. Não sei se ele sabe que não gosto dele ou se não querer saber.
   Vou na cozinha e faço sanduíche. Estou acostumada a comer assim. Normalmente, eu não como muito, a única vez, foi quando Grant me levou para sair pela primeira vez.
   Oiço alguém batendo na porta e saio da cozinha para ir abrir. É estranho porque ninguém procura Vladimir. Quem deve ser a uma hora dessas?
   Me arrependo de ter aberto a porta quando vejo quem está na minha frente. Empurro a porta para fechar na cara do Grant, mas ele me impede com a sua força e entra em casa. Com sorte, um satélite bem grande e pesado cai em cima de casa antes de Vladimir chegar.
   Grant está usando o boné ao contrário, roupas pretas e ténis branco. Sua calça está rasgada nos joelhos. Ele tem um brilho e um charme bastante natural. Ele é a personificação da beleza.
   — O que você está fazendo aqui? Eu pedi para se afastar de mim, Grant!
   — Peço desculpa!
   — O quê?
   — Peço desculpa! — Ele suspira. — Não sei o que eu fiz a você, mas devo ter feito alguma coisa, Borboleta. Eu sei.
   — Grant, você...
   — Não! — Ele cobre a minha boca com a sua mão. — Eu sei que está brava comigo. É por isso que estou pedindo desculpa. Desculpa também ter ignorado você hoje. Eu estava com um pouco de raiva por causa do jeito que me tratou ontem.
   Eu me afasto dele. — Grant, esqueça que eu existo. Aquela garota é o melhor para você. Já disse que não quero nada com você.
   — Freya não é melhor para mim. Olha, se você acha que eu vou desistir de você, está enganada. — Ele senta no sofá.
   Às vezes, ele me tira do sério!
   — Grant, vai embora! — Fico na frente dele. Porquê ele faz isso?
   — Não! — Ele cruza os braços.
   — Meu Deus! — Puxo os meus cabelos levemente.
   Ele coloca os fones dos ouvidos e começa a cantar. Estala os dedos, e canta de olhos fechados. Parece que ele não está brincando.
   Ele foi muito adorável por ter vindo aqui me pedir desculpas apesar de não ter feito nada. Mas também é um grande risco. Vladimir não perdoa ninguém. Nem a mim, e ele diz que eu sou a pessoa mais importante da vida dele e que me ama mais do que tudo.
   Tenho que acabar com isso antes que Vladimir venha. Não quero que nada aconteça com o Grant. Eu não ia suportar.
   Tiro os fones dele. — Grant, tudo bem. Eu faço o que você quiser, mas vai embora, por favor!
   Grant olha para mim de um jeito triste. É como se essa não fosse a resposta que ele queria ouvir. Mas isso é tudo que eu posso dizer, que farei o que ele quiser. Tenho que salvar a vida dele.
   Ele suspira, levanta e coloca a mão na minha cintura. — Eu só quero estar perto de você, mas parece que você não quer isso. — Suspira. Sua voz me deixa completamente arrepiada.
   Não respondo. Não posso dizer que o que eu mais quero nesse mundo é poder ficar com ele, e que cada dia estou gostando mais dele. Não quero dar esperanças a ele. Eu não seria tão cruel ao ponto de fazer uma coisa dessas e brincar com os seus sentimentos. Eu sei que não temos futuro juntos.
   — Eu vou. Mas eu não vou desistir de você, Mia. Quero que coloque isso na sua cabeça.
   — Vai embora de uma vez, Grant! — Empurro ele.
   — Amanhã a gente vai ter uma conversa sobre isso. Não esqueça o que você prometeu. — Ele diz.
   — Já disse que vou fazer o que você quiser. Agora sai daqui!
  — Porquê quer tanto se ver livre de mim?
   — Não... Grant, você não vai entender.
   — Então, me faça entender. Você pode confiar em mim. Como confiou das outras vezes.
   Seu olhar é tão sincero, que eu quase grito tudo que está guardado no meu peito. Para o bem de nós dois, é melhor eu não dizer nada. Esse é o meu problema, não dele.
   — Adeus, Grant!
   Seus ombros caem e ele sai. Acompanho ele até o carro e aproveito ver se tem algum sinal de Vladimir. Felizmente, não há. Mesmo assim é melhor Grant ir embora o quanto antes.
    — Sim, sim. Vai embora!
    Ele beija a minha testa. — Sonhe que eu beijei você. — Ele sorri. — Na boca. — Sussurra a última parte e sobe no carro.
   O desgraçado me deixou corada e confusa. Acho que não estou entendendo mais nada. Era suposto ele estar com a ruiva e não vir atrás de mim. Pensei que não queria mais saber de mim.
   Uma parte de mim esta feliz por saber disso, a outra não. E vendo ele partir, sinto que uma parte de mim (o meu lado feliz e em paz) foi com ele. Porquê me apaixonei de novo? E porquê em tão pouco tempo?
   Entro em casa e como o sanduíche que eu estava fazendo. Preciso fazer alguma coisa para me livrar do Grant. Quer dizer, preciso que ele não me queira mais. Como vou fazer isso?
   Dou mais uma mordida e ligo a TV para ver o que tem. Vladimir disse que ia chegar um pouco tarde hoje. Para mim, que ele não voltasse mais e levasse o inferno com ele.

Intensamente quebradosWhere stories live. Discover now