capítulo doze | dark horse

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Saint

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Saint

Você vai ser meu quando eu quiser que seja.

As suas palavras passam pela minha mente várias e várias vezes, deixando-me ainda mais confuso. Quando eu me tornei essa bola de confusão? Certamente, depois que Pérola surgiu em minha vida.

Agora ela tem um emprego. Não entendo por que eu me sinto tão estranho com a idéia de ela poder se virar, ir embora, seguir a sua vida... é difícil imaginar-me sem ela daqui á um dia, uma semana, um mês, um, dez ou cem anos. Talvez eu só tenha me acostumado com a idéia de tê-la sempre por perto. Eu deveria estar feliz por ela, huh?

Eu acabo de chegar em casa, depois de ter tido uma longa reunião com investidores da impresa do meu pai. Tudo o que eu preciso é de um banho. Talvez de um pouco de Pérola, penso.

Logo, recuo com o pensamento e me repreendo. Depois do longo feriado com a minha família, decidi que também dificultaria as coisas para Pérola. Não serei sua válvula de escape. Não serei temporário. Serei hoje e sempre, ou não serei nunca. Durante a nossa viagem de volta eu fui o mais distante possível e era perceptível o quanto isso a incomodava. Isso já fazem duas semanas.

Nesse tempo uma creche a acionou e ela começou a trabalhar como auxiliar no cuidado com as pequenas e barulhentas crianças. E elas realmente são, comprovei quando um dia fui levar uma das planilhas de Pérola em seu trabalho. Porra, fiquei louco em dez minutos com aquelas crianças à minha volta. Elas choravam, cutucavam as minhas tatuagens, gritavam e corriam como loucos. Tenho arrepios só de lembrar.

Mas eu assisti de perto a felicidade de Pérola em estar rodeada de crianças e como ela era boa para elas. Pensei em como ela seria para os meus filhos.

Eu balanço a cabeça, livrando-me desses pensamentos.

Porra, eu só não posso mais ser usado, e permitir como um cachorro que necessita de atenção. Ela pode me dar mais que isso, certamente. É quente a forma como ela pode me controlar, como ela pode mandar e fazer-me obedecer, como se eu fosse um soldado. E eu sou. Por isso tenho que honrar as minhas bolas e fazê-la enxergar que eu não sou seu brinquedo.

Lembro-me de como as coisas ficaram á quatro noites atrás, como ela me encarou chocada depois de eu ter virado o rosto quando ela inclinou-se sobre o sofá para me beijar. Tive que reunir toda a minha força de vontade para não puxá-la e estender o seu corpo sobre o meu. Quando eu recusei a encará-la, ela ficou ali parada na minha frente pelo que pareceram longos minutos. Ela bufou e subiu as escadas, pisando tão forte quanto podia. Eu segurei a risada quando percebi que as minhas atitudes a estavam incomodando tanto. Eu gostei da forma como ela passou a me observar, desde então.

BurnWhere stories live. Discover now