O Escândalo do Duque

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" Chega, não sou mais princesa,

Vou subir na mesa, 'deixa eu' dançar,

Me acabar... a noite inteira, que hoje eu 'tô' solteira,

Deixa de besteira, para de falar,

E me beija"

(Sofia Oliveira, Dulce Maria)

— Agradeço imensamente o convite, Majestade. Sou muito grato pela recepção de vocês. Esse poderia ser um momento um pouco conturbado, mas felizmente não está sendo – Andrej dizia após o convite formal realizado pela rainha. Ele seria bem-vindo no palácio por uma semana, para conhecer um pouco mais pessoalmente como funciona o dia-a-dia da monarquia escandinava. Charlotte não saberia afirmar qual era a intenção da mãe com aquela atitude, mas aquilo seria extremamente útil em seu plano.

— Jura? – Diego sussurrou para a prima, zoando o comentário do Duque, eles haviam feito essa brincadeira durante todo o jantar. O Duque era exatamente como eles haviam buscado na internet: Um garoto de 24 anos que mais parecia um senhor de 80, com toda a posse de bom-moço e fala pausada. Diego não entendia como aquilo podia ser real, nenhum homem tem tanta maturidade em tão pouca idade. Ás vezes, a melhor reação perante aquilo era uma boa risada – Ninguém está sentindo um momento conturbado, estamos todos tomando sorvete na Disney e não em um sinistro jantar, onde parece que um vai começar a matar o outro como em Game Of Thrones.

Charlotte tentou não rir, chutando a lateral da perna do primo por debaixo da mesa. Rapidamente, depois disso, verificou se alguém havia visto o que ela havia feito ou o que Diego havia dito. Todos pareciam estar ocupados com outros assuntos.

— Acredito que me será muito útil os conhecer melhor, sem qualquer questão levantada pela mídia e pelo Parlamento - dizia Andrej, provocando mais uma piada por parte de Diego, dessa vez, entretanto, o Duque pareceu notar que algo ocorria – Acredito que a Princesa Charlotte concorde comigo, que as interpretações do Parlamento nunca são totalmente verídicas e justas...

Ele precisou dizer o nome dela para conseguir atrair sua atenção, por isso Charlie não sabia muito bem sobre o que eles estavam falando. Ela precisava pensar muito rápido sobre como agir, pois aparentemente ele já tinha o controle de toda aquela situação. Sua mãe, que sempre possuía esse controle, parecia estar distraída com seus próprios pensamentos. Charlotte não sabia o que poderia ser mais importante naquele momento, mas não poderia contar com a ajuda da mãe para transformar aquele jantar em algo positivo para ela, precisava lutar sozinha para isso.

— Acredito que Vossa Graça, mesmo sendo um dinamarquês, sem qualquer contato com a Noruega, considere o Parlamento bem justo no momento. Pois, se eu não me engano, é o senhor que está sendo beneficiado por ele... – Ela disse de maneira firme, chamando a atenção de todos presentes. Encarou o Duque na cadeira a sua frente, ele sorriu como se aquilo fosse um sinal de que estaria aceitando a provocação.

— Justiça é algo que sempre deve ser debatido, é um conceito relativo – comentou antes de beber um gole de seu vinho, escolhido a dedo pelo sommelier do palácio – Além disso, Vossa Alteza não é a primeira a tentar usar a minha nacionalidade como um insulto, ouvi isso do próprio Parlamento algumas vezes desde aquela emblemática audiência. Entretanto, devo lembrá-la, Alteza, que a senhorita também é dinamarquesa, mesmo que insista em usar somente o nome da casa real norueguesa...

Charlotte usou a mesma arma, sorriu. Ele não estava mentindo, desde criança ela sempre preferiu, ao diminuir seu nome, usar somente "Charlotte Oldenburg". Seu pai não gostara de tal atitude, pois ele havia proporcionado dois nomes fortes para a única filha não usá-los.

Por trás de uma PrincesaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora