Cassandra

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Cassandra não entendia direito o por que tinha sido a única que continuava acordada, suas irmãs tinham desmaiado, e nesse momento estavam flutuando ou algo parecido com isso, uma névoa branca envolvia todo o corpo delas, fazendo com que elas ficassem suspensas no ar. Cassandra tinha problemas mais importantes nesse momento, ela já tinha uma suspeita de quem ele era, agora ela só queria saber o que ele queria com ela.

— Goiá? — Perguntou Cassandra.

— Sim criança — respondeu o deus da morte.

— Qual será o meu teste? — Questionou Cassandra — Eu achei que depois do trem eu não seria mais testada.

— Nenhum de nós testamos você no trem, — respondeu Goiá — nossas ordens eram para os testes começarem depois que uma de vocês encontrasse o Liberum Tenebris.

— Dois irmãos, — disse Cassandra — uma menina e um homem, eu fui atacada no trem por eles, depois da visita de Minerva, achei que isso poderia ter sido um teste.

— Pele preta e pele branca? — Perguntou Goiá — Olhos vermelhos?

— Sim — respondeu Cassandra.

— Eles não estão aqui para testar vocês, estão aqui para nos supervisionar — disse Goiá com um ar diferente na voz.

Cassandra não entendia por que Goiá estava sendo tão amistoso com ela, ele estava respondendo tudo o que ela perguntava, esse não era definitivamente o deus que ela esperava. No silêncio ela percebeu que ele a olhava com uma certa ternura, ela não entendia o porquê, nem o que ele queria com tudo isso.

— Por que você está sendo tão gentil comigo? — Perguntou Cassandra.

— Eu deveria ser grosseiro? — Retrucou Goiá.

— Não sei, só não entendo o que de fato você quer — disse Cassandra.

— Você já é capaz de nos escutar, não é? — Questionou Goiá.

Cassandra ponderou se devia responder a verdade ou não, mas daí se lembrou que estava dialogando com um deus, que suas irmãs poderiam estar em perigo e nenhuma mentira a ajudaria nesse momento, ela precisava entender rapidamente quais eram as segundas intenções dele, ser testada logo e ajudar as irmãs.

— Você não vai me testar? — Perguntou Cassandra.

— Você mentiu pra elas, você consegue entender o que nós dizemos, — disse Goiá — em algum momento você vai escutar algo que você não vai gostar.

— Como você sabe disso, e como eu posso escutar o que os deuses falam? — Perguntou Cassandra.

— O ritual que vocês fizeram para Minerva, — respondeu Goiá — não era um simples ritual para clamar a um deus, nunca é um simples ritual, nada é simples. Quando você clamou a mim, ofereceu sua fragilidade em troca, e eu aceitei, meu preço é sempre matar algo, desde um sentimento à uma vida. Clamar por um deus sempre tem um preço, ela é a deusa da magia e sabedoria, seu preço é desatar alguma magia a que estavam presas ou iluminar a sabedoria que vocês poderiam possuir, você é a única que possuía algo, você sempre teve esse dom, mas por medo, a mestiça bloqueou isso em você, Minerva desatou todas as amarras desse dom, você ainda não tem noção de todo o seu poder, ele ainda está acordando, até o fim de nossa conversa, você verá o quão forte você é.

— Minha mãe fez isso? — Perguntou Cassandra com lágrimas nos olhos.

— Agora que você sabe toda a verdade, eu quero que você veja algo — disse Goiá estendendo sua mão esquerda para Cassandra.

Cassandra sentia-se enganada, porque a mãe fizera isso com ela, tudo poderia ter sido diferente, esconder algo tão poderoso de Cassandra, por quê. E o que Goiá queria com ela, ela estava totalmente desconfiada de todas as ações de Goiá, mas sabia que não era capaz de confrontá-lo, então num ato sutil, estendeu sua mão direita e pousou-a em cima da mão de Goiá.

Filhas da PerdiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora