13 | Coroas Para Reis

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POV NICO

- Bom dia, colega de quarto. – Hazel disse, um dia havia se passado desde toda a balburdia que rolou no refeitório.

- Bom dia, colega de quarto. – Respondi enquanto acordava sonolento, passei as mãos pelo cabelo e encontrei o que parecia ser chantilly. Levei aos lábios só para ter certeza. Definitivamente chantilly. Ainda bem.

- Hazel, tem chantilly no meu cabelo e eu tenho muito medo de perguntar o motivo. - Resmunguei.

Ela, que estava em pé ao lado da minha cama, se sentou com as pernas cruzadas e uma vasilha na mão. Os cabelos claros formavam um emaranhado fofo ao redor do roto. Tinha chantilly lá também. 

- Não comemos o bolo todo, nem os doces. Acho que todo mundo estava muito ocupado enchendo a cara. É possível que eu tenha deixado cair em você quando vim te acordar, mas não confirmo nada. - Explicou-se.

- Você bebeu? – Perguntei e me sentei na cama em seguida, peguei um docinho azul na bandeja que estava em suas mãos e o devorei em um piscar de olhos. Sally Jackson deveria virar a deusa da culinária ou alguma coisa assim, a mulher é incrível.

- Não muito. – Hazel deu de ombros. – Só quis provar. Frank acha que vou morrer de cirrose se tomar uma dose de vodca.

Ela deu uma garfada no bolo, abocanhou e depois de alguns instantes tirou uma ponta de flecha da boca. Ela não pareceu se incomodar e eu me perguntei com qual frequência as pessoas no Júpiter comiam coisas alvejadas por armas. 

- Frank é um cara legal. Eu até gosto dele, é um bom exemplo para você. Hades também gosta.

- Hades gosta de mexicanos mortos tocando instrumentos, ele tem gosto duvidoso. – Pontou enfaticamente e franziu o cenho como se ponderasse algo. – O pior é que eu acho que você também gosta. - Jogou as mãos para o alto, quase derrubando a bandeja de seu colo como se eu e Hades não tivéssemos jeito mesmo. Achei ofensivo. Mexicanos mortos sabem como fazer um bom som. - Mas quer saber? Will parece ser um cara incrível.

- Ele é. – Suspirei. Meu relacionamento com Will era real e forte, era uma âncora. Depois de Bianca, jamais cheguei a pensar que teria algo assim. Pessoas nas quais me agarrar quando tudo ficava confuso, mas ali estavam todos eles. Will, Hazel, Reyna, todos os 7 da profecia, Quíron... e a lista só parece crescer.

- Me fale sobre ele. – Ela pediu com a boca cheia de doces. Will me mataria quando descobrisse que eu estava comendo bolo e doces no café da manhã.

- Ele é bem diferente de mim. É engraçado e talentoso. As vezes ele canta para mim. Eu estive entre deuses, monstros, mortais e semideuses, Hazel, e nunca me senti como me sinto com ele. - Suspirei totalmente boiola. - E ele até disse que me ama. -  Confidenciei a ultima parte em forma de sussurro, um pouco desajeitado ao dizer as palavras.

Ela sorriu docemente com uma mistura de alegria e reconhecimento. Hazel sabia exatamente sobre o que eu estava falando, porque ela parecia se sentir da mesma forma em relação a Frank.

- E você o ama? - Perguntou, extremamente animada com a nossa conversa.

- Amo. – Ri baixinho. – Eu amo tanto ele, Hazel. Não é como se um pedaço meu estivesse faltando quando ele não está por perto. Toda vez que estamos juntos, ele me mostra o quanto eu sou completo. Eu me vejo pelos olhos dele. - Parei por um instante, me sentindo afetado por toda a carga que minhas próximas palavras traziam a mim. - Eu sou tão bom... tão melhor pelos olhos dele.

- É incrível, não é? Se sentir assim, eu digo.

- É assustador. – Rimos juntos com as bocas manchadas de azul e branco.

The BeginningOnde histórias criam vida. Descubra agora