18 - Mais uma companhia...

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- Para onde vamos agora? - Sarah encarava o portão em nossa frente, quebrando o silêncio que reinava dentro do carro.

- Iremos para minha casa. A partir daí, eu não sei. - eu levantei o vidro da minha janela no banco do carona e me certifiquei de que ela estava firme. Esperava que ela aguentasse ou estaríamos perdidos.

- Eu quero saber da minha família. - ela soltou um suspiro, cansada.

- É o que todos queremos... - eu a olhei. - Vamos conseguir.

Ela ficou quieta em seguida, perdida na própria solidão que seus olhos transmitiam. Presa em seu mundo que não se permitia fácil acesso. O olhar distante. Eu a entendia, sabia pelo que estava passando naquele momento. Sem nossas famílias. Nem certezas de que estariam bem. Com quem estariam. Se estavam em segurança.

- Não coloquem o cinto, caso precisar sair ás pressas. - Ray encontrava-se no volante e olhou para trás, além do vidro, para o carro de Megan - um Renalt Duster preto - que por sorte, havia saído da oficina há dois dias atrás e estava guardado na garagem.

Dentro dele localizavam-se a própria Megan, as duas irmãs e Kevin. Ele se propôs a ficar com elas caso algo acontecesse e com isso, ele ficara no volante. O garoto certamente não iria amarelar quando estivéssemos do lado de fora, ao contrário de Megan que poderia entrar em pânico, segundo ela, minutos atrás, ao implorar para kevin ir com elas. Algo perigoso poderia acontecer, lidar com zumbis não era uma tarefa fácil.

Ao sinal de Kevin, Ray acenou para mim e então apertei o pequeno botão de um controle remoto para abrir o portão de entrada, esse, que nos separava e nos mantinha seguros dos zumbis. Mas isso estava prestes a ser quebrado e logo estaríamos a mercê dos perigos do lado de fora. Era fazer tal coisa ou não fazer absolutamente nada. Com o motor já ligado, Ray avançou com o Dodge Ram antes que o portão começasse a abrir. Meu coração já pulsava forte, fazendo com que minha garganta ficasse seca. Nunca me acostumaria com tal sitação. Assim que o portão se abriu por completo, revelando a rua, diversos braços ensanguentados, pálidos e alguns com mordidas profundas e machucados escuros se esticaram contra as janelas fechadas do carro. Dezenas de zumbis começaram a nos cercar, todos ao mesmo tempo, atrapalhando nossa tentativa de sair dali. O carro mal conseguia avançar.

- O que vamos fazer?! - Sarah foi para o meio do banco, evitando ficar perto das janelas, como se os zumbis conseguissem atravessa-las feito fantasmas.

- Primeiramente, tentar manter a calma e ficar em silêncio. - Ray disse mais para ele mesmo, para esconder seu pânico, prosseguindo de vagar com o carro.

- Como se fosse fácil manter a calma em um momento como esse! - Sarah direcionava a arma que segurava para todos os lados, pronta para atirar se fosse preciso. Eu fazia o mesmo, encarando aqueles olhos raivosos do outro lado do vidro.

Os zumbis haviam aumentado desde a hora em que chegamos mais cedo na casa, provavelmente , os outros vieram atraídos pelos barulhos dos tiros. Percebia-se que não era tão seguro ter a posse de uma arma. Não quando ela mesma podia trazer a morte até nós. Ray continuou seguindo de vagar, mais pelos zumbis que atrapalhavam a passagem e por outros que iam caindo no chão quando atropelados fazendo com que o Dodge Ram passasse por cima deles, como se estivéssemos em uma estrada toda esburacada.

- Que barulho nojento! - eu disse abismada, assim que o pneu passou sobre um crânio, o quebrando inteiro.

- Não é um barulho que eu gostaria de escutar sempre. - Sarah encarou um zumbi de perto, com a arma mirada para ele.

O carro se balançava de um lado para o outro de acordo com as investidas dos zumbis e eu já previa a hora em que eles conseguiriam deixa-lo de cabeça para baixo. Ray estava apenas segurando firme no volante, deixando que os próprios mortos nos empurrassem, o que não daria certo e demoraria muito mais tempo do que esperávamos. Olhei para trás e o carro que Kevin dirigia, estava na mesma situação que o nosso. Eram em torno de pouco mais de trinta zumbis envolta dos carros, fora os que o Ray havia atropelado e passado por cima. Era agoniante ficar ali dentro sabendo dos perigos que enfrentávamos.

Infestação Zumbi (Origens)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora