Capítulo 27: Aos olhos de Mary Austin.

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Quando o Brian resolveu terminar comigo confesso que ainda gostava dele, ainda gosto e eu sei que tinha alguém aí no meio, queria saber quem era. Eu conhecia Brian como a palma da minha mão e eu sempre soube o que deixava ele feliz, irritado, estusiasmado e até mesmo quando ele ficava deprimido.
Nosso relacionamento foi de idas e vindas pois o Brian era muito empenhado nas atividades dele de voluntário e por algumas vezes o ajudei e foi aí que me apaixonei pelo jornalismo.
Quando conheci o Brian ainda trabalhava de vendedora na loja Biba, ele estava perdido na loja e eu o ajudei. Foi paixão imediatada, logo após veio encontros após o meu expediente, veio de incentivos dele em me tornar uma voluntária com ele e no dia que passei no vestibular, ele me pediu em namoro e nesse mesmo dia nós transamos no apê dos meus pais.
Brian era um homem calmo, compassivo e o ser humano mais altruísta que eu conhecia e algo tinha que ser muito sério para irrita-lo pois ele parecia um rio de tão calmo e eu amava aquela calmaria.
Me arrependia até o último fio de cabelo por ter dado alguns amassos em Oliviet, pois tecnicamente ainda estava com o Brian e eu sei que o traí, mas eu também estava carente e eu já tinha me arrependido o que importa era isso.
...
Depois de vários dias de férias em minha querida Londres, tinha que retornar aos meus serviços como redatora e eu fui então para a parada de ônibus estava um pouco atrasada até trombar com algo que me fez cair no chão.
- Me desculpe, machucou? — Peguei na mão extendida e me levantei com um pouco com dor.
- Um pouco, aí . — Passei a mão em meu braço e eu pude ver direito que era um rapaz franzino, com uma camisa azul, com um bigode ainda fino e que colocava a mão por cima da boca para falar.
- Olha você pode ir na minha casa colocar um band-aid nesse seu cotovelo, ele está sangrando. — Olhei meu cotovelo e ele estava sangrando um pouco.
- Não sei... Eu... — E eu comecei a sentir o sangue escorrer um pouco.
- Eu não sou nenhum tarado, darling! Sou o Freddie! — Ele extendeu a mão para mim e ele sorriu que logo após cobriu a boca, seria por vergonha?
- Eu sou Mary, bom sua casa é muito longe?
- Bom, fica algumas ruas daqui e acontece que estava indo para visitar uma amiga no hospital daqui de perto, mas acho que ela pode esperar um pouco porque o namorado dela está com ela.
- Nossa! Eu vou confiar em você, Freddie e por favor vamos depressa, meu cotovelo tá sangrando muito.
Ele passou a mão no bolso da frente de sua calça jeans amarela e me entregou um lenço de tecido fino e eu um pouco sem graça peguei de sua mão.
- Pode usar para estancar o sangue, darling! — Ele sorriu e eu fiquei lisongeada com seu gesto.
- Muito obrigada, Freddie!
Caminhamos por uns minutos e fui sentindo uma dor em minha coxa, acho que com o impacto acabei machucando ela sem querer.
- Vai demorar muito, Freddie?
- Não, depois daquele posto de combustível é meu apê.
Ele apontou com o indicador e eu pude visualizar o pequeno edifício ao longe. Meu pé estava doendo um pouco também, estava toda fodida praticamente.
...
Chegamos então no apartamento de Freddie e eu sentei em seu sofá que era muito confortável por sinal.
- Vou pegar o kit dos primeiros socorros, ok?
- Ok!
Ele entrou em uma porta e olhei para as paredes do pequeno apartamento. Tinha pôsteres do Jimi Hendrix em várias poses, assim também como dos Beatles na sua foto emblemática deles atravessando a rua. O apartamento era grande e tinha várias portas visualizando, será que ele dividia com alguém?
- Voltei, darling!
Ele se sentou ao meu lado com um maletinha branca e foi tirando algumas coisas e colocando em seu colo.
- Você iria para algum lugar? — Perguntou ele que pegava methiolate e um pequeno pacote de gaze.
- Eu ia trabalhar, Freddie! Hoje eu só ia conhecer o lugar mesmo.
- Oh sinto muito em esbarrar em você, me dê o braço para eu passar o remédio.
Estiquei o braço e ele despejou um pouco daquele remédio e que ardeu um pouco no início.
- Aí... Ardeu um pouco. — Ele me olhou fixamente e deu um sorriso.
Ele limpou de leve o ferimento e depois colocou um band-aid que em seguida deu um beijinho por cima do pequeno curativo.
- Muito obrigada, Freddie! Sou muito grata a você por essa atitude.
Nossos olhos fixaram um no outro e ele tinha uns olhos penetrantes que parecia a penumbra de um céu a noite. Era hipnotizante olhar para aqueles olhos, era quase impossível querer desviar os olhos dele.
- Você aceita beber algo ? — Perguntou ele.
- O que você tem aí para beber?
- Bom eu tenho os básicos como água, cerveja e refrigerante. — Ele sorriu um pouco um pouco envergonhado.
- Eu aceito uma água por enquanto!
- Ok, irei buscar.
Ele saiu e levou a maletinha consigo e eu pude andar um pouco pelo apartamento. Tinha várias fotos dele e de outros rapazes na parede quando ele volta com dois copos d'água.
- Muito obrigada, Freddie!
- Por nada. - Ele sorriu e entornei meu copo.
- Bom, você fuma?
- As vezes sim, por que?
- Se importa se eu fumar?
- Não, pode fumar a vontade. — Dei um sorriso a ele e ele rapidamente colocou um cigarro em sua boca e o acendeu.
- Obrigado, quer tragar comigo?
- Agora não e a propósito, quem são aqueles rapazes na parede?
- Bom, são meus amigos. — Ele se levantou e apontou para o rapaz loiro. — Este é o Roger e ao lado dele é o John. — Que apontou para o cara de cabelo castanho.
- São seus melhores amigos?
- São sim, dividimos esse apartamento e rachamos o aluguel entre nós três.
- Uau, deve ser uma zona aqui.
Ele soltou a fumaça pelas narinas e começou a achar graça que foi contagiante.
- As vezes sim, pois o Roger é um pouco bagunceiro, principalmente quando ele trazia mulher aqui para a casa. John odiava essa atitude dele e eu aprendi a conviver para não sair no soco com o loirinho.
- Nossa! Então seu amigo Roger gosta de uma putaria?
- Eu gosto também, ele agora está um pouco sossegado, pois ele encontrou uma menina incrível chamada Dominique. — Ele soltou a fumaça e me extendeu o cigarro até a minha mão.
Traguei um pouco e era o que eu precisava pelo menos naquele momento.
- E você? — Perguntou ele e eu ri um pouco nervosa.
- Bom eu namorava um cara, sabe? Já estávamos quase cinco anos e daí a gente teve que terminar porque não tínhamos mais química.
- Quase cinco?
- Sim sim, só que eu fui escrota com ele.
- Porque, darling? — Entreguei o cigarro a ele e soltei a fumaça aos poucos.
- Eu fui transferida do meu serviço e numa noite de comemoração fiquei de beijos e amassos com um colega do meu trabalho, foi horrível e me sinto arrependida. — Passei a mão na testa pois eu queria chorar com essa minha atitude.
- Ei, já passou! Relaxa. — Ele apertou minha coxa e eu ri um pouco desconsertada.
- Eu sei, eu sei. Ele já tem outra e eu não gosto dela.
- Porque não? Ela tem cara de interesseira?
- Não é isso, sei lá... Acho que meu santo não bate muito bem com o dela.
- É, eu acho que entendo você.
Ele riu e eu me sentia um pouco aliviada por desabafar isso, mesmo ele sendo um completo estranho e desconhecido.
- E você, Freddie?
- Eu? Bom eu sou um cara solteiro que não sofro de amores. — Ele pigarreou e colocou a bituca do cigarro no cinzeiro.
- Ah qual é!! Todos pelo menos uma vez já sofreu de amores pelo menos uma vez.
Ele acendeu outro cigarro e me passou para que eu desse a primeira tragada.
- Eu era fodidamente apaixonado na minha melhor amiga, fico de fato muito incomodado quando ela está com o cara que ela escolheu. — Ele ergueu as sombrancelhas e tossiu um pouco.
- Isso pode ser ciúme seu, Freddie!
- Que seja, ela está feliz com ele e eu fico feliz por ela, acontece que ela... Nossa, as vezes eu sei que sou escroto com ela e eu acho que não iria merece-la por ela ser tão especial.
Peguei na mão dele e apertei e ele olhou para a minha boca e senti meu coração já garganta, porém passei o cigarro a ele e ele pegou que deu uma tragada bem forte.
- O que importa que você quer ver ela feliz com esse cara e infelizmente você não pode fazer nada.
- É verdade, Mary! Ei, me de seu número? — Ele coçou a nuca e eu começou a rir pois ele estava todo corado e sinceramente? Estava adorando conversar com ele.
- Claro, Freddie!!
Abri minha bolsa e anotei os seis números em uma folha de papel que achei perdida em minha bolsa e entreguei a ele.
- Eu preciso ir, Freddie! Não quero mais te incomodar com meus problemas.
- Ei, não tem problema nenhum, adorei nosso papo e eu posso te ligar mais tarde?
- Pode sim, adoro fazer amigos.
- Eu sou um pouco tímido para fazer amizades, entretanto adorei essa química que tivemos e mais uma vez, me desculpa derrubar você.
Sorrimos um para o outro e ele cobria a boca para não mostrar seus dentes. Nosso papo era muito bom e realmente havia mesmo batido uma química entre nós e eu adorava conversar.
...
Nos despedimos na parada do ônibus pois ele iria para o hospital e eu ainda ia no Telejornal resolver algumas pendências que ainda estavam em aberto.
...
Estava tomando banho na minha banheira e o telefone toca, sorte que era sem fio e que tinha um ponto no banheiro e sim era um luxo que eu permitia ter no meu apartamento.
- Alô?
- Mary?
- Quem é?
- Freddie... O carinha que você esbarrou hoje mais cedo.
- Oi Freddie... Aconteceu algo?
- Eu liguei para saber como está seu machucado, como ele está?
Olhei para meu cotovelo e o band aid ainda estava ali grudado em meu cotovelo.
- Olha, o band-aid ainda está aqui, Freddie!
Ele gargalhou no telefone e que fez eu soltar uma gargalhada também. Sério mesmo que ele só ligou para saber do meu machucado?
- Estou te incomodando? — Perguntou ele e eu senti sua insegurança.
- Estou no meio de um banho, Fredix! — O chamei assim pela referência do Jimi Hendrix que vi na sua parede.
- Do que você me chamou?
- Fredix ora é que eu vi os pôsteres do Jimi Hendrix e eu deduzi que fossem seus.
- Sim, são meus mesmo e ele era um gênio e continua sendo.
- É bem verdade, Freddie!
Ele riu um pouco e eu queria que ele puxasse assunto porque eu era péssima em puxar assuntos.
- E a sua amiga?
- Talvez ela tenha alta amanhã e eu quero muito que ela saía de lá pois ninguém merece ficar comendo comida de hospital.
- Verdade, mas porque ela foi parar no hospital?
Ele ficou silencioso por uns segundos e eu não queria ser incoveniente nem nada, mas eu estava curiosa em saber.
- Assuntos dela, Mary! Mas e o seu serviço?
- Oficialmente começo amanhã como colunista do London Town News.
- Ah que legal e o que tá fazendo aí e não está comemorando?
- Porque eu não tenho muitos amigos aqui em Londres, Freddie! — Falei frustrada pois meu amigo aqui era o Brian e ele não me atendia, sempre caía na secretaria eletrônica.
- Ora, então comemoro com você! Posso?
- Você se importaria?
- Claro que não, darling! Vai ser ótimo!
- Anota aí meu endereço e venha depois das onze, okay?
- Okay!
Passei o endereço completo a Freddie e realmente ele tinha razão precisava comemorar meu novo emprego que não era tão novo pois na Irlanda eu era colunista também, mas daí no jornal daqui eu ia ter uma coluna só para mim e falar do que mais gostava: Moda.
...
Coloquei uma bermuda bem confortável e uma camiseta branca pois até então eu estava em casa e eu iria comemorar com um carinha que me derrubou no chão, parabéns hein Mary! E se ele for um psicopata ? E se fosse um traficante de órgãos? Eu nunca iria saber e até porque ele foi gentil comigo e eu nem saberia como agradecê-lo.
~barulho da campainha~
Abri a porta e era ele com um moletom amarelo ovo e uma calça branca que nas suas mãos tinha uma garrafa de vinho. Eu acho.
- Trouxe vinho branco e cigarros para a gente comemorar o seu feito, darling! — Acertei no vinho.
- Okay, vou colocar uma música para nós, espera aí.
Cacei na vitrola uma música bem boa e eu coloquei Bon Jovi para tocar especialmente a Bad medicine e Freddie se largou no sofá acendendo seu cigarro.
- Bom tem taças aí na cristaleira, Freddie! Lembre-se fique a vontade, okay?
- Ok!
Ele se levantou e foi certinho na cristaleira e pegou duas taças finas de cristal e a única coisa que fiz foi entregar o abridor de garrafas a ele pois ficava perto do meu balcão uma pequena adega que ainda estava querendo construir.
- Pegue sua taça, Mary! — Peguei uma taça e ele despejou aquele líquido levemente amarelado e transparente. Vinho branco era meu preferido.
Ele se serviu também na sua taça e depois brindamos no famoso "Tim Tim" e ele sorriu um pouco pra mim e me dando o seu cigarro para que fosse tragar com ele também.
- Você mora sozinha mesmo, darling?
- Sim, eu tô aqui há uma semana e até porque eu ainda estava na casa dos meus pais e eu quis sair de lá.
- Ah sim sim, bom independência financeira, certo?
- Claro, eu amo meus coroas, porém eu amo ser livre também, entende?
- Sei como é, entendo você. Eu moro com os meninos e tal, mas quando quis sair de casa a minha mãe não quis deixar até porque ela dizia que isso ia dar ideias a minha irmã mais nova.
- Você tem irmãos? — Perguntei a ele e soltei a fumaça em minha boca que fez a minha garganta ficar seca.
- Apenas uma, o nome dela é Kash... De Kashmira.
- Ah tá, diferente o nome.
- Porque é de origem indiano, eu tenho o meu lado indiano também.
- Freddie é um nome bem ocidental.
- Porque meu nome de batismo é Farroukh, mudei faz uns meses para Freddie.
- E porque você mudou? Forroukh é um nome bonito também.
- Eu ganhei esse apelido no internato e de lá eu me apaixonei por ele e Farroukh só lembra o passado triste da minha família em Zanzibar. — Ele ficou um pouco cabisbaixo e eu dei um gole na minha bebida.
- Não tenho ideia onde fica, perdão!
- Fica na antiga cidade de pedra, darling! Na Tanzânia e é um assunto muito delicado que eu não gosto muito de falar, ok?
- Ok, mudaremos de assunto.
- Certo, então. Você faz o que da vida, Freddie?
- Eu ainda estou terminando meu curso de design e eu tô procurando um emprego agora.
- Então você desenha, Freddie?
- Desenho e muito .— eu vi que ele ficou um pouco constrangido e se serviu um pouco mais de vinho.
- No jornal sempre querem designers para fazer a arte de algumas matérias.
- Verdade, né? Vou tentar também.
O papo foi apenas fluindo entre nós e parecíamos dois melhores amigos que fazia tempos que não se encontravam. Do vinho passamos para um licor de cereja que eu tinha na geladeira.
- Eu só queria mesmo era viajar o mundo todo. — Disse ele que ainda tomava o licor róseo de cereja.
- Acho que é um desejo de todos pois eu já fui em três países e eu queria conhecer mais. Tipo já fui na Irlanda, Itália e o Canadá.
- Eu sempre tô indo a Índia por causa dos meus pais e lá no verão é incrível.
- Queria conhecer a cultura local de lá, tem cara de ser muito interessante.
- Sim, eu amo comida indiana.
Ele deu um sorriso e eu estava achando a coisa mais fofa ele sorrindo e eu acho que era muito álcool no meu sangue pois estava amando a presença de Freddie e ele é tão contagiante e animado, fora que ele é um cara bonito.
Cruzei as minhas pernas e ele olhava para as minhas coxas que tive que pigarrear para a gente formular um assunto. Ele acendeu um cigarro e deu uma tragada bem forte e me deu o cigarro que nossas mãos se tocaram de uma forma bem involuntária, mas eu quis por um breve momento que ele me puxasse e me beijasse.
- Oh céus, já são 3h da manhã. Preciso ir, darling!
- Uma pena mesmo, Freddie!
Ele se levantou e foi caminhando um pouco cambaleante até a porta e eu que também estava um pouco cambaleante o acompanhei.
- Obrigada pela noite, Freddie! Foi incrível. — Sorri para ele e eu parada e me apoiando na porta pois eu praticamente estava tropeçando em minhas pernas.
- Eu que te agradeço, darling! Você é incrivel.— Ele veio até a mim e me abraçou que deu um beijo em minha bochecha que virei-me e nossos lábios se tocaram.

Notas da autora: Pensem num capítulo trabalhoso kakakakaka como eu disse a Mary será também uma personagem.
Espero que gostem e não me dêem hate, pfvr
A música que Freddie ouviu com a Mary

O professor Where stories live. Discover now