*23*

10.4K 862 786
                                    

Jungkook

Eu não consegui olhar para minha mãe quando a vi entrar no quarto. Me sentia envergonhado e desonrado de mais para ter coragem de encarar ela nos olhos.
Um filho irresponsável que a deixava sozinha todas as noites por puro capricho, que se meteu com amizades erradas e deixou os bons amigos, os verdadeiros e incríveis amigos para trás e, pior, que ingeriu drogas que quase me levou a morte e ainda deixei todos aflitos. Que mãe quer um filho assim? Por isso que, assim que a vi passar pela porta, eu virei meu rosto para o outro lado e engoli o choro, preparado para todas as broncas que viriam dela.

- por que não olha para sua mãe, Jungkook? - eu fechei os olhos em pura dor, a voz dela não dava indícios de raiva, mas eu ainda tinha medo de encaralá-la e ver a raiva ali. - não quer me ver? Quer... Que eu vá embora?

- não, mãe! - a olhei em total medo e segurei seu pulso, mesmo sabendo que ela nem tinha se movido. - eu estou envergonhado demais, mas não quero que vá!

Ela se soltou da minha mão e sentou na cama onde eu estava deitado. Eu senti uma tristeza imensa pela falta de contato, mas em menos de segundos ela me surpreendeu se deitando junto a mim e repousou seu braço direito sobre meu peito coberto por fios que estavam ligados a máquina. A mesma começou a apitar com mais velocidade que antes, talvez por eu estar num surto de choro e emoções que eu não sabia distinguir naquele momento.

- desculpe - com muito esforço, eu tentei abraçar ela também. - me perdoe mãe...

- sabe... - minha mãe começou calma como sempre, a voz chorosa e firme. - eu lembro de quando você era bem pequeno e nos dias de tempestade você sempre entrava no nosso quarto. - falou se referindo também ao meu pai. - você subia na cama com um pulo porque a cama era muito alta pra você - ela riu frágil, eu consegui fazer o mesmo. Me lembro dessa época muito bem, o que só me deixava ainda mais emocionado. - eu e o seu pai colocávamos você no meio e o abraçávamos desse mesmo modo que estamos agora.

Um soluço escapou de minha parte, mas minha mãe continuava neutra, ela é uma mulher muito forte, e eu sempre admirei isso nela. Eu queria ter a metade da força que ela tem para superar minhas perdas e somente seguir...

- nunca deve ficar com vergonha de sua mãe, nem virar o rosto para ela - continuou, com mais firmeza. - eu nunca diria para você coisas que uma mãe não deveria dizer a um filho, Jungkook. Pior pra mim foi ter que receber a notícia que você estava com risco de vida... Que eu poderia perdê-lo e, agora que está aqui, bem e vivo, eu só posso aproveitar ficando assim, abraçada a você do mesmo modo que fazia quando era menor, e não dando bronca por ter sido corrompido e esquecido completamente do homem frágil e ingênuo que é.

- então a senhora não está zangada? - dessa vez ela se senta, fitando diretamente em meus olhos com o semblante doce e gentil.

- quem sabe eu possa bater em você quando chegar em casa, mas no momento eu só quero ficar ao seu lado e te mimar como eu, incontrolavelmente, sempre fiz - brincou ela me fazendo rir também, mesmo com tudo doendo por dentro, era ótimo ver que ela nunca deixava seu lado humorístico de lado. - não, amor, eu nunca ficarei zangada com você!

- obrigado... perai, onde vai?

Ela se levantou arrumando o vestido simples e que a deixava até mais jovem e me deu um beijo na testa, um bem demorado.

- não sou só eu quem estava louca para te ver, você ainda tem amigos, sabia?

Ela foi se afastando da cama e indo em direção a porta. Meu coração deu um salto quando ela o abriu, eu estava acreditando ser ele vindo me ver, quem sabe saber se eu estou vivo ou morto. Mas não era ele. Meus amigos todos entraram afobados e com buquês nas mãos, alguns até traziam ursinhos, o que me fez abrir um largo sorriso. Mas o sorriso era mais por conta de estarem todos aqui, saber que eles não desistiram de mim me fez chorar de novo, dessa vez de felicidade.

Taekook And BDSMOnde histórias criam vida. Descubra agora