Capítulo 21: Olá, pai! e Olá, amigo!

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Fazia 1 ano e meio que não falava com meu pai pessoalmente, achava muito injusto o jeito que ele me tratava depois de grande. Eu acho que ele preferia meu irmão menor do que a mim.
- Alô? — Uma voz pesada e rouca no telefone finalmente pude ouvir.
- Papai?
- Melina ?
- Oi pai, como o senhor está? — Tentei fazer uma voz amigável.
- Melina Susan Stewart, você é uma filha muito ingrata.
- Nossa! Eu também senti sua falta, sr. Stewart. — Disse ironicamente.
- Lhe mandei o convite do aniversário do Henrique e você nem teve o displante de ligar e dizer que não vinha.
- Pai, me perdoa, okay? Eu fiquei enrolada com algumas coisas da universidade e eu fiquei de recuperação em cálculos.
- Recuperação? Isso pode interferir na sua bolsa?
- Sim, se eu não passar, reprovo. - Minhas lágrimas começaram a escorrer do meu rosto.
- Minha filha o que você está planejando ?
- A reitoria me indicou um professor e eu já estou tendo aulas com ele.
- Então se esforça bastante pois a universidade é muito cara para você perder essa bolsa assim, Melina!
Respirei fundo e eu queria tanto contar do hospital, mas eu sei que ele ia brigar comigo.
- Pai e a vovó?
Ele ficou mudo por uns segundos e a sua voz ficou um pouco até embargada.
- Sua avó precisou ficar internada, Melina!
- E QUANDO O SENHOR PRETENDIA ME CONTAR ISSO? EU EXIJO SABER DE TUDO.
- Sem gritar, Melina! Bom... Sua avó teve um caso leve de pneumonia, sua tia está com ela no hospital e...
- Que hospital?
- San Mathews é perto de casa as vezes a sua tia reveza com a Wanda.
Revirei meus olhos pois Wanda era a minha madrasta.
- Pai eu também estou internada!!!
- O QUE?
- Sim, pai! Aconteceu que eu passei muito mal e eu precisei ficar internada e... — Freddie foi entrando para minha surpresa. — Daí tive que vim, não sei quando eu terei alta.
- Quem está aí com você?
- Meu amigo Freddie! — Ele revirou os olhos e eu quis rir.
- Melina não sei o porquê me esconde tanto a sua vida, não é porque casei que esqueci você!
- Pai, o senhor sabe muito bem o porque eu me escondo! A Wanda não gosta de mim, okay? E eu vou desligar, qualquer notícia da vovó, ligue para o Metropolitan Daniel's e quarto 20.
- Tá certo, de notícias! E... Eu te amo, filhota. — Um nó na minha garganta foi o suficiente para a minha voz falhar.
- Tá, pai! Boa tarde!!. — Coloquei o telefone no gancho e eu limpei minhas lágrimas que estavam presa aos meus olhos.
Freddie estava calado com um pequeno ramalhete de 5 margaridas nas mãos e eu não sabia como começar o assunto.
- Brian me ligou, pediu para que eu viesse aqui com você! — Agora tudo fazia sentido.
- E?
Ele levantou-se e me entregou as flores que fez meu rosto ficar ruborizado. Ele me deu um beijo na minha testa e eu quis derreter de vergonha.
- Eu te amo muito, Melina! Muito! Mas eu já vi que não posso competir com um cara que é mais fodão que eu e...
- Primeiro: Ele pode ser o cara que eu gosto, mas eu não quero que você se diminua a ele.
- Admito que eu fiquei com ciúme hoje mais cedo e eu vim me desculpar pela a minha atitude.
- Freddie, eu amo você entende e eu quero que você compreenda que é ele que está comigo.
- Eu sei, vai ser difícil me acostumar, sinceramente.
- Eu só quero que você aceite, pode ser ? É difícil?
- Desculpa, ok?
- Você está desculpado, ok?
Ele riu e deixou cair uma lágrima do seu olho direito. As margaridas eram lindas e bem perfumadas.
- Liguei para John e Roger explicando o que houve com você e eles vão retornar a Londres.
- Não acredito, Freddie! Acabou com a viagem dos meninos. — passei a mão na testa de preocupação.
— Relaxa, my darling! Roger precisava mesmo voltar, a sua mãe e sua irmã precisam dele e John ele vem com a Veronica mesmo.
- E Dominique? Vai ficar sozinha em Paris?
- Ela vem com a nossa loirinha, ela também precisa conhecer a sogra não é mesmo?
Eu ri um pouco e eu estava um pouco preocupada com minha avó. Aquele sonho que tive com ela não me saia da cabeça e eu tinha medo dela morrer e eu não estar perto como deveria estar.
- Freddie minha avó está doente. — Comecei a chorar desesperada e ele me abraçou forte.
- Oh darling, sinto muito!
- Freddie se ela morrer eu morro junto!!
Minhas lágrimas eram grossas e quentes. De repente várias coisas que passei com minha avó iam passando em minha cabeça e era aí mesmo que eu chorava muito.
- Ela vai ficar boa, darling!
- Eu-eu só-so quero que e-e-ela se recupe logo, Freddie. — Meus soluços eram fortes e eu quase nem conseguia falar. Sentia a aquela dormência de novo e as luzes foram se apagando e daí tudo se fechou novamente.
...
Acordei com o Freddie segurando minha mão e ele parecia assustado.
- Freddie... Que houve? — Tinha um borrão na minha cabeça que não lembrava de algumas coisas.
- Você desmaiou, darling! E daí o médico mandou que eu esperasse você acordar. Você ainda nao está 100%.
- Eu preciso visitar a minha avó, Freddie! Preciso!
- Eu sei, darling! Eu sei! Mas você tem que melhorar daqui, certo ?
Assenti a cabeça e a moça da copa trouxe uma bandeja com sopa de legumes em um prato fundo.
- Sopa de legumes para você ficar forte e de sobremesa uma gelatina de morango. — Disse ela sorrindo e me servindo. Meu estômago estava roncando de fome, mas só pelo cheiro da sopa, perdi totalmente a vontade de comer.
A porta abriu e de lá saiu o Brian com dois livros e uma pasta em sua mão.
- Parece que cheguei em uma boa hora, hein!
- A hora do jantar! Bom apetite. — Disse ela e saiu do quarto.
- Não gosto de sopa de legumes. — Brian deu um beijo em minha testa e depois cumprimentou Freddie que estava sentado numa cadeira ao lado de minha cama.
- Melina você precisa se alimentar, ontem você não quis comer e hoje você só tomou um copo de leite pois fui eu que comprei.
- E os sanduíches que comprei mais cedo? — Perguntou Freddie.
- Eu dei ao Brian pois eu não estava com fome. — Revirei os olhos e eu não queria tomar essa sopa.
- Meu amor você precisa comer. — Ele pegou uma colherada e fez tipo aviãozinho para mim e eu fechei a boca.
- Me deixem em paz, por favor! Deixa que eu como a gelatina, okay?
Freddie e Brian bufaram de reprovação e a gelatina tinha um gosto ruim. Parecia comida light.
- Você já se acertaram? — Coloquei o copinho de volta na bandeja.
- Já entendi que ele é o seu amado, Melina! — Brian passava a mão no queixo e eu tive vontade de gravar as palavras de Freddie. — Só não quero que ele te machuque aí eu vou ter que pôr em prática o que aprendi no colégio interno.
Revirei os olhos e Brian de braços cruzados não falava nada apenas ria.
- Violência não leva a nada, Freddie! — Disse finalmente Brian. — Tenho que dar aulas para você, Mel! No hospital mesmo, levei sua papelada para a coordenadora e ela me orientou isso.
- E eu fico aonde ? — Perguntou Freddie.
- Se me prometer ficar caladinho e quieto. — Brian disse sério e Freddie se sentou no sofá pegando umas revistas velhas que estam ali mesmo.
- Vou ficar na minha, ok?
Brian me deu uma folha de papel A4 com algumas fórmulas e ele tirou o prato de sopa e deixando apenas a bandeja. Lembrei dos módulos e algumas fórmulas ficaram até um pouco mais fácil de eu entender.
- Irei te explicar um pouco, okay?
- Ok.
... Duas horas depois ...
Minha cabeça estava doendo e eu já estava ficando estressada de tanto ficar deitada, queria me movimentar, correr e sentir um pouco o sol contra a minha face. Freddie havia saído um pouco para fumar um cigarro e Brian estava lendo algum livro de Carl Sagan de capa azul. Que tédio.
...
Levantei um pouco com cuidado pois eu precisava muito de um banho.
- Que foi? — Perguntou Brian.
- Eu preciso de um banho, Brian!
- Vem que eu ajudo você, meu bem.
Brian pacientemente me ajudava a sair da cama e daí ele achou graça do nada.
- Que foi?
- Essa túnica hospitalar é ridícula, o seu bumbum todo de fora. — A cara dele rindo era uma coisa de outro mundo. Eu amava o seu sorriso.
No banheiro ele me ajudava a tirar a minha túnica e logo após ligou o chuveiro. A água quente diretamente ao meu rosto recarregou as minhas energias e parecia que fazia tempos que não tomava um bom banho.
Me ensaboava com um sabonete do cheiro estranho de erva-doce que o hospital fornecera a mim e eu simplesmente tive que aceitar. Olhei para Brian e ele me observava que nem um menino curioso, me senti envergonhada para ser honesta.
- Que foi, Bri?
- Na-nada não.
Sua calça salientava uma ereção e eu achei graça daquela situação e acho que ele não tinha percebido que já tinha olhado para ele .
— Bri, acabei! — Desliguei o chuveiro e ele me entregou a toalha de banho e eu fui me secando devagar.
-Quando sair daqui, você quer comer algo?
- Tô sem apetite, amor! — Ele deu um sorriso e beijou próximo ao meu ouvido.
- Você precisa se alimentar, baby! Eu tô falando isso para seu bem!
- Acontece que não tô com fome, não agora.
- Você que sabe, Mel!
Eu o beijei e a sua língua invadia a minha boca que procurava a minha. Se separamos do beijo e voltamos para o quarto e Freddie assistia televisão.
- Freddie você trouxe roupa para mim?
- Como não tinha a chave do seu apê eu trouxe duas camisas minhas e uma calça moletom.
- Serve então!
Freddie me deu uma camiseta dele do Superman junto com a calça de moletom cinza e voltei para o banheiro para me trocar. Brian ficou assistindo televisão com Freddie.
Após me vestir me deu uma fraqueza muito grande pois o meu único alimento no dia fora um copo de leite e agora estava vindo as consequências da minha irresponsabilidade e mais uma vez senti uma tontura ao girar a maçaneta. Desmaiei fazendo barulho no quarto.
...

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