IV - Meu Anjo-da-Guarda me Convidou ao Suicídio

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Guardava no torso um negro coração,

Pincelado com Azul da Prússia.

Estava triste, soluçava e tossia.

Rezava para Satanael reaver-me a mansidão!


Meu anjo-da-guarda então apareceu,

D'um semblante tão sacro e belo.

Brevemente livrei-me do auto desmazelo;

- A que devo essa luz em meio ao breu? -


- Dessa escuridão, meu protegido, livrar-te-ei! -

O anjo entregou-me um gume afiado.

- Com esta lâmina, anjo, não sei o que farei. -

- Meu protegido! À vida não estás fadado! -


Naquele momento compreendi a existência.

A lâmina sussurrava-me em obsidio,

Palavras de crepuscular decadência.

Ai de Mim! Meu anjo convidou-me ao suicídio!

Um Jardim no Inferno - Antologia PoéticaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora