capítulo dezesseis | pérola

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Pérola

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Pérola

Eu não consigo entender o que se passa na sua cabeça quando ele age como se fosse o meu dono. Como se eu fosse a sua propriedade.

Tem algo doente nisso.

E o pior é que eu me sinto quente quando ele é possessivo comigo, e droga, eu sei o quanto errado isso é. Essa não sou eu.

O quanto eu mudei?

Prendo o meu cabelo em um coque alto, para que deixem o meu pescoço suado livre. Recolho os produtos de limpeza que usei e os levo para a pequena área da casa de Jen.

Volto para o meu novo quarto e suspiro, sentando-me na cama.

Até quando eu vou precisar estar na casa das pessoas? Eu queria poder ser completamente independente. Eu pensava que um trabalho e documentos legais seriam o suficiente. Mas não. Eu preciso de uma casa. De estabilidade. Até quando Saint e sua família estariam dispostos a me ajudar? Eu não quero me tornar um peso para ninguém.

-Consigo escutar as engrenagens do seu cérebro lá do meu quarto. -escuto a voz risonha de Jen e levanto os olhos vendo-a entra em meu quarto.

-Eu estou só pensando. -encosto na cabeceira da cama para que ela possa se sentar na cama também.

-Em quê?

-Na minha vida.

-Qual o problema? Eu sei que tem algo acontecendo aí. -ela toca a minha cabeça e puxa um dos meus cachos que escapou do coque, brincando. Eu sorrio.

-Eu estava pensando até quando a sua família estaria disposta a me ajudar. Não posso ficar pra sempre escondida nas asas de vocês. -eu prendo o lábio inferior entre os dentes e fecho os olhos.

-Nós estaremos por você até que não precise mais de nós. Amamos você. -ela cutuca a minha barriga, fazendo cócegas e eu me contorço, rindo um pouco.

-As coisas não são tão simples, Jen. -abro os olhos e a vejo me observar.

-Claro que são. -ela da de ombros.

-Não são. Até quando Saint vai cuidar de mim? Ele não tem obrigação... -eu desvio os olhos do seu. -Se ele... Bom, parasse... Eu não o julgaria. Nós não somos nada. -dou de ombros.

-Sabe, Pérola, quando eu tinha nove anos eu escalei uma árvore tão alto quanto pudia. A todo tempo eu escutava a voz de Saint abaixo de mim pedindo para que eu descesse, ou me machucaria. Eu não ligava. Queria receber atenção dos meus pais, ao menos uma vez na vida. Queria ser tão importante quanto Saint que sempre foi o menino de ouro. -ela ri.

-Menino de ouro?

-Sim. Saint sempre foi incrível. Protetor e generoso. Às vezes eu sentia tanta inveja do quão bom aquele cara era. As pessoas o amavam, Pérola. Sempre.

-Consigo entender o porquê. -eu sorrio pensando em como aquele homem pode ser incrível. O brilho constante dos seus olhos, seus sorrisos doces e suas atitudes que contradizem a sua aparência.

-Eu não lembro o que eu fiz naquele dia, mas eu estava de castigo, então quando os meus pais se distrairam eu subi a árvore como se fosse adiantar de alguma coisa. Eu acho que pensava que se eu deixasse os meus pais com medo de me perder, eles me amariam mais do que amavam Saint. -ela ri, negando com a cabeça. -Eu fui uma criança hiperativa. Quando cheguei no topo da árvore eu conseguia ver Saint lá embaixo me observando. Eu xinguei ele de um monte de coisas, mas ele não saia dali. Me irritava que mesmo que eu fosse uma cadela, ele estava alí para me proteger. -ela suspira. -Lembro-me dele me dizer que eu cairia. Eu não acreditei. Mas em um segundo eu estava no topo, noutro eu estava estirada no chão com Saint abaixo de mim. -ela deu de ombros e eu vi o brilho de lágrimas nos seus olhos. -Pérola, quando ele viu que eu estava em um queda de dez metros para o chão ele se posicionou abaixo de mim para amortecer a minha queda. Ele tinha nove anos, eu acho. Nove anos.

-Uau.

-Ele sempre foi tão forte. -ela sorri perdida em suas lembranças. -Naquele dia ele quebrou o braço por causa do meu peso. Você não sabe o quão culpada eu me sentia. Quando ele voltou do hospital com o seu gesso azul o meu coração rachou-se no meio. Eu estava com tanto medo dos meus pais me odiassem... Eu tinha sete anos, não pensava muito nas coisas. Eu chorei tanto. Com tanto medo.

Eu toco a sua perna quando uma lágrima escorre pela sua bochecha, mas ela ainda sorri.

-Saint sabia do meu medo, ele me conhecia. Quando os nossos pais chegaram aquele dia, eles só me abraçaram e disseram o quão corajosa eu era. Eu fiquei sem entender. Eu deveria estar de castigo por ter quebrado o braço do meu irmão, não é? Mas não. Saint os disse que prendeu a sua bola no topo da árvore e que não era corajoso o suficiente para escalar, então eu me ofereci para pegar por ele. Ele mentiu por mim.

-Saint é incrível. -sussurro.

-Sim. Eu não precisei dizer nada a ele. Ele viu o quão grata eu estava. Ele me abraçou tão forte, eu me senti tão pequena, tão má... Mas ele me disse que sempre estaria presente para cuidar de mim. Independente do momento ou da minha idade. Ele disse que seria o meu melhor amigo e que só estaria feliz, se eu estivesse feliz.

Com nove anos Saint já era a sombra do homem que é hoje em dia. Meu coração esquenta quando penso nas coisas que ele fez por mim, por tudo que ele passou para que eu estivesse a salvo. Penso em como ele abriu mão de coisas grandes para que pudesse salvar as pessoas. Esse cara é incrível. Eu preciso dele pra sempre em minha vida. Acho que eu amo Saint.

Na verdade, eu o amo. Ele é o meu anjo.

-Sabe o porquê de eu estar te contando tudo isso? -ela se levanta da cama e para na porta, me observando. Eu nego com a cabeça. -Por que da mesma forma que Saint sempre esteve abaixo de mim para me segurar, ele vai estar por você. -ela sorri. -Boa noite, cunhadinha. -então ela sai.

Sorrio e corro para a porta a vendo enfrente a porta do seu quarto.

-Ei, Jen. -ela se vira para mim.

-Sim?

-Eu estou indo para casa, você pode me dar uma carona? -o sorriso que se espalha por todo o seu rosto deve ser o reflexo do meu.

-Porra, você demorou. -então nós rimos um pouco e eu volto para o quarto, organizando as minhas coisas.

Saint não vai me ter por longe por muito tempo.

Que você esteja por mim sempre.

Se for para cair, que no final eu esteja pousando em seus braços.




💛💛💛💛💛💛💛💛💛💛💛

Se tem alguém que não gostava do Saint, já podem mudar de idéia... gente, ele é um amorzinho de pessoa!
Espero que tenham gostado desse capítulo!

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