Capítulo 13: Ameaça

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     - Sabe Elena...
     Eldon andava de um lado para o outro do pequeno porão, fazendo gestos com a faca que segurava enquanto falava.
     - Até que os anos que eu passei naquela prisão me serviram para alguma coisa. Tive tempo o suficiente para planejar como seria a minha vingança. E pode acreditar... essa será a melhor vingança. - concluiu.
     - Olha, já chega, tá?! A brincadeira acabou. Agora me solta, me deixa ir embora. Já deu! - eu gritava, como uma ordem.
     - Pelo contrário, querida. A brincadeira acabou de começar. - ele disse, sorrindo.
     - Olha, eu não sei o que você quer, qual é o seu problema ou qual é a sua intenção fazendo isso comigo. Mas é melhor você parar e me tirar daqui agora, senão... - eu exclamava, fazendo a cara mais séria que podia.
     - Senão o que? - ele provocou.
     - O meu namorado já está à caminho, ele vai chegar a qualquer momento. E quando ele ver o que você está fazendo comigo, ele vai... - menti.
     - Ah... você tem um namoradinho, é? - ele perguntou, debochando. - E aí, me diz, ele gosta mesmo de você? Porque você tem uma boca muito sexy! - ele disse, passando a faca pela minha boca e mordendo os lábios em seguida. - Vai, manda ele vir então. Quer ligar para ele? - perguntou, com aquela cara de deboche. - O que? Achou que eu ia ter medo? Manda ele vir que eu estou esperando. Tenho uma surpresinha para ele. - ele sorriu. - Acho que ele vai adorar ver você aqui. - disse por fim, rindo e sentando em uma cadeira à minha frente.
     Eu permaneci séria e calada, nessa hora não sabia o que responder. Com certeza ele sabia que eu estava mentindo. Mas eu tinha que enrolá-lo, eu precisava ganhar tempo. Ele me encarava com os braços cruzados, esperando uma resposta. E eu continuei ali, sem dizer nada, então ele se pronunciou:
     - Fala sério, Elena. Não precisa mentir. Eu sei muito bem que você não tem namorado nenhum.
     Droga, eu suspirei fundo.
     - Como eu imaginei. - ele disse, levantando. - Você acha que eu sou burro? Achou mesmo que ia conseguir me enganar com uma mentira tão estúpida como essa? - ele perguntou, dando uma gargalhada.
     Eu ouvia calada.
     - Ah... - ele disse, recuperando o fôlego - Acho que a única burra aqui é você. Esse tempo todo você pensando que estava me enganando, me enrolando ou sei lá como você chama isso. Mas na verdade era eu que estava brincando com você esse tempo todo. E você... você caiu direitinho. Hahahahaha - ele soltou uma risada. - Foi tão divertido ver você se fazendo de séria, mas na verdade estava morrendo de medo, eu senti isso. Você achou que eu não tinha percebido quando você pegou seu celular escondido e me disse que ia até o banheiro, mas na verdade foi ligar para o seu pai? Ou que eu não vi quando você pegou a faca que estava no balcão da cozinha? - ele ergueu a faca, me mostrando.
     Ele tem razão, como eu sou burra. É claro que ele me revistou enquanto eu estava desmaiada e pegou a faca. Droga, eu poderia cortar essa maldita corda se a faca estivesse comigo.
     - Desgraçado! - eu disse, as lágrimas voltando.
     - Você achou que eu não ia perceber que tinha uma faca faltando no porta facas? - ele pausou. - Quem abre a porta para uma pessoa estranha a noite, com assassino solto por aí e com o toque de recolher anunciado por toda a cidade? Só uma pessoa muito burra. - ele olhou fixamente para mim, vendo a minha reação. - Elena... você é muito burra mesmo. Ingênua!
     - E você é um louco, maldito, desgraçado, filho da pu... - fui interrompida com o barulho do toque de uma música.
     Reconheci rapidamente esse toque, era o toque de chamadas do meu celular. Virei a cabeça procurando de onde vinha o som e, ao passar o olhar na mesa - no canto do porão - avistei ele ali, o meu celular, em cima da mesa.
     Quem estava ligando?
     - Olha só quem está ligando. Seu paizinho, Afonso. Você vai atender e vai falar com ele, mas antes... - ele tira o revólver que estava no cós de sua calça e aponta para minha cabeça. - Você não vai dizer uma palavra, ouviu?
     Eu concordei com a cabeça e então ele atendeu a ligação e colocou o celular no meu ouvido o segurando - a arma apontada sobre a minha cabeça.
     - Oi, filha. - ouvi a voz protetora do meu pai, senti um aperto muito forte no meu coração. - Querida, está tudo bem? Eu acho que a nossa ligação caiu, eu perdi o contato e não consegui mais retornar. Como estão as coisas por aí?
     - Oi, pai. - respondi com a voz chorona.
     - Filha, você está chorando? O que aconteceu? Você está bem mesmo? - ele perguntou preocupado.
     - Não, pai. Não se preocupe. É só uma dor de cabeça muito forte que não quer passar. Mas eu estou bem. - menti.
     A vontade de contar a verdade gritava dentro de mim, mas eu não podia. Aquela arma poderia disparar a qualquer momento.
     - Meu Deus, querida. Você já tomou um remédio?
     - Sim pai, acabei de tomar. - respondi.
     - Olha, sua mãe e eu já estamos indo. É melhor nós voltarmos. - ele indagou, ainda preocupado.
     - Não, pai. Eu estou bem, é sério. Não quero atrapalhar a sua noite com a mamãe. Podem aproveitar bem.
     - Você não vai atrapalhar, filha. Nós vamos volt... - o interrompi.
     - Não! Não será preciso, pai. Já está passando.
     - Tem certeza, Elena?
     - Sim, pai. Não se preocupe.
     - Tudo bem, filha. Mas qualquer coisa não deixe de nos ligar. Ah... Elena, o que tem a tal encomenda?
     Senti a arma mais pressionada sobra a minha cabeça.
     - Não era nada importante, pai. Depois conversamos sobre isso.
     - Está bem, querida. Tchau!
     - Tchau, pai.
     E a ligação encerrou.
     - Boa menina. - Eldon disse.
     - O que você pretende com tudo isso? - perguntei, enfim, soltando todas as lágrimas que estavam presas.

Continua...

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Notas da autora:

     Olá, pessoal. Tudo bem com vocês? Peço mil desculpas pela demora para postar o capítulo, vou tentar ser mais rápida, prometo. Espero que tenham gostado desse capítulo. Votem e comentem o que acharam. Quero muito saber.
     Vocês devem estar se perguntando: "Onde está o Dean?". Em breve vocês lerão capítulos narrados por ele, aí vocês irão entender tudo direitinho, okay? Não se esqueçam de votar.

Até o próximo capítulo!

Sozinha Com Um Psicopata Where stories live. Discover now