Capitulo 1 - Quem sou?

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Capítulo 1
Estou em um campo florido andando em meio às flores, o dia está ensolarado, porém há um vento leve que leva o calor e intensifica o cheiro das flores. Estou feliz como nunca estive antes, vejo ao longe Adam vindo em minha direção e quando ele fica próximo a mim começo a correr dele e acabamos em meio à uma brincadeira de pega pega. Ficamos assim por algum tempo até que ele me alcança e consegue me prender em meus braços. Beija-me delicadamente, seu gosto é doce, é calmo e ao mesmo tempo é intenso e avassalador. Fecho meus olhos desfrutando do momento mágico, ao abri-los minha consciência grita em minha mente que o que estamos a fazer é errado. Não posso estar nos braços de Adam, ele é o meu amigo e cunhado! Desvencilho-me de seus braços e corro o mais rápido que consigo enquanto ouço  chamar meu nome.   De repente o campo some e a terra fica seca e sem vida, meus olhos estão embaçados pelo choro e quando menos espero caio em um buraco sem fundo, grito desesperada e continuo caindo e caindo...
Tento gritar mais não sai som algum, minha garganta está seca e dolorida. Ouço o barulho de um bip e abro os olhos me deparando com um teto branco, tento me levantar, porém constato que estou cheia de aparelhos e percebo que há um tubo na minha garganta. Meu Deus o que aconteceu comigo? Logo vejo uma senhora ao meu lado pedindo para ficar calma que tudo ficará bem. Estou confusa e desesperada, outras pessoas entram no quarto e sinto uma forte dor de cabeça, ouço vozes, mas não consigo entender o que falam, em poucos segundos estou caindo em sono profundo.
Acordo algumas vezes, mas não consigo me manter acordada por muito tempo, apenas sinto que pessoas entram e saem do quarto algumas vezes.  Novamente me encontro acordada, porém sinto que não há mais nada em minha garganta, mas a sinto seca e dolorida, os aparelhos foram retirados e apenas há um acesso em meu braço. Novamente me pergunto o que aconteceu e tento me lembrar do porque está num hospital, porém nada vem à mente, devido ao esforço sinto uma leve dor de cabeça.  Fecho os olhos e novamente me entrego ao sono...
— Filha, você tem que voltar para nós, seu marido e filha precisam de você. – ouço uma voz chorosa falar comigo. — Está muito difícil para nós superarmos tudo que aconteceu.
Marido? Filha? Por que não consigo me lembrar deles?
Abro os olhos lentamente e vejo uma senhora esbelta e magra, pele clara de cabelos e olhos castanhos, seu semblante é triste e cansado, aparentemente deve ter cinquenta e poucos anos, pelo modo que fala deve ser minha mãe. Mas, por que eu não consigo lembrar dela?
— O que aconteceu? – indago com a voz rouca e fraca.
— Ah meu Deus! Você finalmente acordou. – fala emocionada me abraçando.
Por que não consigo sentir nada? Quem é ela ou melhor quem sou eu?
— Não se lembra do acidente? – como não respondo completa. — Calma vou chamar o médico. – diz saindo do meu campo de visão.  
Acidente. Eu sofri um acidente. Mas por que não consigo me lembrar? Que acidente foi esse? Eu estava sozinha? Há quanto tempo estou neste lugar? Começo a me desesperar com tantas perguntas que surgem sem resposta em minha mente.
Um médico entra no quarto se apresentando como doutor Jonas, aparenta ser jovem e é dono de um sorriso capaz de deixar qualquer mulher nas nuvens, tem covinha no queixo, barba bem feita, olhos castanhos claros atrás de um óculos de aro grosso e negro. Ele me explica que fui atendida na emergência do hospital e que após vários exames constatou - se que eu havia batido fortemente a cabeça ocasionando um pequeno inchaço no cérebro, então ele foi chamado, pois é um neurologista, vários procedimentos foram necessários inclusive me deixar em coma induzido.
— Quando o inchaço foi contido e consequentemente desapareceu, o medicamento que te deixava em coma foi sendo retirado gradativamente, porém a senhora não acordou no tempo previsto nos deixando em alerta. Como se sente?
— Como se um caminhão estivesse passado por cima de mim, estou confusa, com uma leve dor de cabeça e com a garganta seca. Não lembro do acidente e nem absolutamente de nada, minha mente parece estar como uma folha em branco. – digo cansada.
—Aparentemente a confusão em sua mente é normal, a dor de cabeça é decorrente à batida e ao inchaço no cérebro. Quanto à garganta vai sentir desconforto por algum tempo por ter ficado muito tempo sem falar.   Vou pedir novos exames para poder dar um diagnóstico mais preciso já que o inchaço desapareceu e para descartarmos qualquer tipo de sequelas. 
— Há quanto tempo estou aqui?
— Há aproximadamente um mês. – ele responde fazendo um exame clínico.
Um mês? Estou fora de órbita há tanto tempo!  Após o exame ele diz que  tudo está aparentemente normal, antes de despedir diz que logo serei levada para fazer os exames.  Assim que ele sai percebo que a senhora que estava comigo ao acordar está em um canto do quarto.
— Você não se lembra de quem eu sou? – me indaga angustiada.
— Me desculpe. – respondo balançando a cabeça em sinal negativo.
— Não se preocupe querida, logo você lembrará de tudo. – quando termina de falar beija minha testa ternamente.
Pouco tempo depois sou levada para fazer uma tomografia e outros exames. Assim que volto para o quarto me aplicam um remédio para dor na veia e a enfermeira me diz que o medicamento me causará sono.

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