Capítulo Dezessete - Em busca de segredos.

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O que era o corvo pousado na árvore, mesmo que a chuva caísse como um soneto triste e maldito.

O que era a prece silenciosa, onde a terra fofa afundava entre os saltos importados e os sapatos de grife.

O que era os jornais, gritando em palavras grandes, a tragédia...

O silêncio profano daqueles que estavam presentes, olhando para os três buracos feitos no chão. Os caixões lacrados, as rosas na tampa.

Ele não acreditava em que os jornais falavam. Parecia tudo um horrendo pesadelo. Um maldito pesadelo.

Família Thomeleeson está morta. A última esperança de reviver a descendência rica, de ter de novo, a glória e o poder.

Estão todos mortos.

Não haveria mais as benditas risadas dela, correndo no grande salão de festa. Nem do barulho da máquina de escrever dele, em alto som. O barulho da bengala de prata do patriarca nos corredores.

O som brutal da oração o atingiu como um soco. Ele não poderia aceitar que tudo acabasse daquela maneira.

Ele olhou envolta: Anastásia estava usando um vestido preto e óculos escuros, segurando uma rosa vermelha. Seu rosto era tão frio quanto sua alma precita, que contaminou a única filha, Regine.

A jovem Lancasys estava chorando, segurando soluços. Sua dor era visível, sua raiva era provável. Em mãos, segurava o colar da família Thomeleeson, o último presente de Ressay para ela, durante um jantar onde buscaram uma solução para tantas brigas entre as castas.

Regine e seus lindos fios de ouro estavam escondidos sob um véu negro. Seu vestido negro ocultava todo seu corpo. Em luto, pela permaneceria.

Havia também o jovem Geoff Payne, que portava uma beca militar, e estava de cabeça baixa, representando o completo respeito. Afinal, o patriarca que salvou sua vida, e seu nome.

Todos estavam lá, prestando suas condolências. E quando a língua original finalizou as despedidas com a palavra final, o barulho tórrido da terra sendo jogada no caixão o fez fechar os olhos com raiva.

Eu a amava.

Todos se dispensaram, deixando com que a chuva grossa molhasse apenas a terra. Os jornalistas estavam lá fora, esperando as lamentações fingidas para as câmeras, aproveitando-se da dor alheia.

Eles se foram.

Agora, o que restava era o lema da família, que se tornara um ditado para todas as famílias. Misteriosamente, as fotos da família haviam desaparecido de todas as casas e seu nome foi apagado da história.

Os coveiros continuaram trabalhando, olhando para o jovem rapaz paralisado na frente do caixão branco.

— Me perdoe, querida... — Ele sussurrou — Eu não desejava isso...

Os homens olharam para o rapaz, completamente constrangidos. O rapaz estava vermelho de tanto segurar as lágrimas, mas viu que não conseguiria.

Ele se deixou chorar com a chuva. Caindo de joelhos, ele jogou a dália entre a terra e se levantou. Olhou para as outras covas e então, permitiu bater continência para a primeira e depois, murmurar desculpas e uma prece.

De longe, ele viu aquele vulto.

O vulto negro que acompanhara todo o cortejo fúnebre.

Usava apenas uma capa e estava sempre afastado. Ele não se sentia confortável sob os olhares de quem se escondia.

Seguindo em direção, ele começou a apressar o passo, mas então, sentiu que o vulto iria desaparecer.

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