Cassandra

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Cassandra ainda estava assusta com o desespero de Marina, ela ainda tentava entender tudo que havia acabado de acontecer, uma deusa tinha mentida para sua irmã, a mentira era o teste ou Marina nem teria seu teste de fato. Todos os pensamentos de Cassandra foram interrompidos quando ela sentiu um cheiro forte e marcante.

— Vocês estão sentindo? — Perguntou Cassandra.

— Sim — respondeu Olivia.

— Sim — respondeu Marina tristemente.

Cassandra estava sentindo o cheiro forte de canela e flores copo-de-leite, também sentia uma tristeza que sabia quem era o causador. Ela tinha certeza do que isso significava e ela não errou. Uma névoa percorreu todo o lugar, desde a casa até toda a volta da árvore, era muita névoa, flores copo-de-leite começaram a nascer no chão, Cassandra olhou para trás e viu que Lucy e Rosa já tinham percebido o que estava acontecendo, mas um tanto de névoa foi correndo para a direção delas, conforme a névoa corria, ela ganhava patas, focinho, dentes afiados e uma tonalidade escura como a noite, eram os cães de Goiá, o resto da névoa foi se transformando em formas, que pouco a pouco foi tomando personalidade, os olhos vermelhos que se destacavam na pele tão branca de Goiá. A pele branca de animal, que foi manchada de vermelho sangue se transformava em um lindo vestido no corpo cor de Esmeralda e a pele branca de animal que contrastava com pele cor de chocolate de Minerva.

Cassandra se sentiu encurralada, e ela realmente estava, nenhum feitiço era forte o suficiente para derrotar três deuses caso eles tentassem algo, nada que ela já tivesse estudado ajudaria agora, então ela apelou para sua aparência de criança.

— Goiá, por favor, não faça mal a nenhuma delas, eu imploro a você — pediu Cassandra.

— Nada de ruim acontecerá com elas Cassandra, eu prometo. Mas precisamos saber quem de fato é a nova deusa — respondeu Goiá.

Cassandra então sentiu um frio aterrorizante e um calor que fazia seu corpo borbulhar.

— Paz e Caos — sussurrou Cassandra.

O medo tomou conta de Cassandra como nunca antes, agora, com a presença de deuses mais velhos que o próprio tempo, nada poderia ajudar, o que eles fariam com elas, seus rostos não pareciam nada amistosos.

— Marina, a oração de Maria — disse Olivia.

— Você acha que isso pode dar certo? — Perguntou Marina.

— Não temos outra opção — disse Olivia.

Cassandra não tinha ideia do que as irmãs estavam falando, ela nunca tinha ouvido nada parecido. Marina puxou Cassandra pelo braço e a colocou entre ela e Olivia, as duas ficaram de costas uma para outra e ajoelharam-se.

— Eu sei que talvez eu não seja mais apta para uma última prece... — disse Olivia.

— Mas minha alma dói em pensar no futuro... — disse Marina

— Sinto a vida sair... — disse Olivia.

— Sinto a morte chegar...

— Eu clamo a Maria!

— Eu clamo a Maria!

Tudo começou a tremer deixando Cassandra zonza, ela olhou para os deuses e eles estavam espantados com tudo o que acontecia, Cassandra não se sentia diferente deles.

— Que as rochas que a deram poder...

— Sejam as mesmas que nos protegem

— Que o sangue de Maria derrube o véu

— E toda proteção do mundo etéreo caia sobre nós — finalizou Marina o feitiço

As duas irmãs tocaram no chão e um círculo grande de pedras muito bonitas envolta delas surgiu.

— Qualquer pessoa, deus ou humano, que não tenha o sangue de Maria, morrerá ao tentar ultrapassar o círculo — disse Olivia.

— Isso é possível? — Perguntou Goiá.

— Os deuses mais antigos pensavam mais em seus descendentes, então cada um de nós criou um feitiço familiar, algo apenas para quem tivesse o nosso sangue, mas isso foi uma prática que se perdeu durante os séculos. Maria era a deusa das pedras, elas possuem uma ligação muito forte com a terra, então ela criou um feitiço de proteção para todos os seus descendentes, me surpreende elas serem capazes de utilizá-lo — explicou Minerva.

— Ele é impenetrável? — Perguntou Esmeralda.

— Sim, mas isso não impede elas de saírem de lá, — respondeu Minerva — você sabe o que fazer.

Cassandra assim como as irmãs observavam os deuses conversarem. Esmeralda olhou para elas fixamente e no mesmo momento Cassandra perdeu o controle de seu corpo, ela só conseguia pensar o quão linda Esmeralda era, ela não era capaz de desviar o olhar de Esmeralda, ela era realmente muito linda, seu cheiro era tão delicado e maravilhoso, sua pele e seus olhos eram impressionantes, ela sabia para onde estava indo, não conseguia se sentir mal por isso, ela entendeu que no jogo da vida, ela não era a peça principal, sacrifícios eram necessários, mesmo que isso fosse dizer "adeus", Cassandra estava pronta e decidida.

— Agora! — Gritou Minerva.

Cassandra olhou envolta de si e percebeu que ela e as irmãs estavam fora do círculo de proteção, toda sua decisão e certeza foram tomados por medo e desespero, ela sabia o que ia acontecer, sabia que isso era necessário, mas o pavor de tal coisa era tão grande que ela começou a chorar. Minerva apontou uma de suas mãos para Goiá e ele prontamente fez com que seus cães ficassem mais ferozes e calmamente avançassem para cima de Rosa e Lucy, depois apontou a outra mão em direção a Cassandra e suas irmãs, Olivia e Marina desmaiaram no mesmo instante, as duas foram acolhidas, Paz deitou Marina em seu colo e observava toda a situação com um olhar frio e inexpressivo, Caos pegou Olivia no colo, deitou-a no chão como um bebê e acariciou seu rosto levemente sem dar atenção a todo caos que realmente estava acontecendo. Quando Cassandra olhou para frente novamente, era tarde demais, Esmeralda estava a sua frente.

— Você já sabia que o que aconteceu, tornaria a acontecer novamente, se tudo der certo, você terá uma vida longa — disse Esmeralda.

Cassandra apenas sentiu os lábios da deusa tocarem os seus.

Filhas da PerdiçãoΌπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα