12 | A Grande Guerra Alimentícia

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POV NICO

O simples ato de acordar se transformava em algo encantador quando Will Solace o fazia para você, cantando no seu ouvido e te cobrindo de beijinhos carinhosos.

Ele deslizou os lábios pela minha bochecha e plantou dois selinhos em cada uma das minhas pálpebras, tão suave quanto a brisa daquela manhã. Eu já havia acordado e ele sabia disso graças ao sorriso gigantesco que se esticou em meus lábios, mas apenas continuei parado de olhos fechados, deixando que Will me mimasse um pouco mais.

Oh deuses, como era bom simplesmente existir ao lado dele.

Senti seu peito macio contra o meu e enlacei sua cintura com os braços enquanto ouvia a canção que ele cantava baixinho preencher tranquilamente o até então silêncio em meus ouvidos, a melodia constantemente interrompida pelas pausas que ele era obrigado a fazer a cada vez que dava um e outro beijo em minha pele.

A música era Time In a Bottle, do Jim Croce, mas soava infinitamente melhor na voz do meu Raio de Sol.

Sem perceber, talvez impulsionado pela música antiga saindo rouca de sua garganta por causa de seus gemidos na noite passada, comecei a cantar baixinho contra o emaranhado de cabelos dele que esbanjavam o cheiro gostoso do meu shampoo. Minha voz jamais seria metade do que a de Will era, mas mesmo assim ele parou de cantar e ficou quietinho, se encolhendo no meu peito para me ouvir cantar.

Ele soltou um suspiro profundo quando a música acabou e apoiou o queixo no meu tronco para ficar me encarando. Ficamos alguns instantes assim, apenas apreciando um ao outro, deixando que as lembranças e sentimentos nos invadissem.

Eu nunca havia visto os cabelos de Will tão bagunçados e fofos e corei de vergonha ao imaginar que os meus deveriam estar parecendo um ninho de ratos, nem de longe tão adoráveis quanto os cachinhos volumosos e rebeldes que ele esbanjava com louvor. Will corou ao me ver corar. Caímos na risada sem motivo aparente, apenas felizes demais para fazer qualquer coisa além de amar um ao outro.

- Eu te amo – Disse eu, como se dissesse que a Terra é redonda ou o céu é azul. Era um daqueles fatos incontestáveis que ninguém poderia negar pois não passavam da mais pura e gritante verdade.

- Definitivamente o melhor bom dia que já ouvi na minha curta vida. - Ele pausou intencionalmente, tentando me envolver em suspense, então disse: - Eu também te amo. – Seus olhos sorrindo junto logo após sua fala, expondo sem receios, a mais pura e doce alegria do mundo. Deuses, Will Solace me amava e eu o amava de volta com a mesma intensidade avassaladora.

Fizemos amor juntos. Contemplamos um ao outro com nossos corpos e corações.

- Do que você está rindo, babacão? – Perguntou, corando ainda mais, como todas as vezes em que eu ria.

- É que eu te amo e você me ama. – Tentei dizer entre os risinhos. Deixando claro o que tudo que aquelas poucas palavras englobavam era o suficiente para que o sorriso nunca mais fosse capaz de deixar meus lábios.

Will se embalou na minha singela felicidade e começou a rir também quando entendeu o motivo pelo qual eu estava tão alegre. Eu o amava e ele me amava também.

Que ridículo era o fato de que os nossos corações baterem tão forte quando estamos perto um do outro. Que ridículo era a necessidade que nossas bocas tinham uma da outra. Que ridículo era me sentir tão feliz por simplesmente poder abraça-lo, quando eu achei que o Tártaro havia destruído tudo, que havia arrancado sem um mínimo de piedade, minha capacidade de amar e ser amado de dentro de mim.

Ás vezes, eu me perguntava o motivo ou como eu havia saído de lá. Era por isso aqui. Todos os anos da minha vida, tudo de bom e de ruim pelo qual eu havia passado, cada centímetro rastejando no solo infértil e rancoroso do Tártaro, tudo aquilo havia sido necessário para que eu me tornasse o cara que eu era agora, o cara capaz de amar e ser amado por Will. Tudo por esse momento.

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