45° Só Falta Chover Pedras.

347 41 9
                                    

Se passaram seis semanas e dois dias, Thaís está contando? Não, imagina. Por que ela faria isso?

Talvez porque ter chamado o Murilo de canalha seja seu maior arrependimento. Bom hoje é uma manhã de sábado, desde que toda aquela confusão aconteceu, Thaís praticamente não come, suas palavras só são trocadas em cena, ou seja, na emissora. Todos a estranham, sua alegria e a aparência serena desaparecerá. Como pode?

Murilo e ela nunca mais se falaram, nem um sequer "Oi!". Suas roupas passaram de vestidos, shorts e saias coloridas, para calças pretas e moletons da mesma cor.

Vendo a chuva cair, Thaís se perde em meio a tempestade fora e dentro, uma em seu coração e pensamentos, e outra que a dias não para mais sobre outro lugar, apenas sobre seu teto. Paloma cogitou voltar a São Paulo, pois a mesma já havia encerrado seu trabalho na cidade, e só veio saber sobre a situação deplorável de sua amiga, por meio de Dani e Leticia.

E sabe o que aconteceu para piorar a situação? Deixe que Thaís os mostre, pois essa memória cruel enciste em voltar, cada gota de chuva, representa uma possa de lágrimas que ela derramou. Por que seus pensamentos a machucam tanto? Talvez porque no momento que ocorreu ela tenha machucado muito mais aquele que a amava e entregava sorrisos em meio a tristeza. Onde está o motivo do sofrimento e também o único que, um dia a de fazê-la sorrir novamente, esperamos.

POV Thaís.

É sempre a mesma coisa, e quando acho que aquela memória horrível vai desaparecer, levo outro tapa na cara do mundo dizendo que errei ao dizer aquelas frias palavras. Eu senti meu coração gelar quando o vi virar de costas e subir aquelas escadas, não por tristeza de tê-lo perdido, mas sim, por sentir que me transformei em um verdadeiro monstro.

Aquele dia, aquele fatídico dia no hotel, eu e Murilo descíamos a escadas com raiva, o pesar de nossos pés faziam um barulho alto, e todos que o ouviram, junto aos nossos gritos, tiveram certeza que de lá sairia uma tragédia o que de fato aconteceu. Eu chamei-o de canalha, como pude? Murilo é um anjo e eu não enxerguei o presente que tinha, escorrer por meus dedos. Quando ele se virou e subiu as escadas com um ar de decepção, não adiantaram meus gritos, meu implorar de perdão.

Seu delicado e de vidro, coração, senti que, literalmente, o derrubei de minha mão.

Me ajoelhei, sem gritos, sem manifestações. Puis a mão no rosto e comecei a chorar. Se houvesse alguém que contasse as minhas salgadas lágrimas, poderiam com certeza encher uma piscina. Minha roupa se encharcou e a vergonha aumentou, vi flashs e risadas, homens com microfones na mão. Me levantei rápido e sai correndo entrei no carro e todos me perseguiram assim que consegui o manobrei e fui embora sem qualquer atenção.

Hoje, dia primeiro de novembro, posso ter ganhado até um novo apelido nas redes sociais, Mulher Combustão. Por quê? Por que o ser humano é ruim, viram minha tristeza e virei piada e esse apelido é porque, admito, ando sentimental e de pavio curto, não me irrite, não me julgue, não me incomode, não me atrapalhe, NÃO fale comigo. Exato, esse é o resultado da minha triste solidão.

Além do Profissional.Where stories live. Discover now