| Capítulo Oito | Bad Things

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Saint

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Saint

Eu observo o brilho feliz dos seus olhos e é inevitável eu não me sentir ainda mais feliz por saber que pude lhe proporciona isso. Encosto-me contra o batente da sua porta e observo suas mãos tocarem uma peça prateada, com muita apreciação.

— Nunca teve uma assim? — ela se assusta, mas sorri quando me vê parado aqui.

— De onde eu vim, vestir apenas uma roupa de baixo  já era luxo o suficiente. Isto, — ela segura a peça. — é um inacreditável! — eu rio com o seu entusiasmo e dou alguns passos, entrando totalmente em seu quarto bem arrumado.

— Sabe que pode mudar esse quarto. Ele parece vazio com essa decoração. — cruzo os braços.

— Já temos decoração o suficiente nessa casa só com o seu corpo por aí. — ela ri e guarda a última roupa em seu guarda-roupas. Seus olhos passam por todo o meu corpo coberto por uma calça e casacos de moletom. — Gosto simples, faz-me feliz o suficiente. Obrigada.

Eu rio também.

— Bem, nem sempre, então. Terão dias que eu estarei coberto, como agora, já que está frio. E fico feliz que esteja confortável aqui.

— Bem, para isso existe o aquecedor e, então, você poderá voltar a andar sem camisa por aí. — Pérola dá de ombros e, por centésimos de segundos, fico sem falas. Talvez eu tenha corado um pouco. — Você é tímido quanto à isso? Está vermelho como uma pimenta. — agora ela ri de mim sem a mínima pretensão de esconder.

— Você só me pegou desprevenido. Você fala as coisas com muita naturalidade. — passo a mão pelo cabelo, nervoso. O por quê de estar nervoso, eu não sei.

Ou sei? Meu motivo está à minha frente rindo de mim.

Ela balança a cabeça, ainda rindo.

Um trovão soa lá fora, a assustando. Sorrio ao escutar o seu gritinho agudo.

— Medo de tempestades?

— Algo assim. Você tem fome? — ela pergunta quando passa por mim, indo em direção à porta.

— Não, o lanche no shopping me deixou satisfeito. — passo pela porta e sigo em direção ao corredor, logo atrás dela.

— Você é bem grande, para alguém do seu tamanho, você come pouco.  — ela olha rapidamente sobre o ombro e quase me pega com os olhos focados em sua bunda que se move perfeitamente em seu shortinho de dormir.

— Eu comia, mas depois de tanto tempo fora e com a alimentação quase escassa, me acostumei a comer pouco. — dou de ombros, mesmo que Pérola não esteja vendo. Terminamos de descer os lances de escada e eu espero ela seguir, para que eu vá atrás. Porra, eu pareço um filhotinho atrás da sua dona!

Seria cômico se não fosse tão vergonhoso.

Honrando o meu par de bolas, ao invés de segui-la em direção à sala, decido ir à cozinha. Apoio-me na bancada de granito da cozinha e tento me controlar de todas as formas possíveis, principalmente os meus pensamentos, como venho tentando fazer há tempos. Não sei o que acontece comigo quando estou próximo dela. Sinto algo inexplicável, algo que nunca senti e, sequer, imaginei sentir um dia. Ela deveria ser apenas alguém que eu teria o prazer de ajudar, mas, agora, tenho sentido muito além desse tipo de prazer.

BurnWhere stories live. Discover now