Capitulo 5

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Hoje é mais um dia para voltar para aquele inferno de trabalho. Mas tenho que aguentar tudo isso pela Milena.   Chego naquela casa rezando para não encontrar a cobra criada que mora aqui, mas é totalmente em vão.  Quando estou passando da sala para a cozinha ela me chama. 

-Gabriela - ela vem até a mim - atrasada dois minutos. 

Reviro os olhos. 

-Isso não vai mais se repetir dona Rebeca.  Ela me encara com uma cara de nojo. 

-Se me dê licença tenho que ir preparar o café da manhã do Gustavo. 

-Gustavo? Que intimidade é essa Gabriela? Ele é seu patrão, respeito é bom e eu gosto. 

Ela terminou de falar e subiu. Que mulher insuportável!  Começo a fazer as coisas na casa. Hoje é dia de limpar o escritório do Gustavo. Depois de preparar o café da manhã, os dois desceram para tomar café. 

Rebeca só faltava me comer com os olhos. Não parava de me fuzilar. Eles terminaram o café da manhã e retirei tudo da mesa. 

Parece que o Gustavo não vai trabalhar hoje. Porque já são quase dez da manhã e ele não foi trabalhar ainda. 

Vou na área de serviço e pego os materiais de limpeza para limpar o escritório. 

Regresso até lá com os produtos na mão. Abro a porta e me deparo com muitas estantes com livro. 

Não iria acabar isso hoje!  Começo tirando as poeiras dos livros e das estantes. Tenho uma escada para me auxiliar nos lugares altos. 

Depois de limpar os livros fui para sua mesa, limpar as coisas lá. Tem um porta retrato em cima da mesa de quando ele ainda estudava comigo. 

Aquele sorriso, que me fez perder o final da minha adolescência e meus sonhos. Porque afinal tive que largar tudo para cuidar da Milena sozinha.  Coisa que não foi fácil, ainda mais sem o apoio de ninguém. Depois de um tempo que encontrei Clarisse. Que foi um anjo na minha vida. 

Fico olhando o porta retrato é quando Gustavo entra no escritório. Ele não estava trajando seus ternos engomados. Tava de bermuda e camisa polo, bem simples. 

O estilo de roupa dele nunca mudou. Na verdade, ele não mudou muito, mas eu sim. Mudei, amadureci mais do que eu já era madura. 

Aprendi muito com a vida. Ser mãe sozinha não é fácil, pior ainda quando você sabe quem é o pai da sua filha e ele a rejeitou. 

-Está limpando aqui? - ele pergunta. 

-Sim. Mas já estou acabando.  Ele vem até a mim e fica do meu lado, muito perto de mim. Ele pega o porta retrato da minha mão. 

-Era quando eu ainda estudava. Foi uma época muito boa. 

-Estou vendo, pelo seu sorriso.  Ele sorri sem mostrar os dentes. 

-Apesar de ter sido uma época muito boa. Fiz muitas besteiras de que eu me arrependo muito Gabriela. Coisas que agora eu não me agrado de ter feito. Eu mudei muito do que eu era antes. 

-Hum - murmuro. 

-Eu não tinha um pingo de personalidade. 
Verdade! 

-Eu acho que eu tenho uma filha ou um filho, no qual eu não quis assumir.  Meu coração gela. Ele não pode descobrir sobre a Milena, não pode mesmo. 

Mas sei na roubada que me meti vindo trabalhar aqui, sei que ele uma hora ou outra vai descobrir quem eu sou.  E hoje mesmo vou contar tudo a Milena, sobre o pai dela. O que ele fez comigo e como ele realmente é!  Apesar dela ser pequena ainda mas ela é muito inteligente, ela vai entender tudo direitinho. 

Ela tem que saber que o pai dela a rejeitou, que ele não quis saber dela, e tenho que contar isso antes que ele descubra quem eu sou de verdade.  Que eu sou a Gabriela que ele engravidou e que ele rejeitou grávida de uma filha dele. 

-Você me lembra muito uma menina da minha sala. Ela que é a mãe do meu filho ou filha - ele sorri de lado. 

-E você nunca mais viu ela? 

-Ela sumiu, desapareceu. Depois de um tempo que ela foi na minha casa dizer que estava grávida de mim, eu me senti totalmente culpado. Foi uma aposta inconsequente, idiota. 

-Deve ter sido difícil para ela cuidar de uma criança sozinha - digo com a voz embargada. 

-Talvez os pais dela ajudou ela - ele fala colocando o porta retrato em cima da mesa. 

-Talvez não - digo e ele se vira para mim e me olha. 

-É, talvez não. Deve ter sido mesmo, difícil para ela. Eu queria muito conhecer minha filha ou meu filho. 

-Mas você acha que ela iria deixar você vê sua filha - ele me olha e franzi a testa - ou o seu filho - completo. 

-Acho que não. Ela iria querer que eu me afastasse. Eu fiz muito mal a ela, com certeza ela perdeu a vida dela tendo que cuidar do bebê. Ela tem um gênio muito forte. 

-É, talvez ela queria você bem distante. 

-É, talvez - ele completa. 

-O que você faria se encontrasse sua filha? 

-Não sei bem se é filha ou filho, mas porque você falou filha?  Congelo. 

-Sei lá, intuito de mulher. 

-Ah sim, eu iria pedir mil desculpas a ela por não ter participado da vida dela. 

-E se ela não quiser vê você e saber que você a rejeitou. 

-Eu vou tentar conquistar o amor dela. 

-Se ela não quiser você perto dela? - rebato. 

Ele me olha com curiosidade, ele abre a boca e fecha, quando ele vai falar algo. Rebeca adentra no escritório e me fuzila. 

-O que você está fazendo aqui com o meu marido? 

-Estou fazendo meu serviço, limpando aqui. 

-Gustavo, vamos temos que ir logo. 

-Vamos - ele me olha novamente e sai do escritório. 

Fica eu e Rebeca sozinhas. Ela caminha em passos calculados até a mim. 

-Olha aqui, você não se mete com o Gustavo, você não sabe o que eu sou capaz para não perder o Gustavo. 

-Isso é uma ameaça? - arqueio a sobrancelha. 

-Entenda como quiser meu docinho. Agora termine o seu trabalho, que é esfregar o chão.

Fate Of LoveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora