04 | Nico Deveria Usar As Almas Dos Inimigos Para Dormir

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POV WILL

Fui acordado pelo som de gostas batendo contra as janelas e o teto de meu Chalé, ao constatar isso, um sorriso se estampou em meu rosto antes mesmo que eu conseguisse abrir os olhos.

Em um impulso forcei meu corpo a se levantar e descer da parte de cima da beliche que antes eu dividia com Michael - lembrar dele e de Lee ainda trazia causava um peso imenso em meu peito - deixando as lembranças tristes de volta a parte mais profunda de meu consciente, balancei a cabeça para os lados e fui em direção a janela que ficava logo em frente para abri-la e checar se era realmente chuva e não sangue de semideus escorrendo pelo vidro. Nunca se sabe.

Sorri fracamente, ainda segurando o nó doloroso na garganta após lembrar da perda de meus irmãos.

Fiquei tão abalado pelo conflito entre a felicidade com o chuvoso e a tristeza pela lembrança repentina que acabei me chocando contra o armário onde geralmente eu Kayla e Austin costumamos deixar nossas armas apoiadas, o impulso foi tão grande que chegou a derrubar algumas delas.

Por consequência uma das lanças acertou em cheio o meio da bunda de Austin, foi tão certeiro que desconfiei que aquele fosse o alvo da arma desde os primórdios dos tempos.

Meu irmão acordou tão assustado que acabou caindo no chão em um baque doloroso, gurnindo inconformado.

- Vocês dois sempre vão me acordar tentando enfiar coisas nos meus orifícios? Não estão cansados disso? - A fúria de Austin tomou nosso dormitório. - Tentem parecer normais suas aberrações.

Kayla jogou um travesseiro na cabeça de Austin que ainda estava espalhado no chão.

- Cala a boca. Não estou enfiando nada em você. - Kayla ainda parecia um pouco grogue de sono. - Vocês não sabem respeitar o sono de ninguém seus neandertais? E só para te lembrar, da última vez fizemos isso com o Will.

Revirei os olhos com a lembrança desgraçada daquele dia enquanto já escovava meus dentes.

Malditos filhos de Apolo e seu apreço por enfiar objetos em orifícios.

- Desculpa gente. Eu tenho que correr, voltem a dormir. - Eu disse já indo em direção a cômoda bege onde um espelho ficava apoiado, verifiquei minha aparência revirando meus olhos para o reflexo totalmente desleixado que eu representava no espelho.

- Onde você está indo? - Austin que estava mais desperto perguntou enquanto eu voltava para a comoda revirando um das gavetas em busca de um elemento essencial, encontrei! - Espera, você está passando perfume?

Fingi não ter ouvido e continuei me arrumando o mais rápido que conseguia para evitar mais perguntas que não seriam respondidas.

Meu irmão fez uma careta e se jogou no chão novamente, dessa vez gargalhando.

- Isso tudo é para o Di Angelo, não é? - A pronto, agora a Kayla entrou na conversa também. - Caramba Will, você parece um filho de Afrodite apaixonado.

As palavras me desconcertaram tanto que a escova de cabelo com a qual tentava insanamente domar meus fios rebeldes foi parar do outro lado do cômodo.

Olhei para a escova derrubada no chão de madeira do Chalé de Apolo me perguntando o quão patético eu estava parecendo naquele momento. Porra Will.

Infelizmente, aquelas máquinas de destruição e piadas maldosas eram meus irmãos, e consequentemente as pessoas que eu mais amava no mundo, se alguém deveria saber dos meus sentimentos deveriam ser eles.

Um conselho ou apoio de Apolo é tudo o que eu não esperava, quer dizer, o cara nem apareceu durante uma das profecias mais catastróficas do Olimpo, imagina se importar com os sentimentos confusos de um de seus muitos filhos?

The BeginningWhere stories live. Discover now