Capitulo 8: Cante para mim, por favor! Parte 2

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Vesti uma camisa marrom de gola alta e de mangas cumpridas, para verão aquela noite estáva muito fria. Calcei meu tenis e vesti uma calça jeans de lavagem bem escura. Passei apenas um gloss nos lábios e me mandei com um casaco jeans nas mãos, acho que ja estava atrasada.
Quando passei pelo portão, ele já estava me esperando e quando seu olhos me viram, ele sorriu e que sorriso, me deixava um pouco acanhada.
- Pronta? — assenti com a cabeça e ele sorriu.
- Por favor, só quero me divertir. — ele deu a volta no carro e o abriu para mim. - Muito obrigada, Brian.
Entrei no carro e aquele cheiro suave de lavanda invadiu as minhas narinas, coloquei o cinto e ele adentrou no carro.
- Ei, tenha calma, ok? - Enquanto ele dava partida no carro. — Iremos se divertir um pouco e relaxar.
- É que estou precisando, Brian.
Ele deu um sorriso e eu pude relaxar.
- Pode ligar o rádio? - Perguntei a ele e ele assentiu a cabeça.
Estava tocando uma música do Michael Jackson e eu pude relaxar um pouco.
- Nossa, Beat it! - Ele mexia o pescoço como se fosse dançar e eu gargalhava ao lado dele.
- Agora você dança também? És uma caixinha de surpresa, Brian May.
- Agradeço, bom chegamos!
O que ? Como assim? Não percorremos nem 10 minutos de carro e já tínhamos chegado. Removi o cinto de segurança e sai do carro.
Ele morava numa casa de tijolos antigo, porém era lindo e bem preservado. Tinha até um jardim em frente, bem cuidado por sinal.
- Bem vinda ao meu lar! — ele tirou do bolso um molho de chaves e abriu a porta da casa.
Adentrei no imóvel e tinha um sofá de três lugares da cor marrom, uma TV, uma pequena lareira que ficava de canto e uma estante com livros e mais uma poltrona vermelha. Não tinha tantos móveis, eu presumi que ele teria se mudado recentemente ou não.
- Você pode se sentar, se quiser!
- Obrigada.
Me sentei no sofá e ele estendeu a mão para que ele pudesse guardar meu casaco atrás da porta.
- Quer alguma coisa para beber? Eu tenho chá gelado, mas também posso fazer um quente.
- Bom, eu só queria uma água, por favor!
Ele se encaminhou para um outro cômodo e a casa era bem confortável. Tinha uma mesa de centro e nela um porta-retrato. A foto era dele mesmo um pouco mais novo e ele sorria na imagem capturada.
- Sua água. — dei um pulo para trás que me assustei quase jogando o porta-retrato no chão.
- Você é bastante curiosa, Mel!
- Me chamou a atenção ora, você tinha quantos anos aqui?
- Eu acho que 19, eu acho, não lembro direito .— ele coçava sua nuca e eu beribecava a minha água.
- Muito fofo você rindo. - E vi suas bochechas ficarem ruborizadas.
- Ei bora tocar algo?
- Já disse que só toco piano.
- Eu tenho, só que está no quarto vago e é onde faço de estúdio.
- Ok.
Ele pegou na minha mão e me guiou até em um cômodo de uma porta escura.
- Bem vinda ao ao meu estúdio.
Ele abriu a porta e eu entrei no lugar. Bem espaçoso com duas prateleiras grandes com alguns LP's com uma pequena vitrola cinza, o piano ali ao lado, algumas guitarras no suporte e um violão preto.
- Você gosta mesmo de música, Brian.
- Gosto, eu me sinto em paz tocando.
Me sentei no banquinho do piano e veio alguns flashes back na minha cabeça.
#flash back on#
- Vovó eu sei que não vou conseguir, são várias teclas.
- Vai sim, você tem que se dedicar. A gente não escolhe o piano, é o piano que escolhe a gente.
- Eu tenho medo de falhar.
- Faz parte do ser humano falhar, agora permanecer na falha o problema está em você.
Respirei fundo e tocou o início de de Elise de Beethoven e ela sorriu colocando sua mão na outra parte do teclado e tocamos juntas.
# flash back off#
Senti meus olhos ficarem marejados e limpei antes mesmo de que Brian visse a lágrima que queria escorrer do meu olho.
- Certo, Melina? - Me assustei e percebi que ele estava falando comigo.
- Perdão, não entendi o que você tinha dito.
- Poderíamos arriscar a cantar um pouco, certo? Seria maravilhoso.
- E o que você gostaria de arriscar?
Virei-me e comecei a tocar, veio na minha cabeça Baba o'riley do The Who. Fechei os meus olhos e eu ouvi ele tocar um pouco na guitarra.
Eu amava essa música e era tão libertador poder cantar ela no piano, era como se eu pudesse descarregar toda a frustração de estar sozinha nesses dias, porém com a música minha alegria viesse e me abraçasse novamente.
Ouvia ele tocar sua guitarra e ouvia sua voz calma na parte do "don't cry" fez meu coração palpitar mais forte.
...
- Uou, parabéns._ ele aplaudiu e eu me senti até um pouco envergonhada na realidade.
- Obrigada.
- Você disse que tocava pouco e olha o show que demos aqui.
- Agradeço, eu amo essa música.
- Percebi, Mel, eu percebi e olha como você me deixou. — ele me mostrou seu braço e os pêlos todos em pé. — Me deixou totalmente arrepiado, seria muito bom se você tocasse e cantasse profissionalmente.
- Porém, não. Eu como lhe disse, não tenho muito incentivo.
Ele apertou minha mão e sorriu.
- Eu te dou um apoio e eu estou te convidando para tocar comigo no domingo no pub.
- Não sei, Brian, eu sou timida e outra eu preciso estudar todos aqueles módulos que você me passou, preciso mesmo passar na matéria.
- Eu quero muito que você passe e eu também quero muito que você toque comigo.
- Domingo eu vou para igreja.
Ele riu muito e eu fiquei um pouco séria para ele.
- Desculpe!
- Não faz mal, acontece, baby. Mas eu, posso te propor algo?
- Como o que ?
- Vem comigo para igreja? Pois eu já irei sair com você para o concerto.
- Bom, não me leve a mau, acontece que eu não sou muito religioso.
- E daí? Nem eu sou, mas acontece que nesse domingo eu quero ir, vamos por favor. - Apertei os lábios e ele ainda me encarava bastante. — Os meninos já me acompanharam e as vezes é muito divertido, até mesmo Freddie que é de uma religião totalmente diferente.
- Baby, pois é assim a maioria dos físicos teóricos não são ligados à religião, justamente para não interferir em suas pesquisas. A ciência e a religião são caminhos distintos. - Ele gesticulava as mãos e levantou a mão direita.  — suponhamos que essa seja a religião .- em seguida levantou a esquerda. — E essa seria a ciência, certo? Acontece que a ciência está em completo avanço juntamente com a tecnologia, então vai surgir mais teorias e dependendo de que ângulo sair, uma hora a igreja vai se opor.
- Como a criação do mundo?
Ele apontou para mim e assentiu.
- Pois bem, nós físicos acreditamos na teoria do Big Bang, onde as galáxias e estrelas se comprimiram tanto, mais tanto que houve a explosão e desde daí o universo vem se expandido cada vez mais.
- Entendi, bom na igreja é Deus criando o céu, mar e terra. Levou seis dias para a total criação e no sétimo dia ele descansou, Deus vendo que estava muito vazio resolveu criar o homem o moldando do barro novo e com o homem criado das costelas do mesmo criou -se a mulher. Adão e Eva foi o nome escolhido para os primeiros habitantes da Terra.
- Eu acredito na teoria da Evolução de Darwin.
- Então você quer ir?
- Bom, eu vou pensar, aliás amigos também fazem essas coisas não é?
Parece que ele sabia que meu pronto fraco era aquele sorriso dele.
- Está com fome? - Ele me perguntou e eu assenti com a cabeça e ele continuou: — Bom, poderíamos pedir uma pizza que acha?
- Acho ótimo.
Saímos do estúdio e voltamos para a sala de estar e ele acendeu a pequena lareira a gás, realmente estava um pouco frio, mesmo já estarmos no verão.
- Eu estava com frio e você? — ele me perguntou depois que guardou os isqueiro em um lugar qualquer.
- Eu estava também, mas eu fiquei com vergonha de dizer, Brian.
- Não fique com vergonha, o que tiver pensando ou querendo me dizer algo, pode dizer, ok?
- Okay!
- Eu vou lá na cozinha fazer a ligação e você pode ficar a vontade.
- Ok, obrigada.
Ele se encaminhou novamente lá para dentro e eu fui diretamente na sua estante de livros. Tinha vários de cálculos, de física, de matemática e olha para a minha surpresa: tinha Shakespeare na prateleira.
Tinha Romeu e Julieta, Otelo e Hamlet. Peguei o livro de capa vermelha e capa dura e comecei a folhea-lo e logo na contra capa tinha uma dedicatória.
" Eu lembrei tanto de você ao comprar este livro que tive que lhe presentear. Obrigada por tudo, Bri! X — M. A. Nov. 80' "
Me sentia um pouco tensa depois de ler aquela dedicatória e se tivesse sido a namorada dele que tivesse o presenteado ? E se ela foi uma aluna dele ? E se Freddie tivesse certo? E se ele estava me seduzindo? Eu me sentia uma presa indefesa em que corre desesperadamente para não ser devorado por um leão.
- Fiz o pedido! - Eu sei um pulo para trás derrubando o livro no chão.
- Hoje você só está me assustando. — ele recolheu o livro no chão e ele ficou um pouco acanhado pois tinha caído justamente na dedicatória.
- Pedi duas pizzas e dai a gente com chá gelado.
- Okay.
Ele me devolveu o livro e eu pus novamente na estante, eu queria perguntar quem era "M.A"
- Quem é M e A? — ele me olhou com a cara de frustração, a mesma carinha que ele fez na hora que ele me contou sobre seu namoro.
- M é de Mary e A de Austin, ela foi para o sul do país nas férias e trouxe para mim de presente.
- Sua namorada, ne?
- Sim.
- Por que você faz essa cara de triste quando fala dela ? Vocês estão em uma fase ruim? — se sentamos no sofá novamente e ele coçava a nuca.
- Nem sei se é fase ruim, pois depois que ela foi a gente começou a brigar.
- Por que?
- Por ela ter ido para outro país, não havia necessidade de transferência e mesmo assim ela foi, ela queria que eu fosse com ela, mas acontece que agora que eu tô estabilizando trabalhando na Universidade.
- Mas ela trabalha com que ?
- Ela é jornalista, ela faz parte da equipe de redação do jornal local Irlandês.
- A Irlanda é aqui perto, Brian.
- Eu sei que é, só que o fuso horário confunde e atrapalha daí a gente veio se estranhando. É até mesmo antes, a gente estava se estranhando, nosso relacionamento esfriou muito.
- Nossa, bom Brian, eu não sei que falar a você, mas se vocês se gostam mesmo e eu acredito que tudo vai se resolver, sério.
- Na quinta ela me ligou e disse que estamos numa fase que estamos a ponto de terminar, resolvemos dar um tempo por enquanto.
- Vai tudo dar jeito, Brian.
A campainha tocou e ele foi receber nossas pizzas. Queria dar um puta de um conselho, acontece que eu não tinha tanta experiência para isso. O último conselho que dei foi para o Roger ter atitude e postura de homem pois ele era um garanhão antes de conhecer a Dom e ela não merecia passar por transtornos de umas atitudes bem canalhas da parte dele.

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