Lembranças - Parte 2

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"Estamos cercados por essas mentiras;

E pessoas que falam demais;

Você tem um olhar em seus olhos;

Como se ninguém soubesse de nada, só nós"

(Ed Sheeran)

— Acho que eu não deveria ter te deixado me convencer a te acompanhar em uma festa em pleno dia da semana. Amanhã temos aula cedo... – Charlie tentou dizer, enquanto caminhava ao lado da melhor amiga pelo principal porto da cidade. Já era onze da noite e quase não havia movimento no local. Somente adolescentes passavam por ali, a grande maioria alunos da mesma escola, carregando ilegais garrafas de diferentes bebidas alcoólicas.

Só bastava uma pessoa com uma câmera, mesmo que no celular, para Charlotte estar ferrada. Muito ferrada.

É, ela devia ter ficado no apartamento. Entretanto, não sabia o que Hannah fazia para ter um poder tão grande de persuasão. Era como feitiçaria, bruxaria, maldição de nascença.

Mais alguns passos e elas chegaram à frente de um imenso iate branco com partes em um cinza um pouco mais escuro que o inox. Quando digo imenso, era porque era a maior embarcação que a princesa já vira. E ela era uma princesa, afinal! Não era exagero, não mesmo!

— Uau! – Charlotte não pode deixar de suspirar.

— Olha só, consegui impressionar uma princesa. É um grande feito! – Hannah brincou.

— Lembro que seu pai era muito rico, mas isso... Isso é surreal!

Hannah gargalhou.

— É do meu tio materno – Hannah explicou, enquanto entravam na embarcação já lotada de jovens. Era uma festa e tanto, Hannah nunca poupava esforços e gastos. Dar as melhores festas era como um grande objetivo para ela — Ele que é o milionário da família, é quem cuida das empresas.

— E sua mãe? O que ela faz?

— Minha mãe? Bem... Ela cuida do meu tio – A menina riu, enquanto soltava os fios negros de seu cabelo, que caiu em belíssimas e delicadas ondas, como ela pretendia – Ela tenta impedir que ele faça besteiras. É um trabalho bem mais complicado do que você pensa. Mas, Charlie, você é uma princesa, com certeza já viu mais luxo do que isso!

— Eu já vi palácios velhos, mas nunca algo assim! – Charlotte confessou. A mãe nunca permitia um gasto como aquele. Nunca!

— Sinta-se em casa! – Hannah exclamou antes de ir a busca do namorado que estava em algum lugar do barco. Charlotte tentava imaginar quanto tempo demoraria para a amiga encontrar quem procurava, pois quanto mais a princesa andava, mais a embarcação parecia maior. Tinha varias escadas, tinham quartos! Aquilo estava mais para uma casa flutuante.

Uma colega de classe ofereceu para Charlie alguma bebida extremamente colorida em um copo com luzes que brilhavam em um ritmo desenfreado. Charlotte negou firmemente. Ela não bebia, não ia começar naquele momento. Ela havia prometido aos pais que não se meteria em nenhuma confusão que poderia colocar o seu nome em uma revista problemática. E ela iria cumprir aquilo.

Não gostava de provocar escândalos. Ainda.

Do outro lado do iate, próximo à cabine do comandante, Hannah encontrara quem procurava.

— Olav! Você conseguiu encontrar o Arthur? – Ela perguntou nervosa. Não podia perder tempo.

— Eu o vi por aí, mas não consegui fazê-lo ficar quieto... – Ele dizia sem se importar muito com o que acontecia, enquanto bebia um pouco de sua bebida transparente.

Por trás de uma PrincesaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora