Capítulo seis - Quando nascem os Sentimentos

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    Segui o endereço que Grant me deu e paro na frente do apartamento. Não tenho coragem de tocar a campainha. É a primeira vez que eu faço uma coisa dessas. Será que foi uma boa ideia?
   Sim, Mia! Você está mudando!
   Toco a campainha e quem abre a porta é a Sophie. Ela sorri para mim e endireita os óculos. Sempre achei ela uma boa pessoa. É difícil não gostar dela.
   — Boa noite!
   — Olá, Mia! — Ela me deixa entrar. — Esteja à vontade!
   — Obrigada. — Entro e sento no sofá.
   Bratt sai do quarto e abraça Sophie sem reparar em mim. Eu sei que não dou muito nas vistas, mas isso é um exagero.
   Ele beija Sophie, mas ela se afasta. — O que foi?
   — Mia está aqui. — Sophie aponta para mim.
   — Ah! — Bratt olha para mim. — Oi, Mia!
   — Oi! Podem fingir que não estou aqui. — Olho para eles.
   — Eu vou para a cozinha. — Ele entra na cozinha.
   — Ele não sabe cozinhar, mas em compensação é um loiro super lindo e super gostoso. — Sophie diz, sentando ao meu lado.
    — Deve ser.
    — Ah! Eu tenho tanta sorte! — Ela olha para ele completamente apaixonada.
   Olho para Bratt que está apenas verificando o que tem na geladeira, mas parece não entender nada. Da para perceber que não entende nada de cozinha.
    A campainha toca e Sophie vai correndo abrir a porta. Eu penso que é Grant, mas são Scott e Chloe. Eles abraçam Sophie e vêm sentar no sofá.
    — Oi, Mia! — Chloe vem me abraçar. — Você está linda!
    Olho para meu vestido rosa claro rodado e depois para sua blusa branca e saia jeans rasgadas e seus saltos altos, coque e percebo que não estou nada. E para ter mais certeza, olho para o vestido preto da Sophie, seu penteado japonês e botas.
    — Obrigada. — Digo mesmo assim.
    — Tudo bem? — Scott pisca um olho para mim.
    — Estou bem. — Respondo.
    — O que você vai cozinhar, sua puta loira? — Scott pergunta para Bratt.
   Uau! Ele e a Chloe se merecem!
   — Você sabe que é você que vai cozinhar, merdinha. Deve ser a única coisa que sabe fazer. — Bratt puxa Sophie e ambos caem no outro sofá. — Tenho pena da Chloe porque você é péssimo na cama.
   — Ela pode responder por mim. — Scott beija a Chloe e levanta para ir até à cozinha.
   Será que Grant ainda vem? Não quero ser eu a fazer de vela. Não quero cobiçar coisas que não posso ter.
   — Sophie, adorei o que você fez no cabelo. — Chloe diz.
   — Obrigada. — Ela olha para mim. — Ainda bem que você aceitou o convite, Mia.
   — Meu anjo, você pode trazer o meu avental? — Scott olha para Chloe. — Não quero ser contaminado com o do Bratt.
  Chloe revira os olhos e tira o avental da sua bolsa para levar até ele. Eu apenas olho. Esses amigos são muito malucos. Acho que Grant é o mais sensato.
    — Você trouxe o seu avental? — Bratt pergunta. — Pronto! Ele venceu o mais idiota do ano.
   Sophie ri. — Pela segunda vez.
   — Pelo menos, eu sei cozinhar. — Ele diz enquanto Chloe coloca o avental nele que diz "pedaço de mal caminho gostoso" e beija o seu pescoço. — E sou lindo, e muito bom de cama. — Ele agarra a Chloe e desvio o olhar imediatamente.
   Bratt está rindo. — Você adora se gabar. Mas eu não preciso saber cozinhar. Eu tenho a minha garota e ela cozinha para mim. A gente vai casar. — Ele beija a Sophie.
  Agora sei o que Grant passa. Tem de suportar esses dois casais o tempo todo. Deve ser muito chato.
   Oiço a porta e olho para ela. Grant entra e sorri como se câmaras estivessem prontas para fotografar ele. Ele está vestindo tudo preto, até o seu boné. Mas está usando camiseta regata e vejo que ele tem tatuagens.
   Scott tem tatuagens em ambos os braços, Bratt deve ter além daquela no pescoço que eu vejo. Então, Grant deve ter além das que eu vejo.
   — Boa noite, roedores! — Ele ri. — Essa pegou, Chlo!
   — Tudo que eu faço pega! — Ela volta no sofá e mexe no celular.
   — Mia! — Grant olha para mim e fica parado perto do sofá que Bratt e Sophie estão.
   Sorrio para ele.
   — Dá um abraço nela, filho da puta! — Scott joga uma cebola no Grant.
   — Cala a boca! — Grant joga a cebola de volta, mas Scott agarra.
   — Diga o nome de alguém que consegue me derrotar numa luta. — Scott lava as mãos para começar a cozinhar.
    — Chloe! — Os três dizem.
    — Porque eu deixo! — Ele corta a carne.
    Grant vem sentar ao meu lado e tira o boné para passar a mão no seu cabelo sedoso. Daquele jeito que eu acho adorável.
   — Você está usando um vestido! — Ele sorri.
   — Sim, estou usando um vestido. — Digo. — E você tem tatuagens.
   — E qual é o problema? — Ele desvia o olhar.
   — Nenhum.
   — Porquê ninguém vem me dar uma ajuda? — Scott olha para a gente.
    Sophie levanta para ajudar ele. Bratt fica olhando para mim e para Grant como se estivesse esperando alguma coisa acontecer. É melhor ele esquecer.
    — Não liga os meus amigos. — Grant se aproxima mais de mim e sussurra. — ELES SÃO UNS IDIOTAS! — Grita dessa vez.
    — Eu entendo o que você passa. — Olho para ele. — Mas seus amigos são muito apaixonados.
   — Eu sei. — Ele toca a minha mão. — Quando o seu tutor regressa? — Ele pergunta.
   — Daqui a dois dias.
   Ele olha para a minha mochila. — Porquê trouxe uma mochila tão grande?
   — É a única que tenho. — E porque tinha que levar o telefone de casa.
   — Entendo.
   — Eu posso deixar ela no quarto? — Pergunto.
    — Claro que sim. — Bratt responde.
   Levanto e levo a minha mochila no quarto vazio, que acho que Bratt e Sophie não usam. Instalo o telefone no quarto e saio de lá. Espero que Vladimir não ligue.
   Volto a sentar perto do Grant. Agora Chloe está na cozinha e Bratt está distraído com o celular. Tento não olhar para Grant, mas não consigo. Ele chama muita atenção.
    — Algum problema? — Pergunta.
    — Nenhum.
    — É até adorável você ser tão tímida. — Ele sorri. — Quer conversar?
    — Não quero falar sobre mim.
    — Está bem. Então, podemos ver o que tem na TV. — Ele liga a TV com o controle que estava por cima da mesa de centro.
    A gente vê uma série de comédia e ri bastante. Mas Grant está o tempo todo olhando para mim, o que me deixa um pouco desconfortável. Ele pensa que eu não noto, mas eu noto.

Intensamente quebradosWhere stories live. Discover now