[2] the enemy

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Jimin abriu os olhos bem devagar, encontrando um teto branco e liso em cima de sua cabeça.

Pelos primeiros segundos daquela manhã, não se lembrava de nada do que havia acontecido, mas aos poucos os flashes foram dando luz a sua cabeça e o desespero tomou novamente todo o seu coração. Sentou-se rapidamente na cama macia sentindo muita tontura, e o coração batendo forte no peito. Os seus olhos varreram cuidadosamente o quarto minúsculo que só cabia um pequeno armário e a cama em que estava sentado.

As cenas torturantes invadiram sua mente, e então ele se encolheu em uma bolinha pequena, bem no meio da cama, abraçando as pernas. Suas lágrimas passaram a tomar todo o controle, os soluços preenchendo o quarto pequeno.

— Papai... — Murmurou com a voz embargada, olhando para o quarto vazio.

Virou sua cabeça para trás e viu uma pequena janela redonda logo em cima da cama em que estava, então se arrastou até ela, ficando de joelhos na cama para poder ver o que tinha do lado de fora.

Água, uma imensidão dela. Ele estava em alto-mar.

Escutou algumas batidinhas suaves na porta que lhe fizeram paralisar de medo e se levantar com tudo para se afastar o máximo que podia da pessoa assustadora que provavelmente entraria. Seja ela quem fosse.

"Posso entrar?" Era uma voz grave, mas Jimin sabia que era daquele ômega assustador.

Não respondeu nada, apenas olhou para a porta fechada com os seus olhinhos arregalados. Estava tremendo de medo, nunca conversou com ninguém que não fosse o seu papai... nunca sequer olhou para outra pessoa direito.

Depois de alguns segundos sem dizer nada, a porta foi aberta e aquele ômega alto e bonito entrou calmamente, olhando para Jimin todo encolhido na parede o mais distante que conseguia.

— Eu não vou te machucar, Park Jimin. — Disse com uma expressão quase entediada enquanto olhava ao redor do pequeno quarto. — Não precisa ficar apavorado desse jeito. — Depois de avaliar o quarto, os olhos castanhos se voltaram para ele. — Você desmaiou ontem logo depois dos acontecimentos, mas estamos indo para o castelo de Trent que fica do outro lado do continente, e é uma viagem de dois meses, esteja preparado para passar muito tempo nesse navio.

Jimin nada disse, somente engoliu em seco. O seu corpo todo ainda estava trêmulo só de pensar em todas as cenas horripilantes que seu cérebro produzia, e imaginar ficar todo esse tempo com essa gente que matou todo o seu Clã sem um pingo de piedade.

— Você não tem língua? — Perguntou, entrando mais e fechando a porta atrás de si.

Ele parou em frente ao ômega mais baixo e encarou com curiosidade seus olhos daquele tom extraordinário. Kim Taehyung não tinha tanta paciência com pessoas excessivamente medrosas, mas por algum motivo que desconhecia, sentiu um certo apreço por aquele ômega loirinho.

— Como eu já disse, você desmaiou ontem logo depois do surto do meu primo, Jungkook. — Disse calmamente, ainda fitando os olhinhos arregalados de Jimin. — Ele quer pedir desculpas, mas decidiu não vir até aqui para fazê-lo por enquanto, já que você poderia estar apavorado. — Com uma sobrancelha arqueada, ele avaliou o ômega menor. — Vejo que ele não errou em seu julgamento, tsc.

Jimin olhou para baixo, sem reação e sem conseguir abrir a boca.

Por que aquele alfa terrivelmente cruel ia querer pedir-lhe perdão? Não fazia sentido, em sua cabeça, que um alfa pudesse pedir desculpas por qualquer atitude tomada. Em sua vida toda aprendeu que ômegas simplesmente obedeciam e eles quem sempre pediam desculpas, nunca os alfas.

— Vamos, Jimin. — Taehyung chamou, sem paciência. — Fale comigo.

O Park subiu os olhos para o outro ômega, observando toda a beleza extraordinária dele. Taehyung era distante de tudo o que Jimin vira em sua curta vida, de qualquer maneira, não tinha visto muito dentro do seu quarto.

KALEIDOSCOPE • Jikook [abo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora