14 - Escola

1K 106 352
                                    

Depois de uns dez minutos dentro do carro atenta a qualquer movimento suspeito à minha volta, com medo de ser atacada e ter meu carro revirado de ponta cabeça assim como nos filmes. Não havia visto nenhuma sombra morta me espreitando de algum canto ou atravessando em minha frente. Isso me aliviou, pois eu estava com medo e apreensiva de me deparar com vários deles bloqueando a minha passagem.

A rua estava completamente deserta, somente com carros abandonados pelo caminho me obrigando a desviar. Sangue, lixo espalhado... Isso apenas comprovava a história de Jenny. Era estranho passar por aquela rua e não ter ninguém, passar por ali e sentir um frio percorrendo a espinha pelo medo. Medo de algo ruim acontecer a qualquer momento, sendo que horas atrás, durante o dia, essa mesma rua estava totalmente tranquila.

A porta de entrada da casa do senhor Hobbes – um senhor que eu conhecera desde criança e que eu gostava muito, ele era um ótimo policial já aposentado – estava completamente aberta, a luz da varanda estava acesa e piscava em intervalos de dez segundos. Lá dentro estava tudo em pleno breu e um ar de algo sinistro ter acontecido emanava da casa. 

Me perguntava se ele estava bem ou se ele teria sido devorado por aquelas coisas. Pensar na possibilidade disso ter acontecido com um senhor tão bondoso como ele, era cruel demais. O senhor que eu via e cumprimentava quase todas as vezes que o via ao ir para a escola. Vivia com sua esposa, sra. Rose. Era tão simpática quanto ele. Eu esperava que ambos estivessem bem.

Desviei o olhar da casa ao mesmo tempo em que passei em cima de uma das latas de lixo fazendo o carro parar ali naquele lugar deserto. O carro demorou pegar novamente me fazendo estremecer ainda mais.

Depois de pelo menos três tentativas o carro pegou e eu saí dali rapidamente. A mochila onde estavam as armas descansava no banco do carona e meu celular sobre ela. A Glock que escolhi como arma desde mais cedo estava sobre minhas pernas para minha proteção, ficaria mais fácil pega-la ali.

Eu estava quase chegando na escola, faltava pelo menos um quilômetro para que eu chegasse, quando meu celular ascendeu a tela clareando toda a cabine fazendo com que eu desviasse a minha atenção da rua por um momento para olhar para ele. Era uma chamada de um número desconhecido. Poder ser o mesmo número que me ligara antes.

Me apressei em pegá-lo. Poderia ser Raven! Mas quando ia atender a ligação caiu.

Merda!

Praguejei mentalmente e o pus de volta sobre a mochila. O carro mais uma vez se chocou contra algo pesado que bateu por cima do capô e caiu em seguida no chão fazendo um barulho alto. O carro chiou os pneus quando me assustei e freei bruscamente fazendo um barulho ensurdecedor.

Eu estava trêmula e com receio de descobrir do que se tratava, mas olhei pelo retrovisor para ver em que eu havia batido. Era uma pessoa. Não daria para saber se era humano ou uma daquelas coisas da distancia em que eu estava. Esperei mais um pouco, ainda olhando para o corpo já decidida em descer do carro e conferir.

Desci. Talvez eu estivesse louca em fazer algo tão perigoso e de maneira impensável. Comecei a me aproximar lentamente olhando também para os lados sem tirar os olhos da coisa no chão principalmente.

Quando estava a poucos metros do corpo ele levantou a cabeça e quando percebeu que eu estava ali, me encarou e começou a se mover em minha direção. Parei no mesmo instante, percebendo que não era um humano e sim um morto vivo. Recuei alguns passos para trás. Eu não ficaria ali para presenciar aquele show de horrores. Mesmo que eu tenha batido contra aquela coisa, ela ainda se movia esperançoso de me pegar.

Ele não me alcançaria tão facilmente por mais que tentasse, notei que estava sem uma das pernas e um dos braços. A perna estava a alguns centímetros longe de seu corpo e o braço provavelmente deveria ter sido comido por outros dele. Tentava se arrastar mais agitado até mim com um grunhido feroz e estava conseguindo se aproximar. De costas para o carro, continuei recuando até sentir a porta aberta e adentrar rapidamente trancando-a em seguida.

Infestação Zumbi (Origens)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora