Capítulo 17: A dor [narrado por Elena]

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     Eldon disse:
     - Vamos começar!
     Sem reação eu fico paralisada e não digo nada, tentando raciocinar o que ele estava prestes a fazer.
     Ele se aproxima de mim com a faca na mão e faz um corte profundo no meu braço, um pouco abaixo do ombro. Ao sentir a lâmina me cortando, dou um grito cheio de dor e desespero. Em seguida, sinto o sangue quente escorrer pelo meu braço.
     - Não, por favor. Para com isso! - eu dizia.
     - Isso, eu quero ver você implorando. - ele disse.
     Ele olhava para o meu braço coberto de sangue e esboçava um sorriso imenso. Certamente ele estava sentindo prazer em me machucar.
     - Você é um psi... - ele me interrompeu completando:
     - Psicopata?! Sim, eu sou. E amo isso, adoro ver o desespero das pessoas quando eu corto a carne delas bem devagar. Ah, eu nasci para isso. - ele disse, demonstrando orgulho.
     - Seu miserável, filho da...
     Sinto mais um soco, agora no lado esquerdo do meu rosto, deixando um dente meu mole. Em seguida mais um, enfim, sentindo que meu dente havia se quebrado. A dor era insuportável e eu gritei, com os olhos lacrimejando.
     Cuspi sangue no chão junto com o pedaço quebrado do meu dente.
     - Cada vez que você gritar vai receber mais um soco, ouviu? - ele perguntou, segurando o meu rosto. - Vamos continuar.
     Eu me encolhi naquela cadeira, com medo. Ele foi até a mesa e pegou um soco inglês prateado, o ajustando perfeitamente em seus dedos. Depois voltou para onde estava - na minha frente.
     - O que você acha de deixar esse rostinho tão lindo mais lindo ainda, hein? - ele perguntou, passando a mão pelo meu rosto. - O que você me diz?
     - N-não... p-por favor. - eu gaguejava.
     Então ele passou a faca pela minha bochecha, deixando um corte bem exposto.
     Eu não consegui ficar calada, seria impossível não soltar um grito sentindo alguém cortar a sua pele bem lentamente. E foi o que eu fiz, gritei, deixando todas as lágrimas molharem o meu rosto.
     Eldon fechou a mão segurando firme o soco inglês. Levantou seu braço e deu mais um soco em meu rosto, bem em cima do corte, deixando-o mais aberto.
     - O que eu disse sobre gritar, hein? Seu pai não te ensinou a ser forte? - ele perguntou, debochando.
     É claro que ensinou!
     - Aliás, o que um assassino como o Afonso poderia ensinar de bom a alguém, não é? Apenas... - eu o interrompi antes que ele pudesse continuar.
     - Não fale assim do meu pai, ele é um homem bom. Não um assassino como você. - falei.
     Pelo menos era isso que eu queria acreditar.
     Eldon soltou uma longa gargalhada e disse:
     - Está defendendo ele? Acho melhor não. Essa faca aqui pode fazer um péssimo estrago nesse seu pescoço. Não se esqueça que é por culpa dele que você está aqui.
     Ele tinha um olhar amargo, cheio de raiva. Eu já estava começando a me sentir fraca, o sangue escorrido já tinha manchado a minha roupa. Eu me debatia sobre aquela cadeira tentando me soltar - mesmo sabendo que seria inútil - mas a cadeira nem se mexia, acho que ela estava presa ao chão.
     - Não se preocupe, essa cadeira está bem presa ao chão. Você pode fazer o que você quiser, ela não vai sair do lugar. - ele disse, parecia que tinha ouvido o meu pensamento.
     - Já chega, para com isso. - eu chorava.
     - Eu não posso parar, isso está tão divertido. O que nós vamos fazer agora? Deixa eu pensar.
     Ele se abaixou e pegou na minha mão que estava amarrada no braço da cadeira, ele a acariciou tocando todos os meus dedos.
     - Você tem uma mão tão macia... delicada. - ele disse.
     Eu apenas ouvia.
     - Escolha um dedo. - ele disse, insano.
     - O que? O que você vai fazer? - perguntei com medo.
     - Esse? - ele perguntou, segurando firme o meu dedo indicador.
     - N-não, não faz isso. P-por favor. - comecei a implorar novamente.
     Eldon então virou o meu dedo para o lado, o quebrando. Eu ouvi o osso estalar e aquela maldita dor novamente surgir.
     - ARGHHHH! - gritei desesperadamente.
     - E agora, qual dedo você escolhe?
     A dor foi tanta que eu só consegui entender o que ele tinha perguntado quando senti meu outro dedo se quebrando. Meu grito saiu mais como um gemido, um gemido estridente, cheio de dor e sofrimento. Ele se levantou, intimidador, fazendo eu me sentir pequena e indefesa.
     Pegou a faca e continuou com o seu trabalho, abrindo vários sulcos pelos meus braços. A cada corte ele trocava de faca, pegando sempre uma faca com uma lâmina mais fina e afiada. Ele traçava os cortes pelo meu corpo com total calma e tranquilidade como se eu fosse a tela da sua grande obra de arte e a faca fosse o seu pincel, traçando linhas perfeitas por todo o meu corpo.
     Eu tentava controlar a minha dor sabendo o que aconteceria se eu gritasse. Mas eu não conseguia, era impossível. Ele posicionou a faca em cima da minha coxa, perto da virilha, e desceu até o meu joelho em linha reta. Sorriu e cravou a faca mais fundo na minha perna me fazendo arranhar a cadeira.
     O suor escorria pelas minhas costas e a dor me fez urinar. A sensação de vergonha e humilhação me invadiu ao ouvir o barulho da minha própria urina escorrendo da cadeira até chegar ao chão. E ele me viu urinar, dando aquele mesmo sorriso doentio.
     - Sabe... eu podia apenas ter cortado a sua garganta assim como eu faço com todas as minhas vítimas e acabar com isso logo de uma vez. Mas você... você é especial, você merece mais do que isso. Sinta-se importante. - ele disse, dando duas batidinhas no meu rosto e sorrindo cinicamente como se isso fosse fazer eu me sentir melhor.
     - Vá para o inferno! - mesmo fraca eu disse.
     - Nossa, quanta grosseria. Acho que você precisa de uma lição. - indagou.
     Eu o olhei com ódio.
     Ele caminhou até a mesa e começou a mexer em tudo. Estava procurando alguma coisa.
     - Encontrei. - ele disse, erguendo um alicate para que eu pudesse ver.
     Andou novamente em minha direção, dizendo:
     - Adoro esse brinquedinho. Ele pode extrair desde um dente até uma simples unha. E falando em unha...
     Ele se abaixou lentamente e segurou o meu pé direito aproximando o alicate. Eu tentava de todo jeito fazer o meu pé se afastar, mas não conseguia. Aliás, os meus pés estavam amarrados na cadeira o que não me ajudava muito, na verdade nem um pouco.
     Ele conseguiu prender a minha unha do dedão no alicate e a arrancou me fazendo urrar de dor. Em seguida, extraiu o restante das minhas unhas dos pés, deixando apenas a carne no vivo. A dor de ter uma unha arrancada parece tão benigna mas na verdade é uma das piores dores, principalmente em circunstâncias como a minha.
     - E agora, prendeu a lição ou quer mais? - perguntou.
     Eu o encarei ofegante e disse com toda a minha raiva:
     - VÁ-PARA-O-INFERNO!
     - Tudo bem. - ele sorriu.
     Ele colocou a sua mão atrás do meu joelho, procurando por alguma veia.
     - Aqui. - ele disse, apertando.
     Era o tendão do meu joelho.
     Ele pegou a faca e cortou o meu tendão, fazendo o meu sangue jorrar e me fazendo questionar sobre como eu andaria depois disso, se houver depois...
     Cansada demais a fraca pela perda de sangue, senti meu corpo perdendo a força e a minha visão começando a falhar. Tendo Eldon se afastando como a última visão antes de tudo escurecer.

Continua...

Sozinha Com Um Psicopata Où les histoires vivent. Découvrez maintenant