Capítulo trinta - Renascer

2.2K 155 21
                                    

                Grant

     A polícia arromba a porta e entra na casa, mas Vladimir não quer saber. Ele está segurando Mia nos braços e chorando. Ele matou ela. Dizia que a amava, mas matou ela. A minha Borboleta se foi. Preferia que tivesse sido eu no seu lugar. Porquê ela fez isso?
   Nunca senti nada como o que estou sentindo agora, vendo ela imóvel no chão, sangrando, perdendo sua vida. Sinto que arrancaram uma parte de mim. Uma parte que me mantinha vivo.
    — Mia! — Choro. — Minha Borboleta!
    — Mia, abra os olhos! — Vladimir pede. — Mia, eu sei que você ainda está aqui. Abra os olhos, por favor! — Mas ela não responde.
   — Você matou ela! — Olho para ele, enquanto a polícia afasta ele de Mia.
    — Mia! Miaaa! — Ele não luta. Deixa que algemem seus braços.
    — Vladimir Petrova, o senhor está preso. Tudo o que disser pode e será usado contra o senhor em tribunal. — Eles levam Vladimir que não faz mais nada além de chorar.
   Um policial me desamarra e mede a pulsação de Mia. Eu fico ao seu lado chorando. Seu corpo está ficando frio e pálido, o sangue está escorrendo cada vez mais. Acho que não dá mais.
   — Ela ainda respira. Chamem a ambulância! — Um policial loiro diz para o outro.
   — Ela vai sobreviver? — Pergunto.
   — Esperemos que sim.
   Eles levam ela e eu vou junto. Não vou deixar ela em momento algum. Eu quero que ela esteja bem. Ela não pode me deixar. Eu não vou aguentar.
   A ambulância chega bem rápido e levam Mia numa maca, tentando tratá-la ao mesmo tempo. Eu vou com ela e fico observando os médicos colocando balões de soro rapidamente, levantando a blusa para tentarem tirar a bala e estagnarem o sangue. Outros cuidam de mim para ver se estou bem. Posso estar bem fisicamente, mas por dentro não estou bem.
   Mesmo assim não consigo parar de chorar. Se ela não sobreviver? O que vai ser da minha vida? O que eu vou fazer sem ela?
   Ela me ama tanto que deu a sua vida por mim. É por isso que eu também a amo. E prometo que vou cuidar bem dela, se ela sobreviver.

   Fico no hospital, esperando alguma notícia de Mia depois de avisar a todo mundo. Estou com a correntinha de borboletas dela nas minhas mãos lembrando dos seus beijos, do seu abraço, do seu toque e dos seus lindos olhos.
   Estou tão distraído que nem percebo quando minha mãe senta ao meu lado e me abraça. Meu pai também está aqui, assim como os meus amigos. Eles estão todos aqui.
   — Como você está? — Minha mãe pergunta.
   — Ela salvou a minha vida. Sacrificou a sua para salvar a minha. — Choro, minha mãe limpa minhas lágrimas. — Eu não quero perder ela, mamãe!
   — Vai dar tudo certo. — Meu pai diz. — Esse é o melhor hospital da cidade.
   Scott senta do outro lado. — Você vai ver que vamos voltar a ver aquele sorrisinho dela.
   — Eu tenho medo.
   — Temos que ser positivos, Grant! — Bratt diz. — Sempre!
   Fecho os olhos para não chorar mais. Meus olhos estão inchados não só pela surra de Vladimir, mas pelas lágrimas também.
   Um médico alto, ruivo aparece na nossa frente com o rosto muito sério. Espero que sejam boas notícias. Por favor, que sejam boas notícias!
   Todos nós levantamos para ouvir o que ele tem a dizer. Preciso me preparar para o que vier. Seja o que for, tenho que me preparar para renascer.
   — Como ela está, doutor? — Meu pai pergunta. Acho que já perdi a minha voz.
    — Ela está bem! Não foi nada grave. A bala não danificou nenhum órgão, não tivemos muitos problemas. Ela vai melhorar.
   Eu quase caio no chão, mas Bratt e meu pai me seguram. Nunca senti tanto alívio na minha vida.
   — Eu posso vê-la? — Peço.
   — Pode sim. Venha comigo.
   Eu sigo o médico até um quarto e ele abre a porta para mim. Não espero nem que ele diga para eu entrar. Já estou perto dela olhando para o seu lindo rosto.
   — Borboleta! — Minhas lágrimas continuam.
   — G-Grant. — Ela sussurra.
   — Eu estou aqui! — Seguro a sua mão. — Estou aqui para você.
   — Você está bem. — Ela abre os olhos. Os olhos mais lindos desse mundo.
   — Eu estou graças a você, Mia. Você me salvou!
   — O Vladimir?
   — Ele está preso. Nunca mais vai chegar perto de você. Agora você está livre de verdade.
   — Estou livre?
   — Livre! Você irá renascer.
   Eu abraço ela com cuidado. Sinto o seu cheiro que eu tinha tanto medo de não voltar a sentir. Ainda bem que tudo acabou. Ninguém mais poderá machucar a Mia.

Intensamente quebradosWhere stories live. Discover now