eu sempre fui boa em partir.

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Já perdi as contas de quantas vezes eu fui embora, fugi da situação. Para mim, sempre foi mais fácil andar pra longe, do que enfrentar as consequências.

Eu lidava com a dor em um lugar novo, colocando ela numa caixa que os olhos não pudessem alcançar. Eu via novas pessoas e novos lugares, eu só não contava com o fato de que cada nova pessoa, teria um traço seu.

Ou, eu os confundiria pensando que era você porque aquele era um desejo secreto que eu jamais admitiria, cada novo lugar tinha algo que eu sei que você amaria conhecer. E aquilo tornava cada passeio sem graça.

Eu sempre fui boa em fazer as malas, jogar tudo dentro de uma caixa e andar pra longe.
Eu nunca te disse adeus, porque eu nunca quis dizer adeus, eu sempre ia embora, achando que a vida ia ser legal comigo e te trazer de volta.

Eu nunca disse adeus, pra não ficar registrado na nossa história que eu fui covarde demais. Porque, uma vez escrito, a vida não apaga.

Eu só me esqueci que atos são muito mais marcantes de que qualquer palavra dita e não importava o quanto eu pedisse pra vida te trazer de volta, ela não traria. Ela sempre sussurrava pra mim: — Você quer ele de volta, quando foi você que andou pra longe e expulsou ele da sua vida? Você não merece ele. Já o destruiu uma vez. Fique longe.

E a vida tava certa. Eu sempre fui boa demais em partir, seja corações ou qualquer outra coisa. Sempre fui boa.

textos que destroemWhere stories live. Discover now