Eu via todo o medo refletido no castanho dos seus olhos. Dizem que os olhos são os espelhos da alma e, definitivamente, eram os espelhos da sua.
Seu corpo tremia suavemente contra o meu e eu só pensava em protegê-la de tudo à nossa volta como se a m...
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Saint
Eu observo o brilho feliz dos seus olhos e é inevitável eu não me sentir ainda mais feliz por saber que pude lhe proporciona isso. Encosto-me contra o batente da sua porta e observo suas mãos tocarem uma peça prateada, com muita apreciação.
— Nunca teve uma assim? — ela se assusta, mas sorri quando me vê parado aqui.
— De onde eu vim, vestir apenas uma roupa de baixo já era luxo o suficiente. Isto, — ela segura a peça. — é um inacreditável! — eu rio com o seu entusiasmo e dou alguns passos, entrando totalmente em seu quarto bem arrumado.
— Sabe que pode mudar esse quarto. Ele parece vazio com essa decoração. — cruzo os braços.
— Já temos decoração o suficiente nessa casa só com o seu corpo por aí. — ela ri e guarda a última roupa em seu guarda-roupas. Seus olhos passam por todo o meu corpo coberto por uma calça e casacos de moletom. — Gosto simples, faz-me feliz o suficiente. Obrigada.
Eu rio também.
— Bem, nem sempre, então. Terão dias que eu estarei coberto, como agora, já que está frio. E fico feliz que esteja confortável aqui.
— Bem, para isso existe o aquecedor e, então, você poderá voltar a andar sem camisa por aí. — Pérola dá de ombros e, por centésimos de segundos, fico sem falas. Talvez eu tenha corado um pouco. — Você é tímido quanto à isso? Está vermelho como uma pimenta. — agora ela ri de mim sem a mínima pretensão de esconder.
— Você só me pegou desprevenido. Você fala as coisas com muita naturalidade. — passo a mão pelo cabelo, nervoso. O por quê de estar nervoso, eu não sei.
Ou sei? Meu motivo está à minha frente rindo de mim.
Ela balança a cabeça, ainda rindo.
Um trovão soa lá fora, a assustando. Sorrio ao escutar o seu gritinho agudo.
— Medo de tempestades?
— Algo assim. Você tem fome? — ela pergunta quando passa por mim, indo em direção à porta.
— Não, o lanche no shopping me deixou satisfeito. — passo pela porta e sigo em direção ao corredor, logo atrás dela.
— Você é bem grande, para alguém do seu tamanho, você come pouco. — ela olha rapidamente sobre o ombro e quase me pega com os olhos focados em sua bunda que se move perfeitamente em seu shortinho de dormir.
— Eu comia, mas depois de tanto tempo fora e com a alimentação quase escassa, me acostumei a comer pouco. — dou de ombros, mesmo que Pérola não esteja vendo. Terminamos de descer os lances de escada e eu espero ela seguir, para que eu vá atrás. Porra, eu pareço um filhotinho atrás da sua dona!
Seria cômico se não fosse tão vergonhoso.
Honrando o meu par de bolas, ao invés de segui-la em direção à sala, decido ir à cozinha. Apoio-me na bancada de granito da cozinha e tento me controlar de todas as formas possíveis, principalmente os meus pensamentos, como venho tentando fazer há tempos. Não sei o que acontece comigo quando estou próximo dela. Sinto algo inexplicável, algo que nunca senti e, sequer, imaginei sentir um dia. Ela deveria ser apenas alguém que eu teria o prazer de ajudar, mas, agora, tenho sentido muito além desse tipo de prazer.