06 | Tomamos Um Banho De Baba

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Menos de dez minutos depois que Will saiu do Chalé de Hades eu já estava pronto para fazer o mesmo. De banho tomado, minha espada de ferro estígio na cintura e o resto do nosso café da manhã - antes espalhado no chão - agora em uma pequena trouxa improvisada com uma camisa velha.

Os momentos e sensações que Solace me proporcionava me deixavam agitado, ávido por algo pelo qual eu não queria pensar, mas eu sabia.

Sabia lá no fundo, pois uma chama tímida em meu interior crescia e ficava mais quente toda vez que nos tocávamos, que nos víamos, que ele direciona a aquele sorriso arrastado em minha direção.

Will Solace, tem o poder de me destruir em um estalar de dedos, e eu não me preocupo nem um pouco, ele pode pedir o que quiser de mim.

Saí do Chalé e disparei para a floresta, esperando que o vento no rosto pudesse me distrair um pouco. Ao chegar na clareira em que costumava treinar, me concentrei por um instante e então soltei um assobio agudo.

Meio segundo depois fui derrubado pelos muitos quilos de trevas e alegria canina que formavam a Sra. O'leary.
Sorri enquanto por pouco não tomava um belo banho de baba de Cão Infernal.

Apenas mais um dia comum em minha vida.

- Oi garota. - Disse eu, acariciando seu focinho molhado. - Sentiu minha falta?

Ela latiu em confirmação, tão alto e alegre que todos os pássaros das redondezas voaram para longe. Tive que balançar a cabeça para checar se meu cérebro ainda estava lá.

- Vou tomar isso como um sim. - Sorri divertido.

Sra. O'Leary me cheirou novamente, agora descendo o focinho úmido até minha mão esquerdo, onde eu segurava a pequena trouxa, barra, minha blusa amarrada desajeitadamente em volta do que deveria ser meu café da manhã.

Minha garota guiou seus olhos enormes em uma expressão pidona, apelando desavergonhada pois sabia que aqueles olhões brilhantes eram meu ponto fraco. Achando que aquilo ainda era pouco, Sra. O'Leary teve a audácia de colocar o linguarão para fora, formando uma pequena poça de babá no chão.

Jogo sujo.

Droga, nunca consigo resistir a essa coisona fofa.

Abri a camisa e coloquei-a no chão deixando que Sra. O'Leary se baqueteasse com os restos de meu desastroso café da manhã. Era tão fofinha a forma como ela usava aqueles dentes matadores para triturar tudo de uma vez. A minha garota é impressionante.

Já satisfeita, ela voltou sua atenção a mim para começarmos nossa tão conhecida rotina de treinamento, o Cão Infernal saltava, se jogava contra meu corpo com o intuito de me derrubar e me distrair enquanto eu me esquivava e bloqueava suas investidas.

Quando eu já me encontrava lavado de suor, resolvi passar para uma atividade mais leve e levamos quase uma hora resumida em arremessar um pedaço de madeira cinco vezes mais grosso que meu braço (que para a cadela era mais como um brinquedo), percebi que meus esforços para não suar ainda mais não valeram de nada pois eu estava insuportavelmente lavado de suor, tanto pelos esforços físicos e as roupas escuras que usava quanto pelo sol infernal do meio-dia que parecia rir da minha morte lenta causada pelos seus raios escaldantes.

Sra. O'Leary ainda parecia gloriosamente energética, então ignorando o líquido grudento expelido por meus poros, subi em suas costas e deixei que brincasse de touro, esse é sempre um bom exercício, acho que todos deveriam tentar uma hora dessas. Pode resultar em uma morte iminente para alguns, mas o que é um meio-sangue que não se põe em perigo?

Não sendo o suficiente, o Cão Infernal correu, rápida como o vento fazendo mil galhos de árvores me acertarem repetidamente, essa parte eu não aconselho tentar, a morte é certa para alguns.

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