Capitulo 3

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-E aí. Como foi a entrevista?

-Clarisse me pergunta. 

-Ótima, consegui o trabalho. Mas tem uma coisa que eu tenho que te falar. 

-O que é?  

Milena está no chão brincando e não quero que ela ouça. 

-Amor da mamãe - ela me olha - vai brincar no quarto, que a mamãe vai conversar com a tia Clarisse. 

-Conversa de adulto né mamãe - ela revirou os olhos e foi para o quarto. 

-O que foi? - ela me pergunta curiosa. 

-O meu chefe é o pai da Milena. 

-Não acredito. Ele não te reconheceu? 

-Ainda bem, que não. Vou começar amanhã e fico a semana toda e só saio nos finais de semanas. Você pode pegar a Milena na creche quando você chegar e ficar com ela? 

-Claro Gabi. Conta comigo para tudo. 

***

Acordei bem cedo pra me arrumar. Beijo minha filha na testa e saio. Seis da manhã já me encontro no ponto esperando o ônibus para o Leblon.  

Só de pensar que vou ficar uma semana longe da minha princesinha meu coração aperta. Chego na casa do Gustavo quase às sete e meia.  

A empregada velha ainda estava lá. Só iria ficar lá hoje para ensinar a fazer as coisas do jeito em que o Gustavo gosta. 

-Bom dia - chego meio envergonhada na cozinha segurando fortemente minha bolsa. 

-Bom dia Gabriela - ela me lança um sorriso radiante.  

Ela tinha cara de ser um amor de pessoa. 

-Meu nome é Rosa. Vou ensinar alguns macetes para você, mas só vou ficar aqui até hoje. 

-O Senhor Gustavo me disse. 

-Ah, que ótimo. Vamos preparar o café da manhã dele. Naquela porta à direita é seu quarto.  

Ela apontou para um corredor. 

-Pode ir se trocar. Tem uniformes no guarda-roupa lá.  

Assim fiz. Fui até o quarto que por sinal, é bem espaçoso. Deixei minha bolsa em cima da cama e fui me trocar no banheiro que tinha ali.  

O uniforme ficou meio minúsculo em mim. Se eu me abaixasse aposto que daria pra vê o que não deve. Voltei para a cozinha onde Rosa se encontrava.

Começamos a fazer o café da manhã.   Rosa começou a falar coisas sobre ele, de tudo o que gosta. Me senti frustrada por saber de cada coisa dele, como ele gosta das coisas. Por um segundo me senti arrependida por aceitar esse emprego.  

Mas esse arrependimento passou logo quando eu pensei na Milena.  

Ele pode descobrir tudo? 

Pode!  

Posso me lascar no meio disso tudo e ele descobrir da Milena?  

Obviamente que sim.  

Mas infelizmente preciso da grana para manter a estabilidade da vida da minha filha.  

Eu nem sei o que eu faria se ele descobrir da Milena. Mas nunca vou querer nada que venha dele. Milena sempre quis ter um pai, presente na vida dela. Acho que se ela descobrir desse pai ela vai ficar com raiva dele.   Por que acima da vontade que ela tem de ter um pai, ela tem raiva por não ter um. Tendo só cinco anos, mas a Milena é muito inteligente. 

-Gabriela? - Rosa me gritava.  

Balancei a cabeça tentando afastar esse pensamento maluco meu e voltar para o serviço. 

-Oi Rosa, me desculpe. 

-Tem que ficar mais alerta menina. Pega os pratos e os talher e leva para a mesa.  

Obedeci a Rosa fazendo o que ela mandou. Até estranhei quando ela mandou eu colocar as coisas em dois. Será que ele tem alguém?  

Mas por que você está se preocupando tanto com isso Gabriela? Ele não é nada seu.

NADA!  

Arrumei a mesa e ajudei a Rosa a colocar as coisas na mesa, quando a gente acabou de arrumar as coisas na mesa, ele desceu.  

Todo arrumado em seu terno engomado. Ele tem um ar autoritário agora. Não tem mais aquela cara de moleque que me engravidou e me expulsou da sua casa.  

Agora ele tem uma cara bem pior!  Rosa tomou sua postura e eu a imitei. Fiquei bem observando ele. Ele se sentou e olhou bem para o bolo de chocolate que eu fiz. Ele retirou um pedaço e colocou em seu prato.  

Fiquei bem olhando a expressão dele quando ele levou o primeiro pedaço a boca. A expressão dele é indecifrável. Foi quando uma mulher bem bonita desceu as escadas.  

Ela tem cara de esnobe. E eu odeio pessoas esnobes, então de cara já não fui com a cara dela. Mas não tenho que ir com a cara de ninguém. Só tenho que fazer meu trabalho.  

Ela se sentou e me olhou da cabeça aos pés. 

-Essa aí que é a nova empregada Gustavo? - apontou para mim e me olhou com cara de nojo e depois o encarou.  

Ele a olhou de soslaio e assentiu pegando mais um pedaço do bolo. 

-Quem fez esse bolo? - ele não esperou a resposta e concluiu - está divino!

-Foi a Gabriela senhor Gustavo - Rosa disse sorridente. 

-Parabéns Gabriela. Você faz um ótimo bolo de chocolate.  

Será que ele não me reconheceu mesmo, ou só esta fazendo teatro? 

-Muito obrigado - falei envergonhada.  

Não sei bem agir quando recebo um elogio. Fico parecendo um tomate de vergonha. A tal da Rebeca ficou olhando bem para mim, olhando não encarando.  

Nem liguei para ela. Se ela acha que eu vou dar um mínimo de ibope para ela, esta muito enganada meu amor. O que eu sei bem é ignorar as pessoas insignificantes na minha vida.  

Eles acabaram de tomar o seu café e retirei as coisas da mesa. Gustavo deduzir que foi trabalhar. E a desocupada da Rebeca está na sala lendo uma revista de moda.  

Fui ajudar Rosa a fazer o almoço. Cortei algumas coisas que ela pediu. 

-Ah Rosa. Vamos mudar o cardápio hoje, quero fazer uma surpresa para o meu marido - ela falou "meu marido" com ênfase me encarando.  

Me deu vontade de rir, mas me contive. Me deu mais raiva que eu e a Rosa já estávamos quase acabando de fazer o almoço. Eu aposto que ela fez isso de propósito, se ela tá achando alguma coisa ruim. Que venha me falar.

Fate Of LoveWhere stories live. Discover now