Capítulo XXII

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Annelise Freide Bittencourt morreu de forma calma às 10:18 da noite. No hospital, os médicos e enfermeiros tentaram reanimá–la de todas as formas, mas não foi possível fazer mais nada: ela já estava morta. Por outro lado, todos sabiam que foi o melhor para ela, já que a mesma queria parar de sofrer, fisicamente por conta do tratamento e emocionalmente por conta da angústia e solidão em que vivia.

No instante que recebeu a notícia da morte da mãe, Fernanda soltou perplexa o celular e Miguel teve que segurá–la rapidamente para que a namorada não caísse no chão. Durante longos e longos minutos, a jovem chorou nos braços do namorado, que reconheceu nela a mesma dor que sentiu quando seu pai faleceu em um acidente. Por isso, ele a acalmou com um leve carinho e palavras de conforto nesse momento tão tenso.

Em seguida, os dois foram para o quarto dela, Miguel ajudou Fernanda a tirar sua maquiagem e escolheu um pijama para ela. A jovem se deitou na cama e ele ficou do lado dela para acariciar seus cabelos. Quando estava quase pegando no sono, Fernanda sussurrou tristemente.

– Fica aqui comigo, por favor.

– Claro, meu amor.

Miguel se acomodou na cama de Fernanda, abrigou o corpo dela no seu peito e, após minutos de silêncio, a jovem conseguiu dormir. Ao ver que isso aconteceu, Miguel acabou fazendo a mesma coisa.

***

Dois dias depois, o corpo de Annelise foi enterrado. Era um dia nublado e todos estavam usando preto, combinando com o clima de luto que estava no enterro. Fábio não estava lá por conta da viagem de negócios, mas informou os conhecidos (inclusive a família de Tiago, Cíntia, Malu e Vitor) sobre o falecimento de sua "esposa", o que irritou profundamente Fernanda.

Enquanto o padre dizia algumas palavras, a jovem estava desolada e segurava uma rosa vermelha. Seus amigos a observaram de longe e Tiago comentou no ouvido de Malu.

– Eu ainda não entendo por que a Fernanda escondeu que a mãe dela estava viva.

– Ela sempre desviou desse assunto Tiago, então cabe a gente respeitar. –Malu respondeu e jogou uma rosa branca no caixão, que descia lentamente no solo.

– Ela deve estar sofrendo tanto. –Vitor comentou com um ar de tristeza. – Nem imagino isso acontecendo comigo.

– Eu também não. –Cíntia respondeu. – Agora ela precisa de todo o nosso apoio.

– Mas será que ela vai querer conversar comigo e com o Tiago?

– É, amiga... Seria melhor a gente dar um tempo nisso. –Malu fala para Cíntia. – A Fernandinha não merece ficar com problema.

– Mas não custa nada a gente dar um abraço de consolo. –Tiago disse e as garotas apenas deram de ombros.

Assim que o padre terminou de falar e que o caixão desceu totalmente para o solo, algumas pessoas se despediram de Fernanda, prestando condolências, e ela apenas assentiu e agradeceu. O assistente pessoal de Fábio, Eduardo, se aproximou de Fernanda segurando um cartão e falou para ela.

– Seu pai sente muito por não ter vindo, mas ele está profundamente abalado, Fernanda.

– Me poupe das mentiras dele, Eduardo. –ela respondeu com um tom sério e ele engoliu seco.

– Bom, e–ele te mandou isso. –Eduardo estendeu o cartão para Fernanda, que o olhou com desgosto.

– Um cartão? Sério? –ela suspirou frustrada e falou com um tom baixo. – Meu pai já foi bem melhor nisso...

– Mas é nesse cartão que ele presta todas as condolências para a senhora sua mãe.

– Você não entende. O meu pai acabou com a vida da minha mãe.

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