Capítulo vinte - Meu maior medo

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    Não tenho sono.
   E não é por causa dos gemidos altos da Chloe do outro quarto. É porque eu não consigo parar de pensar no que o Grant disse. Se é realmente isso que ele sente, porquê está com ela? Tudo bem que eu rejeitei ele, mas não precisava ir atrás da primeira garota desesperada para ficar com ele.
  E lembrar dele beijando Freya... é melhor não pensar nisso. Não quero me torturar. Ele só deve estar com a Freya para me esquecer. Mas como é possível a gente se apaixonar tão rápido?
   Infelizmente, não tenho o meu diário para escrever e desabafar. Freya deve estar lendo tudo que escrevi sobre Grant. Escrevi muito sobre ele e isso deve deixar ela irritada.
   Levanto para ir beber um copo de água na cozinha. Na sala, vejo o celular de Scott por cima da mesa vibrando. Me aproximo para ver o que é.
   É uma mensagem do Grant:
   Grant: "Não consigo dormir porque não..."
   Não consigo terminar de ler. E eu que não sei mexer num celular? O que eu vou fazer?
   Eu sei que não devia fazer isso, mas é o Grant. Preciso saber o que ele quer. Mesmo que o celular não seja meu.
   Tento desbloquear o celular. Tento a palavra "Chloe", mas não dá. Tento "Scott" já que ele adora ele mesmo, mas não dá. Quando é o aniversário dele?
   Me preparo para desistir, mas o celular vibra novamente. Mais mensagem do Grant.
   Grant: "Da próxima vez não me deixa..."
   Será que está falando sobre mim? Droga! Agora como eu vou ler as mensagens?
   Talvez seja melhor deixar assim. Pode ser do Grant, mas o celular é do Scott. Também não gostaria que as pessoas mexessem nas minhas coisas.
   Vou para a cozinha fazer o que me fez sair do quarto. Sirvo água num copo e bebo. Depois volto para o quarto para dormir, ou pelo menos, tentar dormir. Vai ser uma grande luta.

                Vladimir

     Vinte e quatro horas antes

   Acordo com uma forte dor de cabeça e quando toco nela, sinto sangue. Há cacos de vidros por todo o lado, o chão está molhado graças ao gelo derretido e o balde de gelo está ao meu lado.
   Não sei quanto tempo estive inconsciente, mas foi o suficiente para Mia ter fugido. Será que ela foi embora ou simplesmente está no quarto dormindo. Se estiver, ela vai aprender a não me fazer isso nunca mais.
   Minhas coisas estão no chão, toco nos bolsos e não há nada. A desgraçada levou o meu dinheiro. Ela deve ter ido embora, mas para onde ela iria se ela não tem ninguém além de mim?
   Levanto com cuidado e faço uma pausa para não voltar ao chão. Ela conseguiu acertar na minha cabeça. Estou com uma dor horrível.
   Caminho lentamente até o quarto de Mia, na esperança de estar errado e encontrar ela lá, mas não está. Ela foi embora. Me deixou aqui sozinho.
   — Mia! — Saio do quarto. Preciso encontrar aquela garota. Ela não pode fugir de mim.
   Procuro as chaves para abrir a porta, mas não encontro. A porta está trancada e não encontro a minha camisa. A desgraçada teve a coragem de fazer essa sacanagem comigo. Isso não vai ficar assim.
   Pego no celular e ligo para Vladivostok. Ele é primo do Jacob e sabe como Mia é importante para mim. Eu sei que ele vai me ajudar a recuperar a minha Mia. O que é meu por direito!
   — Essas são horas de ligar para mim, Petrova?
   — Eu sei que não devia. — Coloco a mão na cabeça. Está doendo muito. — Mas é muito importante. A minha mulher desapareceu. Ela...fugiu.
   — Como você deixou ela fugir?
   — Eu queria ser romântico com ela. Só queria que ela me desse o que tanto queria, mas ela se defendeu e conseguiu escapar.
   — Você quer encontrar ela? Se não te quer, para quê insistir? — Ele parece estar se divertindo com a minha desgraça.
   — Eu não vou desistir dela. Ela é minha e sempre será. — Digo. — Preciso que seus homens girem a cidade inteira para encontrar ela, por favor!
   — O que eu ganho com isso? Porquê Jacob não pode ajudar?
   — Porque ele não vai ajudar. Faço o que você quiser. Quero a Mia viva e em perfeitas condições. — Olho para o relógio. — Ela é o que eu mais amo nesse mundo.
   — Tudo bem. Meus homens vão andar disfarçados pela cidade toda. Ninguém vai desconfiar.
   — Seria Ótimo. Muito obrigado. Estou em divida com você.
   — Estou fazendo uma lista. E quando achar ela, não a deixe escapar de novo.
   — Não se preocupe! Não vai acontecer de novo.
   Desligo o celular e procuro as minhas chaves. Vou deixar a maior parte do trabalho para Vladivostok. Sei que os homens dele vão encontrar a minha Mia. E já sei o que fazer quando ela voltar para mim.

Intensamente quebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora