Capítulo XVII

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Fernanda andava um pouco apressada pelos corredores do hospital e torcia para que sua mãe estivesse acordada porque nos dias anteriores ou ela estava na quimioterapia ou dopada de remédios. A jovem tinha tanta coisa para contar à Annelise, que certamente daria bons conselhos referente ao relacionamento da filha com Miguel.

Após uma boa caminhada no ambiente frio, Fernanda encontrou Miriam, uma enfermeira que era responsável pelo tratamento de Annelise.

– Olá Fernanda!

– Olá Miriam! Minha mãe está acordada?

– Está e acabou de perguntar por você.

– Que ótimo, obrigada por avisar.

Elas se despedem uma da outra e Fernanda foi em direção ao quarto da mãe. Respirando fundo, ela abriu lentamente a porta e encontrou Annelise olhando-a com um ar de ternura, mesmo com o cabelo raspado e o corpo bem frágil e "enfeitado" com alguns fios.

– Oi mamãe.

– Oi meu amor, como você está? -ela perguntou enquanto a filha fechava a porta e ia em sua direção.

– Eu estou bem, e você?

– Na mesma, seu pai não deve suportar mais essa situação.

– A gente não precisa falar dele. -ela se sentou em uma confortável cadeira ao lado de Annelise e continuou. – Vim falar de coisas boas.

– Pelo seu olhar, acho que é sobre o Miguel... Acertei? – Fernanda assentiu animada e ela disse. – Então pode me contar, meu amor. Da última vez, você me disse que seus amigos souberam que vocês estão juntos, eles fizeram alguma coisa de ruim?

– Não, estou até estranhando isso. Claro que o Vitor e o Tiago estão odiando isso, mas não posso fazer nada. Nem eu controlo os meus sentimentos, quem dirá os outros.

– Você realmente é uma Bittencourt, bem durona quando quer. -as duas deram uma leve risada. – Você e o Miguel saíram de novo?

– Uhum, fomos ao novo planetário que fica lá na capital. Mamãe, lá é fantástico! É um lugar totalmente diferente, mas muito interessante.

– Imagino, eu adorava ir ao planetário quando era mais jovem. Até pensei em estudar Astronomia, mas desisti porque com certeza seus avós iriam odiar a ideia.

– O que é uma pena porque você seria uma astrônoma maravilhosa.

– Obrigada, meu amor.

De repente, Annelise começou a ter uma crise de tosse e Fernanda rapidamente arrumou a postura da mãe. Pouco tempo depois, a mulher melhorou e perguntou à filha.

– Ainda falando dos seus amigos, e o Tiago Salles? Ele ainda está interessado em você?

– Sim, ele não desiste nunca.

– Ele ainda está de castigo?

– Sim, mas aos poucos ele está saindo com o pessoal. Por mim, ele poderia passar a vida inteira de castigo por causa do que ele fez com o Miguel.

– Realmente, o que Tiago fez foi imperdoável, mas sabe o que eu acho, minha filha? Com certeza ele é assim por causa da criação que teve. O Armando sempre foi severo, já a Renata o mima demais.

– Verdade, mamãe. Isso dá o direito de ele ser um idiota com as pessoas quando está longe dos pais.

– Porque ele não se sente confiante perto deles, então ele precisa machucar alguém mais fraco para poder sentir essa confiança toda.

– E esse alguém é o Miguel...

– Infelizmente sim.

­– Apesar de tudo isso, eu não entendo porquê o Tiago e todo mundo julga o Miguel pela aparência dele. O fato de ele ser gordinho e gostar de coisas nerds não muda o fato de ele ser uma pessoa maravilhosa.

– A verdade é que pessoas com a classe social como a nossa vivem em uma bolha onde o bonito é o magro e o fútil, e ainda querem passar essa mentalidade para as classes mais baixas.

– Você tem toda a razão.

– Eu sei que eu tenho. -novamente elas deram uma leve risada e Annelise acariciou a mão da Fernanda. – Mas não desista do seu amor por esse menino mesmo com os comentários maldosos.

– Pode deixar, mamãe. Vou ser uma garota forte e decidida, assim como você.

– Eu deixei de ser assim há muito tempo, minha filha.

– Não fala isso...

– É a verdade. Estou sem meus pais, meu marido e meu filho que nem sabe da minha existência, além disso faz anos que estou nessa cama dependendo de tudo e de todos.

– Mas você tem a mim, você sabe disso...

– Sim, minha filha, mas chega um momento que não adianta mais ser otimista, a morte é a melho...

– Chega, mamãe! -ela se levantou rapidamente e enxugou as lágrimas que teimavam a cair. – Você e o Miguel são as únicas pessoas boas que me entendem por completo, não posso perder um de vocês.

– Mas você vai perder, minha filha, nada dura para sempre, nem mesmo as pessoas boas. Por isso eu peço para que você viva a sua vida intensamente, seja com o Miguel ou sozinha.

– Pode deixar, mamãe, vou fazer o que você pediu.

Annelise dá um fraco, porém belo, sorriso e a porta se abriu, fazendo as duas olharem para quem estava entrando. Era Miriam com uma bandeja de remédios e ela disse.

– Hora do remédio, Annelise.

– Tudo bem, já aceitei essa condição.

Tanto Fernanda quanto Miriam notou o tom de brincadeira de Annelise, mas que no fundo tinha um quê de verdade. A jovem observou a enfermeira injetar os remédios em sua mãe e, antes que pudesse dormir, Annelise deu o sorriso mais belo que Fernanda já viu. Ela retribuiu o gesto e, em seguida, saiu do quarto junto com Miriam.

– Sua mãe é a pessoa mais valente e gentil que eu já conheci, sabia?

– Ela é incrível mesmo... -ela sorriu de forma triste e sussurrou para si mesma. – Infelizmente não sei por quanto tempo.

***

Oi gente bonita, tudo bem? Capítulo triste, não é? Mesmo assim, vocês gostaram dele? O que acharam da relação da Fernanda com a mãe dela? Acham que Annelise vai melhorar do seu estado de saúde? Dêem suas opiniões e obrigada por lerem esse capítulo ❤


Passion - Amores ImprováveisWhere stories live. Discover now