Nos ônibus

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Seguir a vida viajando nos coletivos  parece como um castigo que você precisa pagar todos os dias, os transportes são como um limbo diário. Além do trabalho muito e salário pouco, o pobre precisa aguentar esse sofrimento de ficar se submetendo a um tratamento desigual todos os dias.

A fila nos ônibus, sempre desrespeitada, as pessoas juntas e ao mesmo tempo separadas pela falta de convivência diária, embora ande por todos os lugares juntas. Enquanto uns andam ouvindo som alto, outros ficam conversando alto, mas todos submissos a esse sistema behaviorista, já foram submetidos a sessões enormes de aparelhamento psicológico, aprenderam a suportar como cordeirinhos. A metáfora cordeirinhos não fica bem  nessa situação de subserviência. Incomoda olhar pela janela e ver a vida lá fora, você participando só da sua, vendo os outros viverem as delas, seja passeando na praça, tomando cervejas em um bar, empinando pipas, andando de bicicleta ou fazendo cooper. Por vezes observo a silhueta das mulheres nos ônibus e fora deles, algumas fazendo caminhadas pelas calçadas, tentando diminuir peso enquanto são forçando a beberem uma água cheia de cloro, forçando seus órgãos a produzirem mais hormônios e fazendo-as engordar. Se as pessoas não forem tratadas como gados, elas não serão tão manipuladas assim. Elas não podem despertar.

Os ônibus sempre cheio, na maioria das vezes, de tarde ou de manhã, são lugares propícios para várias vícios de pessoas aparentemente normais, que, sob a circunstância, põem para fora desejos incontrolados de prazer e maldade, tudo sob a luz de uma aparente inocência. A lascívia de um é a satisfação de outros.

As pessoas aprenderem a sofrer calado, submetidas que foram a um tratamento hitlerista legal. A constituição e as leis estaduais garantem, contanto que o experimento não seja tão na cara coo fizeram os nazistas, não em grandes doses mas  doses pequenas, cujo efeito pode ser o mesmo, embora a destruição não seja física, mas emocional, psicológica, mental.

ficar de pé em uma viagem toda, depois de andar tanto, cansado, a menina nova não dá lugar a quem mais precisa. Eu me importo com as pessoas, observo-as de modo bem crítico, a vida é tão estranha para alguns, tão cheia de malícia para alguns. Alguns precisam ter a malícia de outros, coo conseguem se sobressair, ter inteligência. Cada um quer fazer do outro seu imbecil de eestimação, sempre levando vantagem, não todos, principalmente se esse parecer ser uma pessoa ingênua.

Os vendedores de pipocas e confeitos, e água, não se cansam de viver, embora viva tão precariamente, a luta continua, embora nada levamos desse mundo, lutamos tanto para ter as coisas. vivemos uma ilusão tão boa, e embora saibamos que tudo é uma fumaça, queremos ter isso para que tire um pouco essa dureza da realidade, uma ilusão é sempre boa, precisamos nos iludir de vez em quando, ter aquela fantasia de que podemos ser eternos aqui, que podemos levar para o túmulo aquilo que tanto queremos e que ninguém vai nos tirar isso. Toda ilusão é necessária para que a vida fique de vez em quando leve.


MEU SER AO VENTOWhere stories live. Discover now