22 - Jenny

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Estava na cozinha revirando a cesta que eu havia trago do posto, felizmente ainda tinha alguns pacotes de batata ships. Quando abria um, Sarah apareceu na cozinha com uma aparência bem melhor e menos ranzinza. Já era o início da manhã e me perguntava se ela ficara dormindo até aquele momento ou só não queria mesmo ter dado as caras desde mais cedo.

- Aceita? - perguntei puxando algum tipo de assunto.

- Não. - respondeu, pegando água da torneira mesmo. - Gostaria de algo mais forte para comer. Tipo um bolo de carne com purê de batatas.

- Infelizmente não temos essa opção de cardápio. - eu disse rindo. - Bem que eu gostaria, mas temos que guardar algumas comidas para reserva em caso de extrema necessidade.

Nossa sorte era que mamãe comprava bastante comidas enlatadas e eu não iria cozinhar sabendo que tem zumbis do lado de fora.

- Tia Susie fez esse café da manhã, mas está fria agora.

- Estou vendo. Na verdade, acho que não consigo comer nada mesmo. Fico enjoada só de me lembrar do que aconteceu lá fora.

- Não sabemos quando o governo irá controlar esta situação. - se é que o governo conseguiria tal coisa, eu queria tentar enganar a mim mesma sempre que podia, que tudo voltaria ao normal um dia. Em um futuro distante, talvez. - Pegue algumas batatas, elas não lembram nada nojento. São mais fáceis de descer.

Sarah me olhou por um momento e guardou o copo na pia. Logo, veio até mim e enfiou a mão no pacote de batatas chips e quando a retirou estava cheia.

- Obrigada. - sorriu ironicamente da cara que eu fazia.

- O que mais tem aí? - ela juntou a cesta e se debruçou sobre ela a procura de algo. - Hmm. - retirou uma latinha de Sprit que já se encontrava quente e uma embalagem de doces.

- Fique á vontade... - eu me sentei na pia e respirei fundo observando a garota se esbaldar na cesta.

Dali de dentro dava para ouvir passos e os grunhidos que vinham de fora, nossas conversas tinham de ser sempre baixas para que não nos escutassem e batessem que nem loucos nas paredes e portas.

- Sarah, você acha mesmo que vamos nos reencontrar com nossa familia novamente?

A garota me encarou parecendo procurar a resposta certa para dizer, mas não encontraria.

- Talvez. Talvez a minha familia tenha dado sorte e estão em casa seguros ou em outro lugar com mais pessoas.

Eu a olhei. Parecia que dizia aquilo apenas para se confortar.

- Acredito que sua familia também esteja. Afinal, soube que seu pai era delegado. - disse por fim, jogando no lixo a lata, a qual eu julgava estar pela metade ainda.

- Sim, ele é mesmo. Se ainda estiver vivo, certamente está ajudando mais pessoas.

Sarah limpou as mãos na calça e se sentou na bancada de mármore..

- Sabe, pelo que vivenciamos lá fora, acho difícil alguém pensar em ajudar o próximo com o mundo de cabeça para baixo. Sem querer ofender, mas, eu pensaria no meu próprio nariz. Não se iluda com isso. - suas palavras soaram frias feito uma pedra de gelo e sua expressão era quase indecifrável.

- Salvamos você. - eu não me deixaria abalar, papai não era esse tipo de pessoa. Sempre ajudava a quem podia, nunca discriminando, ao menos eu nunca presenciei nada parecido vindo dele. - meu pai não é desse jeito.

- Foi pura sorte, eu apareci na hora certa, apenas. E o que veio a seguir foi ao acaso e tudo reflexo da adrenalina, por isso estou aqui com vocês, mas pensando por outro lado agora, vejo que eu não estaria aqui se aquele ex-namorado de sua amiga não estivesse no seu caminho.

Infestação Zumbi (Origens)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora