I.
A alva beleza divina que
Carrega aquela doce menina
É narcótico absorto
Para mim, triste ímpio mouro!
Seus olhos de mel... Ah!
A rubra cor do seu véu!
Para mim, de olhos negros,
Fronte onde faltam cabelos,
São uma tentação do meu Ser.
Abismo, convite a morrer!
Morrer de amores, quero dizer!
II.
O trejeito do seu sorrir,
Sua felicidade juvenil!
Como primavera a florir.
Onde já se viu, pergunto a ti,
Tamanha beleza?
Tão belo manto de pureza!?
Beleza torturante, ai de mim!
Garota d'um olhar desconcertante,
Logo para mim,
Que desaprendi a sorrir,
Que vivo em tristeza constante!
III.
Somos contrários por excelência!
Ela é Vênus em doce juventude,
E eu sou pura decadência!
Ela é orvalho de plenitude,
Eu sou a trist'essência!
Amá-la é sentimento vã',
Ela é anjo de amor celestial,
E eu o arauto de satã!
Ai de mim! Ai de mim!
Por que me apaixono?
Por que tem de ser assim!?
IV.
Ela me enjeita, me reprime,
Sua tirania a mim é regime.
Ela tem nojo do meu eu. Logo eu!
Que fui eterno amante seu!
Ela não me quer perto.
Trata-me com trejeito austero! Logo eu!
Que tenho esse amor como etéreo!
Suicidou-me o triste coração,
Morrendo pelo amor que me envolve.
Deixou-me sangrar absorto!
O que sinto por ela é paixão!
E o desprezo que ela me devolve tornou-me
Outra vez n'um poeta morto!
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Um Jardim no Inferno - Antologia Poética
Poetry"Onde se plantaram tantas flores do mal nasce um Jardim, e onde se vivencia o torpor máximo do sofrimento se encontra o Inferno. Dito isso, o que é o Jardim no Inferno senão uma antologia de sofrimentos?". Trecho retirado do prefácio do livro. Insp...