Eu via todo o medo refletido no castanho dos seus olhos. Dizem que os olhos são os espelhos da alma e, definitivamente, eram os espelhos da sua.
Seu corpo tremia suavemente contra o meu e eu só pensava em protegê-la de tudo à nossa volta como se a m...
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Saint
-Boa noite. -eu respondo à minha mãe quando me levanto da mesa, a deixando com algumas de minhas tias e primas. Fui arrastado para uma longo conversa sobre Pérola, todas pareciam bastante interessadas em saber o que acontecia entre mim e a mulher que vive em minha casa. Nada. Eu só a ajudo até que ela consiga se estabelecer. Que loucura, Cameron, não posso ter sentimentos por ela, eu ri, na verdade eu não tenho! Eu repeti tantas vezes para elas, que quase acreditei.
Acho que não foi o suficiente. Bom, às vezes nós nos beijamos também. Mas isso é normal, huh?
A todo momento eu sentia os olhos da minha mãe. Analisando a forma que eu mordia o piercing que voltei a usar no lábio, depois de tanto tempo. Analisando a forma que, constantemente, minhas mãos passavam incontroláveis pelos meus cabelos.
-Eu aposto quinhentos dólares que até o final do ano ele vai estar em um relacionamento sério com ela. -eu ouço o sussurro de uma das minhas primas quando me afasto. Pergunto-me mentalmente aonde foi que Pérola se enfiou.
Pode estar com Sammy, afinal, ele gostou bastante dela. Tenho ânsia. Esse pensamento me faz doente. Balanço a cabeça me livrando desses pensamentos.
-Porra, eu aposto que ele vai estar em um relacionamento com ela em setembro. -minha irmã retruca e eu rio silenciosamente, as ignorando.
Subo as escadas e ao chegar no vasto corredor, estranho a porta do meu quarto entreaberta e lá dentro, as luzes acesas.
Empurro a porta e me surpreendo ao ver Pérola no meio do quarto enrolada em uma toalha. Meus olhos, sem permissão, passeiam por todo o seu corpo. Volto a olhar os seus olhos e franzo a sobrancelha, confuso.
-O que você...?
-O que você está fazendo aqui?
Nós começamos a falar na mesma hora, mas ela conclui.
-Eu vim tomar um banho para dormir. -dou de ombros entrando totalmente no quarto, fechando a porta atrás de mim.
-Ah, e só tem banheiro aqui? -ela aperta a toalha contra o seu corpo com mais pressão e se afasta.
-Não, mas esse é o meu quarto desde que eu tenho quatro anos. -eu retruco, sorrindo quando percebo o seu espanto. Ela olha envolta e suspira, relaxando os braços na toalha. É maldade eu pedir que essa toalha caia sobre os seus pés?
-Bem, isso explica a decoração. É linda, aliás. -faz alguns meses que nós convivemos juntos e eu quase não percebia mais o quão forte é o seu sotaque. Porra, e eu amo o som da sua voz com ele.
